Vaz lamenta racismo e reage a vaias: “Opinião de fora não atinge nada”

Os últimos dias de Rafael Vaz não têm sido nada fáceis. Mal na derrota para Universidad Católica – por 1 a 0 -, no último dia 15, foi eleito como o novo vilão do Flamengo nas redes sociais, onde, inclusive, sofreu injúrias raciais. Não bastasse isso, na véspera da viagem para o Chile, Raphaella, sua única filha, foi internada com princípio de pneumonia, situação revelada por Leandro Damião (confira no final da matéria).

Nesta quarta-feira, antes e durante a vitória por 3 a 0 sobre o Bangu, em Volta Redonda, foi vaiado e xingado. Aliás, desde o momento em que a equipe entrou em campo para fazer seu aquecimento. Vaz garante não ligar e promete tirar mais motivação de tal situação.

– Para mim entrou num ouvido e saiu no outro. Cada vez que eles gritarem, mais eu vou querer jogar. Isso para mim é o que importa. Opinião de fora não atinge em nada, o que importa é que o treinador confia em mim, e estou tentando mostrar meu melhor futebol.

“Ainda bem que minha filha não sabe ler”

Sobre as ofensas racistas sofridas na última quinta-feira em seu Instagram, Vaz mais uma vez garantiu desligar-se quanto a isso individualmente, mas lamentou que o comportamento leve tristeza à esposa, Roberta. Revelou “alívio” por Raphaella ter apenas 1 ano, completo em outubro passado.

– É complicado, cara. Quando falam isso a gente fica mais chateado por causa da minha família, esposa e filha, que, graças a Deus, ainda não sabe ler e não entende. Mas dessas pessoas maldosas Deus vai tomar conta, prefiro nem falar nada. É ter a cabeça no lugar, a minha responsabilidade. Isso não vai interferir no meu dia a dia nem no da minha família, o importante é estar podendo ajudar o Flamengo sempre.

“Dois ou três babacas”

Vaz negou mágoa com a torcida do Flamengo e julgou sofrer uma perseguição mais isolada de pessoas que tratou como “dois ou três babacas”

– É um ou outro, nem um terço da torcida que está falando isso. Estou bem tranquilo, a grande parte da torcida me deu apoio, força. Isso que vale. Esses dois ou três babacas vão pagar.

No dia posterior às ofensas sofridas por Rafael Vaz, grande parte dos jogadores do Flamengo postou a seguinte mensagem: “O racismo é inadmissível e intolerável. Vaz, estamos com você. Sou negro. Sou vermelho. Sou Flamengo. #SomosIguais”.

Ao comemorar o segundo gol rubro-negro sobre o Bangu, Damião brincou com um golpe do game “Street Fighter” e depois disparou na direção de Vaz, apontou para o amigo, gritou “É ele, é ele”, e o abraçou com força (veja abaixo).

– Isso só demonstrou que nosso grupo está bem unido. Fico feliz dos meus parceiros estarem comprando essa briga comigo. Estou bem tranquilo, agora é descansar e procurar fazer o meu melhor futebol – celebrou Vaz.

Damião destaca entrega de Rafael Vaz

Ao explicar a dedicatória a Rafael Vaz, Leandro Damião revelou o problema de saúde que Raphaella apresentou na semana do duelo com a Católica, situação que o defensor preferiu não externar. Curiosamente, a maior parte das ofensas raciais aconteceu justamente numa foto em que Raphaella estava sozinha, postada pelo zagueiro no dia do jogo em Santiago.

– Abracei o (Rafael) Vaz porque aconteceram muitas coisas, a torcida às vezes pega no pé dele. Todo mundo entende que os jogadores dão o máximo, o Vaz é um. Ninguém sabe, mas nessa semana a filha dele estava internada, e o cara tem que jogar. Com a filha internada é complicado. Ele foi para o jogo, se deu ao máximo, deixou a filha com a esposa no hospital. É triste, o cara concentrado no jogo, a filha doente. Só quem é pai de família sabe dizer o que é.

Fonte: http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2017/03/vaz-lamenta-racismo-e-reage-vaias-opiniao-de-fora-nao-atinge-nada.html

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