Renato Gaúcho, personagem expressivo do futebol brasileiro, oferece um meme praticamente pronto: a expressão quase chorosa de 2019, durante a goleada de 5 a 0 do Flamengo sobre seu Grêmio, em contraste ao êxtase a cada gol dos quatro que o agora rubro-negro marcou sobre o tricolor de Porto Alegre.
Separam as duas goleadas 672 dias, a óbvia troca de lado do treinador, mas não apenas isso. São dois jogos que servem para demarcar bem aspectos diferentes do time rubro-negro.
Ainda que os resultados do Flamengo com Renato Gaúcho sejam inquestionáveis, ainda há um caminho a percorrer em termos de desempenho, quando esse time é comparado ao de 2019. Talvez a equipe atual nunca alcance a daquela semifinal da Libertadores porque, em termos de nomes, a queda de qualidade é inquestionável.
Sem levar em consideração as oscilações de desempenho dos remanescentes, os que saíram não foram repostos à altura. Rafinha, Pablo Marí e Gerson deixaram o rubro-negro e Isla, Gustavo Henrique e Diego, uns mais outros menos talentosos, não repetem o nível dos ausentes. Rodrigo Caio também jogou aquela semifinal de 2019 e segue no elenco, mas os problemas físicos recorrentes transformam o jogador em uma peça pouco confiável. Bruno Viana deu conta do recado em Porto Alegre, mas também não está no mesmo nível que o ex-jogador do São Paulo.
A diferença positiva para o Flamengo atual está na variedade de opções no elenco. Jorge Jesus em 2019 criou uma engrenagem na equipe titular maravilhosa e ainda se beneficiou de um altíssimo desempenho físico dos jogadores principais, o que tornava os resultados da equipe muito pouco dependentes dos reservas.
O cenário atual é outro. Alguns jogadores não mostram o mesmo vigor físico de antes, o que é natural, mas Renato Gaúcho olha para o banco e vê muitas opções para dar novos rumos às partidas. Vitinho, Michael, Thiago Maia, Pedro, Andreas Pereira. O treinador só precisou dos três primeiros em campo para aproveitar os espaços dados pela desorganização gremista e construir a goleada nos contra-ataques. Kenedy está para chegar e enriquecer ainda mais o leque de opções do treinador.
De certa forma, os números dos dois jogos, reforçam essa percepção, de que são equipes capazes de vencer na mesma proporção, mas de maneiras diferentes. O Flamengo de 2019, contra um Grêmio bem melhor do que o atual, aplicou 5 a 0 no Maracanã com mais posse de bola, mais finalizações, maior percentual de acerto nos passes. Foi a superioridade completa. Já o de quarta-feira, pela Copa do Brasil, chutou a gol apenas uma vez a mais e, no restante, foi superado pelo frágil Grêmio de 2021 na posse de bola e no acerto de passes.