Uma barca desviada pra Chapecó

A tragédia envolvendo o voo da equipe da Chapecoense mudou a agenda desportiva e midiática nacional subitamente. Como deveria ser, a perplexidade se alastrou e, felizmente, muitas iniciativas solidárias já foram tomadas. Nesses momentos conhecemos o lado mais frágil e mais solidário do ser humano.

Uma das muitas ajudas difundidas entre clubes foi o empréstimo de jogadores para a reconstrução do elenco de Chapecó, passado este momento de comoção e de prestação de condolências às famílias e às vítimas. Cá entre nós, ninguém realmente fez listas de possíveis jogadores disponíveis, pensando antes nofim do que nomeio. Vamos fazê-lo, mas como?

Pensando um pouco mais no papel do Flamengo neste empréstimo em massa, imaginei quais jogadores disponibilizaríamos para os catarinenses. E logo me questionei: seria possível emprestar algum jogador que tenha importância para o elenco? A resposta é provavelmente negativa.

A verdade é que os futuros jogadores da Chapecoense seriam exatamente os que integrariam as barcas dos clubes brasileiros. Podem apostar por aí que a lista rubro-negra envolveria Lucas Mugni, Nixon, Paulinho, Luiz Antônio e outros jogadores sem perspectivas na Gávea. Ou alguém acredita que um titular seria disponibilizado? Ou um reserva de frequente utilização?

E, mais adiante, temo ainda que a maldade presente em muitos busque se aproveitar dessa grande vitrine para expor seus jogadores encostados. Por mais que eu espere sempre a bondade humana, há sempre certos cartolas de alta vaidade que não se sensibilizam tão facilmente.

Portanto, meus amigos, peço muita ponderação na hora de efetuar toda essa ajuda prometida à Chapecoense. Ressalto que ela é fundamental, mas deve ser muito bem formulada. Poderíamos oferecer jogadores de bom nível de competitividade, como Canteros, Léo Duarte e Adryan. Ou ainda renovar o contrato de Sheik por mais um ano e emprestá-lo por esse período. Oportunidades não faltam, desde que o respeito seja mantido.

Antes de mais nada, vamos fechar com carinho o grande momento de dor vivido, respeitosamente enterrando os corpos. Por menos egoísmo, pelo bem do futebol brasileiro e pelo bem aos envolvidos com a Chapecoense, passado esse difícil processo, precisamos mais do que nunca de boas atitudes. E boas atitudes de verdade.

#ForçaChape

Rodrigo Coli

[email protected]

Fonte: http://colunadoflamengo.com/2016/12/uma-barca-desviada-pra-chapeco/

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