Meia com passagens por grandes clubes como Internacional, Santos e Flamengo, Claiton foi um dos pioneiros no futebol brasileiro a usar tranças coloridas nos cabelos. O ex-jogador, que chegou a ganhar o apelido de “Predador”, em alusão ao filme, precisou quebrar a barreira do preconceito para adotar o visual.
“Eu comecei a usar as tranças baseado nos jogadores holandeses negros, como Davids, Gullit, Seedorf e Rijkaard. O Carlos Aberto [ex-Fluminense] me ligou pedindo para ajudá-lo a fazer o penteado, porque jogador de futebol negro no Brasil só usava cabelo raspado, mas eu era mais irreverente. Comecei a fazer tranças coloridas e isso foi encorajando caras como Vágner Love. Nós não podíamos ter cabelo diferente, mas eu sempre tive personalidade”, disse ao ESPN.com.br.
Torcedor do Internacional desde a infância, Claiton começou na base colorada. Aos 12 anos, ele foi para o arquirrival Grêmio, que o ofereceu passagens e alimentação.
“Fui muito contrariado e, no começo, treinava nos dois times ao mesmo tempo até me enturmar no Grêmio (risos). Eu cheguei a treinar com Tinga, Ronaldinho Gaúcho e Carlos Alberto. Aos 15 anos, tive um desacerto com o treinador e voltei ao Inter”, afirmou.
Depois de subir aos profissionais, ele teve boas passagens por empréstimo para Vitória e Bahia, antes de ser cedido ao Servette, da Suíça.
“Eu estava jogando uma pelada com o Ronaldinho Gaúcho e o Assis, quando surgiu a chance de ir jogar na Suíça. Pude jogar a Copa Uefa, e chegamos nas quartas de final, eliminando Zaragoza e Hertha Berlin antes de perder para o Valencia. Fui eleito o melhor estrangeiro da Suíça, e o clube queria que eu ficasse, mas a minha multa era alta”, contou.
Campeão no Santos
De volta ao Inter no meio de 2002, Claiton esteve no time que escapou do rebaixamento na última rodada do Brasileiro com uma vitória sobre o Paysandu.
“A gente montou uma equipe com grandes nomes e fomos campeões do Gaúcho, mas o time não deu liga no Brasileiro. Em 2003, o Inter acreditou na base, não contratou medalhões e subiu os meninos. As coisas aconteceram, e fizemos um grande ano com o Muricy Ramalho. Fizemos o time ser grande outra vez”, contou.
No começo de 2004, Claiton foi para o Santos, que venceu o Brasileirão no fim do ano. O meia, porém, acabou vendido ao Nagoya Grampus, do Japão.
“Esse time do Santos foi o melhor que participei, o grupo era uma máquina. Fui embora, mas recebi a medalha e a faixa de campeão. Meu nome é muito citado por ter jogado. Foi um prazer muito grande ter participado disso. Fiz nove jogos no Brasileiro e marquei um gol”.
“O [técnico Vanderlei] Luxemburgo queria que eu ficasse, mas era a minha independência financeira, o Japão pagava muito bem naquela época. Eu não me arrependo de ter saído porque sou um cara que pensa muito para frente. No Japão foi muito bacana”, garantiu.
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O meia voltou ao Brasil em 2006, para defender o Botafogo. No ano seguinte, ele foi para o Flamengo em uma polêmica transferência. Após jogar o primeiro semestre no clube da Gávea, acabou parando no Athletico-PR.
Claiton ainda passou por Consadole Sapporo, do Japão, antes de jogar outra vez pelo Furacão, quando sofreu uma grave lesão que o tirou por um ano e meio do futebol. Ele ainda jogou por Pelotas, Passo Fundo e Novo Hamburgo antes de pendurar as chuteiras, em 2013.
“Sempre fui um cara interessado na parte tática e jogava em mais de uma função. Assim que encerrei a carreira, fui fazer um estágio no Inter com o Dunga. Em seguida, fui estudar educação física e estagiei com o Roger Machado”.
Após cortar as tranças que tanto o marcaram ao longo da carreira, Claiton virou treinador de equipes como Aimoré-RS, São Paulo-RS, Cruzeiro-RS, Porto Velho e Bagé.
“Gosto muito do estilo de jogo do Rogério Ceni de montar times agressivos, que gostam de atacar e dominar os adversários. Todos os anos eu trabalho como treinador e quero chegar ao mais alto nível possível”, finalizou.