Videogame, celular? Popoca “quebra” garotada do sub-20 do Fla na resenha

“Eu falo para caramba”. A simpatia está no sorriso e no
jeitão de Augilmar Silva Oliveira. Mas é bem mais simples chamá-lo de Gilmar Popoca, técnico do time que estreia nesta quarta-feira contra o Central de Caruaru (PE), às 21h, em São Caetano (SP). O
manaura de 52 anos assumiu o time com a promoção de Zé Ricardo para o
profissional. Destaque na carreira de base – campeão sul-americano e mundial, medalha de prata em Los Angeles -, Popoca não teve o mesmo brilho como profissional. Também por isso é o espelho vivo para a
garotada do Flamengo.

No profissional, Popoca também conquistou títulos e teve
carreira relevante. Mas ele mesmo fala, sem qualquer constrangimento, disfarce
ou negação.

– Eu digo para eles que poderia ter ido muito mais longe do
que fui se não cometesse alguns erros – afirmou Gilmar, na véspera da partida
da estreia na Copinha.

De personalidade forte, mais extrovertido, bem diferente do
antecessor Zé Ricardo, Popoca vive verdadeiro choque de gerações com os garotos
que comanda desde o sub-13 no Flamengo. No meio de contratos algos na base, videogames
de última geração nos quartos da concentração, conversas de Whatsapp a torto e
a direito, Gilmar se diverte e tenta passar uma onda old school para seus
comandados.

– Na minha época você ralava
para fazer um contratinho. Era complicado. O garoto hoje de 17 anos já tem um
contrato, já recebe um valor que dá para ele até se manter fora do clube. Nisso
a diferença é muito grande. Fora isso, a convivência mudou muito. Antigamente
havia a concentração, onde você trocava figurinhas, fazia resenha, fazia aquele
bate-bola entre os amigos, hoje é esse negócio de Playstation, aquele negócio
de celular, Whatsapp, às vezes o cara está na frente do outro e está
conversando pelo Whatsapp. É um negócio de louco, mas eu quebro isso aí deles
(risos). Eu sou um cara que falo pra caramba, eu atropelo eles, eu puxo a resenha,
conto história – diverte-se o treinador do Flamengo sub-20.

Popoca quer o time do
Flamengo com a cara do Rubro-Negro que conheceu aos 15 anos, quando deixou
Manaus para o Rio de Janeiro aos 15 anos trazido por Claudio Coutinho. Isso
quer dizer futebol ofensivo, toque de bola, criatividade e muita movimentação.
Com alguns jogadores em primeiro ano de juniores, outros que completaram 16
anos em dezembro (caso de Lincoln), o treinador cobra bastante e lembra seu
início na carreira.

– Tive carreira muito legal. Depois do Flamengo
joguei no Santos, no São Paulo, no Botafogo, na Ponte Preta. Mas digo que poderia ter ido muito mais longe. Talvez tenha faltado um pouquinho
de equilíbrio. Sempre tive personalidade muito forte e às vezes o
confronto com as pessoas que têm o poder te leva a derrota. Falo sem vergonha nenhuma, conto minha
trajetória para que não sigam meu caminho. Se fui a uma Olimpíada, poderia
ter ido a uma Copa. A geração campeã em 1994 era
praticamente a minha geração. Romário, Bebeto, Dunga.. Nessas conversas, na resenha entre
amigos, mostro a hora que vai ter que esperar, que vai ter que ser reserva,
para esperar a oportunidade de entrar e não sair mais – relata o técnico do Flamengo.

Fonte: http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2017/01/videogame-celular-popoca-quebra-garotada-do-sub-20-do-fla-na-resenha.html

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