A final do Campeonato Carioca começa hoje, às 21h40, e promete passar uma nova régua para medir os trabalhos de Paulo Sousa no Flamengo e Abel Braga no Fluminense. Mais do que avaliações que oscilam entre desempenho e resultado, o título ou a falta dele promete aumentar a temperatura das cobranças para um lado.

Do lado tricolor, a pressão é grande para sair da fila de 10 anos sem conquistar o troféu regional — o último foi em 2011, justamente com Abel. No rubro-negro, a busca pelo tetra inédito é o que dá o status de obrigação para o português levantar o primeiro troféu no Brasil.

No Fluminense, a seca de títulos caminha paralelamente com a insatisfação dos torcedores. A temporada de 2022 viveu um forte baque na semana que coincidiu com a venda de Luiz Henrique para o Real Bétis-ESP e a eliminação na Libertadores. Mas o ambiente quase bélico, praticamente de crise visto atualmente, já dava sinais.

Tanto que a opção da diretoria tricolor por contratar jogadores mais experientes e a escolha pelo técnico medalhão Abel Braga passam por essa análise de cenário. Além da seca, outro fator passa por promessas não cumpridas.

O ex-presidente Peter Siemsen, por exemplo, foi eleito em 2013 já seguindo esse discurso de reestruturação. Mas ficou marcado pelas rescisões contratuais com a principal patrocinadora, a Unimed, e com a fornecedora, a Adidas.

Ainda deixou uma série de dívidas pelo caminho que respingaram em seu sucessor, Pedro Abad, cuja gestão foi influenciada. Mário Bittencourt assume como uma nova esperança, mas a bola de neve de problemas segue crescendo e influencia no campo.

No Flamengo, a lógica se inverte em relação ao elenco. O clube não teve desempenho tão bom com o envelhecimento da geração campeão em 2019. E promove este ano uma reformulação, com a contratação de peças mais novas. Não ser campeão sobre o Fluminense vai atrapalhar esse processo e pode obrigar Paulo Sousa a se render novamente aos medalhões.

Entra em cena a política. Apesar da reeleição da administração Rodolfo Landim, as cobranças agora se acumulam sobre os dirigentes que comandam o futebol. Justamente por não terem notado a importância de oxigenar o grupo de jogadores antes que os resultados começassem a rarear.

Por sua vez, o período sem título do Fluminense jogou toda a pressão nos ombros de atletas jovens, em sua maioria formados em Xerém e sem experiências em grandes decisões. Por isso, na final, a presença de nomes como Fábio e Felipe Melo . Haverá mais mudanças. O goleiro Fábio barrou Marcos Felipe por decisão do preparador de goleiro André Carvalho. Desde o início da temporada, o técnico Abel Braga deixou a decisão da meta tricolor com o profissional.

O zagueiro Nino também será desfalque. Ele ainda não conseguir se recuperar das dores na coxa direita e não jogará o primeiro jogo. Luccas Claro será o substituto. Já o volante Felipe Melo deve começar jogando.

No Flamengo, Bruno Henrique retorna de lesão, e a baixa fica por conta de Rodinei, com dores musculares. Matheuzinho será titular. E o clube aguarda a chegada de Arrascaeta de jogo das Eliminatórias para avaliar sua escalação no ataque. Entretanto, o homem da criação pode ser novamente Éverton Ribeiro, que andou em baixa e amargou a reserva em alguns jogos, incuslive na semifinal.

Desde então, o treinador teve tempo para trabalhar os jogadores na parte física depois da vaga conquistada sobre o Vasco, quando o Flamengo foi muito criticado por não ter conseguido transformar a superioridade em boa exibição. É justamente isso que está se esperando agora, diante de um rival que não fica tanto atrás, mas ainda assim sabe jogar por uma bola.