A conquista do Flamengo diante do Palmeiras levou 20% da população brasileira a se posicionar nas janelas de suas residências, manifestando-se com gritos de alegria. “Foi realmente uma vitória extraordinária.”
Caso o Flamengo decida realizar uma reformulação em seu elenco, o primeiro nome a ser considerado deve ser o Fantasma de Jorge Jesus. Ele esteve presente nos pensamentos inquietantes da torcida durante o recente período de instabilidade no notável trabalho de Filipe Luís.
Uma paixão não resolvida que ainda perturba o clube. Desde que Abel Ferreira assumiu a direção técnica do Palmeiras, Filipe se tornou o oitavo treinador diferente que o Flamengo enfrentou no Allianz Parque.
O fantasma português utilizou a rodovia Dutra para assistir ao jogo, acompanhando-o diretamente da cabine do VAR, e informou ao árbitro Ramon Abatti Abel que Varela estava na área, sugerindo a marcação de um pênalti. Para sua decepção, San Rossi estava lá para brilhar e defender o Flamengo.
Rossi, por sinal, é um exemplo que se mantém perto de suas origens. Um verdadeiro orgulho para a escola argentina de goleiros excêntricos e um atleta que, aos 29 anos, demonstra estar cada vez mais no lugar certo. Custei a reconhecê-lo, e hoje preciso pedir desculpas: Rossi é, sem dúvida, um goleiro à altura do Flamengo, capaz de integrar uma escalação campeã e merecedor de estar em pôsteres nas paredes do Brasil, especialmente ao lado de defensores excepcionais como os do Flamengo de 2025.
O novato Filipe Luís, sem qualquer facilidade, superou o experiente técnico palmeirense e conquistou o triunfo, deixando sua marca registrada. A jogada do magnífico segundo gol envolve Pedro, Wallace Yan e Ayrton Lucas, mas é fruto da genialidade do treinador que os escalou.
Uma vitória que motiva e anima o Rubro-Negro. Resta observar qual será a reação do time alviverde, que presenciou a quebra de um tabu de sete vitórias consecutivas, juntamente com seu recorde de público.
Filipe Luís descreveu o confronto entre Flamengo e Palmeiras como “”. Uma definição pertinente, mas que temo que possa se igualar às lamentáveis denominações paulistas, como “SanSão” e “Choque-Rei”, culminando no “Derby Paulista”, que não rivaliza com Marlboro e não é disputado em um país de língua inglesa.
A verdade é que esses apelidos para confrontos clássicos deveriam ter parado no auge: Fla-Flu. Com exceção dos genéricos aceitáveis como Grenal e Ba-Vi. A partir de “Atletiba”, tudo se deteriorou — e parece que, quanto mais bregas e menos originais, mais sucesso esse marketing de mau gosto alcança.
Entretanto, não duvido da boa intenção de Filipe ao valorizar a partida — é um fato que Flamengo e Palmeiras lideram uma nova era no futebol nacional.
Os rubro-negros derrotaram Grêmio e Palmeiras fora de casa. Golearam Corinthians e Juventude. Apesar de as arbitragens terem favorecido o Palmeiras em lances decisivos nas últimas rodadas, é válido refletir sobre o Flamengo: por que o Fla não ocupa a liderança do Campeonato Brasileiro?
O Flamengo ainda tem a oportunidade de reconhecer que seus verdadeiros clássicos são disputados no Maracanã, contra Fluminense, Vasco e Botafogo. Se tivesse vencido os cruzmaltinos e alvinegros, o que não ocorreu, estaria liderando o Brasileirão com folgas. Algo faltou ao Flamengo nesses confrontos, que contaram com a máxima mobilização e entrega dos rivais cariocas.
Ademais, é hora de permitir que a torcida encha e dite as tendências nas arquibancadas do Maracanã — outro pecado capital do Flamengo nesta jornada em busca do hexacampeonato brasileiro.
Recentemente, o campeão brasileiro venceu o Palmeiras em São Paulo, um feito que o próprio Flamengo já realizou em 2019 e 2020. Botafogo em 2024, Corinthians em 2017 — e assim por diante. Não é uma tarefa fácil, mas quem consegue escalar essa montanha sintética geralmente leva a taça para casa.
A confiança — e a doce soberania — estão de volta aos lares rubro-negros, para o bem da nação.
Publicado em colunadofla.com