Vice de finanças do Flamengo explica premiações do futebol e critica politização

O vice-presidente de finanças do Flamengo, Claudio Pracownik, emitiu uma carga aos sócios e conselheiros do Flamengo para explicar os pontos polêmicos da reunião do Conselho Deliberativo na última quinta-feira, em que houve questionamentos sobre as contas de 2017. Na ocasião, o assunto mais polêmico foi a premiação do futebol na temporada anterior, mesmo com os insucessos no campo. Foram pagos cerca de R$ 12 milhões em bonificações a elenco e comissão técnica.

“Essa questão em nada se
relaciona ao resultado desportivo presente do time do Flamengo que, claramente, está
muito abaixo do esperado. As premiações existem desde o início dos tempos. Seja por
partidas vencidas, por títulos conquistados, vagas em competições e, até em um
passado que teimamos em esquecer, para evitar o rebaixamento do time! Temos
pessoas se insurgindo com a premiação por uma vaga conquistada na Libertadores,
mas não as vi se insurgindo quando o valor era destinado a apagar um potencial
vexame maior, ou seja, o de mudar de série no Campeonato Brasileiro.
As premiações fazem parte vigente no orçamento de Futebol. Estão lá, e
foram aprovados pelos poderes competentes. A sua utilização, sistemática e critérios
para pagamento pertencem, como sempre pertenceram, ao Departamento de Futebol
do Clube que possui os poderes estatutários para tal gestão”, detalhou Pracownik.

No texto, o dirigente lamenta a politização do processo de aprovação de um balanço que ele classifica como “uma nação de milhões”. E lembra frase de Mácio Braga, ex-presidente do Flamengo, ao de forma cética ressaltar a guerra pelo poder no clube. “O Flamengo é um
destruidor de amizades!”

CONFIRA O TEXTO NA ÍNTEGRA

“Prezados amigos,

Motivações profissionais e, sobretudo, relacionadas a minha saúde
impediram-me de estar presente na reunião do Conselho Diretor que tratava da
Aprovação de Contas do exercício de 2017. Ainda estarei ausente do Clube e de
minhas obrigações até que esses impedimentos cessem e, no caso de entender que
eles não irão cessar com a brevidade necessária, irei me afastar em definitivo até que
possa estar em totais condições de prestar regularmente as atividades que me foram
honrosamente concedidas.
Em uma reunião em que deveríamos celebrar o melhor balanço financeiro
de todos os tempos de um Clube de Futebol no Brasil, as vaidades, ambições políticas
e o inegável impulso humano pela destruição protagonizaram o evento.

Uma mudança
de foco que, lamentavelmente, nos últimos anos, vem se repetindo.
Pior do que isso, ao invés de uma saudável discussão sobre temas
técnicos que acarretem em transparência e democratização da informação subiram ao
palco a truculência, a falta de educação e a covardia que só fazem barulho, mas em
nada acrescentam. Aonde o caos prospera, nada germina. A violência só interessa a
quem nada tem a contribuir porque não possui qualquer outro argumento que possa
validar suas posições.

O assunto previsto em Pauta na reunião eram tão somente a aprovação de
contas e a execução orçamentária. Em relação ao 1º item, o que deve ser julgado é
se os balanços financeiros divulgados refletem adequada e legalmente as entradas e
saídas financeiras do Clube. O 2º item visa entender se o orçamento aprovado pelo
Conselho de Administração do Clube foi devidamente cumprido. Qualquer outro
assunto diferente deste, por mais importante que seja, deve ser objeto de
questionamentos, respostas adequadas e transparentes e, se for o caso, de
instauração de procedimentos que visem apurar eventuais responsabilidades.
Os relatórios do Conselho Fiscal, das Comissões do Conselho Deliberativo
envolvidas, assim como o parecer do Auditor Independente, deixam claro, claríssimo
até que o balanço está tecnicamente perfeito e em consonância com a legislação
pertinente.

Um balanço sem ressalvas de mérito, publicado no Jornal mais importante
no meio econômico brasileiro, festejado por analistas e pela mídia especializada. Uma
“nação de milhões”, como o intitulamos.
A execução orçamentária já foi objeto inclusive de prestação de contas e
deliberação pelo Conselho de Administração do Clube. A gestão atual do Clube não só
o cumpriu, mas o superou em muito!
Estes são os dados e os fatos. Dúvidas, se existentes, tem a obrigação de
serem esclarecidas. Qualquer outra coisa diferente disto é matéria estranha aos
objetivos da reunião.

Mas, não pretendo me afastar dessas questões estranhas a pauta. Para
toda pergunta existem 02 aspectos a serem considerados: A motivação e o seu objeto.
Não irei questionar o objeto das questões suscitadas. Qualquer dúvida de boa-fé é
legitima e tem a obrigação de ser respondida. Mas quanto as motivações elas são
evidentes: Um ano eleitoral, pessoas em busca de migalhas de poder e movidas pela
vaidade para quem quanto pior, melhor. O interesse pessoal, em muitas dessas
pessoas, suplanta os reais interesses do CRF.
Soube de conselheiros (logicamente, sua minoria) querendo que o balanço
fosse modificado para piorar seus resultados, obedecendo a novos critérios de
contabilização que só se tornam efetivos para o exercício seguinte ao de sua real
referência, ou seja, seria como recusar o título de campeão de um torneio porque
pelas regras que irão vigorar no ano seguinte, o título não seria conquistado!
Conselheiros que alegaram que o balanço estaria maquiado, imputando
um crime aos profissionais e Gestores envolvidos em sua feitura. Talvez esses
mesmos conselheiros pudessem responder como é que com toda essa maquiagem o
CRF passou o ano de 2017 tomando menos empréstimos e investindo mais do que o
previsto em seu orçamento. Para que esse delírio fosse real, além de forjar um
balanço, também deveríamos emitir papel moeda!

Mas existe a questão da premiação do Futebol. Essa questão em nada se
relaciona ao resultado desportivo presente do time do Flamengo que, claramente, está
muito abaixo do esperado. As premiações existem desde o início dos tempos. Seja por
partidas vencidas, por títulos conquistados, vagas em competições e, até em um
passado que teimamos em esquecer, para evitar o rebaixamento do time! Temos
pessoas se insurgindo com a premiação por uma vaga conquistada na Libertadores,
mas não as vi se insurgindo quando o valor era destinado a apagar um potencial
vexame maior, ou seja, o de mudar de série no Campeonato Brasileiro.
As premiações fazem parte vigente no orçamento de Futebol. Estão lá, e
foram aprovados pelos poderes competentes. A sua utilização, sistemática e critérios
para pagamento pertencem, como sempre pertenceram, ao Departamento de Futebol
do Clube que possui os poderes estatutários para tal gestão. Concordar o não com
estes critérios, é subjetivo, acusa-los de ilegais, é calunioso!

O Futebol vai mal, mas isso não deveria servir de estopim para trazer à
tona um verdadeiro complexo de vira-lata, aonde as outras áreas do Clube que
possuem extraordinários resultados sejam contaminadas e trazidas para o mesmo
degrau. Não basta para essas pessoas, que o futebol vá mal. Tudo tem que ir muito
mal. Assim, no meio do caos e do barulho, ninguém se lembrará de perguntar a essas
mesmas pessoas, o que estão buscando, o que as motiva e o que realmente querem.
O que mais me deixa triste e perceber que o Flamengo não deixa de lado
essa sua personalidade autofágica que se aflora ainda mais em anos de eleição. Não
chegaremos aonde merecemos, porque quando chegarmos lá, buscaremos alguma
razão para ser infelizes.
A frase de Jayme de Carvalho lapidada em nosso ginásio diz “Aonde
Encontrares um Flamengo, encontrarás um amigo”. Eram outros tempos. Hoje a frase
de nosso ex-presidente Marcio Braga, faz muito mais sentido: O Flamengo é um
destruidor de amizades!
Com um abraço rubro-negro,
Claudio Pracownik”.

Fonte: https://oglobo.globo.com/esportes/flamengo/vice-de-financas-do-flamengo-explica-premiacoes-do-futebol-critica-politizacao-22638029

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