Zé Ricardo entre o Céu e o Inferno!

Há polêmica entre os rubro-negros sobre a capacidade de o jovem técnico Zé Ricardo emplacar na carreira e de levar o Mengão a voos mais altos.

Por meio de enquetes realizadas no Twitter (#EnquetesPeleRN), fica claro que os torcedores, em sua maioria, enxergam em Zé Ricardo um profissional promissor, cujos predicados levaram o inconstante time de Muricy à sua melhor campanha na era dos pontos corridos do Campeonato Brasileiro.

Outra parcela, expressiva, de aficionados pelo Flamengo critica a inexperiência de Zé Ricardo (que ele mesmo costuma admitir), bem como a sua insistência com jogadores medíocres no time titular, comum em 2016, em detrimento de gringos qualificados e da promissora garotada vinda da base. Também são recorrentes reclamações sobre alguns erros de escalação e nas substituições.

Como o exagero não é raro entre nós, rubro-negros, enquanto alguns elevam o Zé ao patamar de um futuro técnico para a Seleção Brasileira, outros o qualificam como retranqueiro, calmo demais e volúvel às pressões de um elenco tarimbado.

Mas, afinal, quem tem razão?

Na minha percepção, Zé Ricardo é, sem dúvida, um técnico estudioso e que sabe, com abordagens modernas, ministrar treinamentos eficazes, ganhando a confiança dos jogadores. Desde que assumiu o Flamengo, nunca mais vimos um time desorganizado, sem padrão de jogo ou com buracos entre suas linhas.

Ademais, Zé Ricardo, por ser prata da casa, conhece as características do Clube e consegue administrar problemas corriqueiros sem maior alarde, obtendo comprometimento, cumplicidade e união do estrelado elenco atual, no que conta com o auxílio de sua comissão técnica, do veterano Juan e do ótimo Gerente Mozer.

Todavia, eu mesmo critiquei, no ano passado, o excesso de utilização do esquema 4-3-3 (com raríssimas variações), a insistência com o limitado Márcio Araújo, em detrimento do bom Cuéllar, e a escalação constante de Gabriel (ou congêneres pouco inspirados), tirando espaço do Mancuello e dos jogadores da base, especialmente o Adryan.

Talvez seja cedo para bater o martelo, mas assistindo os primeiros jogos de 2017, depois de uma pré-temporada no moderno CT Ninho do Urubu, totalmente monitorada e com intensos trabalhos, além da ótima contratação de Rômulo para proteger a zaga, parece estarmos diante de uma versão ascendente do Mengão de Zé Ricardo, sendo perceptível um time ainda mais coeso, amante da posse de bola e, o que é melhor, com variações táticas.

O time com Mancuello (ou com a iminente entrada de Conca) mostra menor profundidade, mas se torna mais efetivo na criação, nos chutes a gol e nas bolas paradas, ocupando com maior eficácia a região central do campo, já que Mancu, mesmo versátil e dedicando-se à marcação, não consegue se portar como um jogador nato de extremidade, sobretudo estando “torto”, de modo que recompõe várias vezes pela meia, como um auxiliar de Diego.

Com Berrío ou o reserva Gabriel (poderia ter chegado mais um), o Flamengo, em um desenho mais autêntico de 4-3-3, se torna um time bastante agudo, veloz e incisivo nos contra-ataques, além de obter mais eficiência no enfrentamento dos laterais adversários. Este último aspecto, de marcação reforçada, só se revelará útil quando o Mengão enfrentar times que tenham alas qualificados e insinuantes ofensivamente.

Evidencia-se, portanto, que Zé Ricardo está trabalhando dois formatos táticos capitais, que serão de extrema valia ao longo da temporada se utilizados de acordo com as características dos adversários, os quais deverão ser analisadas previamente, evitando surpresas, e das necessidades momentâneas que sobrevierem em cada jogo.

Superadas essas considerações, o grande desafio de Zé Ricardo será dar um padrão cada vez mais concentrado ao time, o que já tem cobrado dos jogadores, e, principalmente, mais aguerrido, pois vibração, fibra e valentia não são qualidades supérfluas no Mengão, além do que todas as competições mais relevantes deste ano estarão repletas de oponentes aplicados e ambiciosos, loucos para morder o Mais Querido do Brasil, agora com um elenco compatível com suas tradições.

Nesse sentido, alguns amigos cujas opiniões respeito bastante, acusaram uma falta de ímpeto do time na reta final do Brasileirão de 2016, com o que concordo em parte, dando um desconto, pois a temporada passada, sem um estádio fixo no Rio de Janeiro e com intermináveis viagens, retirou a oportunidade de descanso apropriado e de importantes sessões adicionais de treino, prejudicando a resistência e o desempenho físico do elenco.

Por fim, mormente em uma temporada longa e repletas de competições, os rubro-negros esperam que Zé Ricardo dê mais oportunidades e ritmo de jogo a atletas como Cuéllar, que almeja ter mais chances na Seleção da Colômbia, e o beque argentino Donatti, cujos gols, raça, liderança e desempenho nas bolas aéreas o tornaram destaque do Rosário Central na Libertadores de 2016. Além de qualificados, ambos são patrimônio do Clube e precisam ser valorizados.

Para bem ou para mal, a temporada 2017 será um marco na carreira de Zé Ricardo, pois, comandando o Clube mais popular do País, tem em mãos um elenco de ótimo nível e com opções em todas as posições, que realizou a pré-temporada em instalações próximas e modernas, estando prestes a ter uma casa, com jeito de decisivo alçapão, no Rio (Arena da Ilha).

Desta forma, a expectativa da massa rubro-negra é que Zé Ricardo, não obstante sua incipiência no futebol profissional, mostre-se alerta, corajoso e também maleável (não persistindo em possíveis escolhas errôneas), pois será muito cobrado pela exigente torcida, podendo chegar ao Céu dos títulos ou despencar para o Inferno.

A Nação quer o Céu! Sorte, Zé Ricardo! Contamos contigo! Avante, Mengão!

Fonte: http://colunadoflamengo.com/2017/02/ze-ricardo-entre-o-ceu-e-o-inferno/

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