Flamengo e Libra seguem em atrito público e nos tribunais, com o presidente do clube, Bap, no centro da disputa. Enquanto a Libra afirma que o Rubro-Negro ratificou um estatuto que incluiria o Anexo I — o documento que definiria critérios para dividir os direitos de transmissão —, o Flamengo nega ter concordado com essa formulação, abrindo uma guerra de narrativas que tem repercussões políticas e econômicas para o futebol brasileiro.
Comentarista corintiano sai em defesa de Bap
Em meio à pressão da imprensa paulista e ao calor dos debates sobre redistribuição de receitas, o comentarista corintiano Mano surpreendeu ao defender Bap publicamente, criticando o que classificou como cobertura parcial e o conhecido discurso de “Robin Hood” que ganha espaço entre dirigentes adversários.
“Nesse contexto, eu acho que Corinthians e Flamengo são um capítulo a parte no futebol brasileiro. Eles precisam ganhar mais que os outros times. Eu sei que é muito bonito esse discurso de Robin Hood, de tirar do rico para dar pro pobre, para todo mundo ser um pouco mais nivelado em termos de futebol. Mas cara, o Flamengo é mais explorado pela mídia. É mais explorado pelas televisões, pelas transmissões, o Corinthians, a mesma coisa”
Mano aproveitou para questionar a postura de dirigentes em geral e disse que muitos pensam primeiro no próprio clube. Ao comentar Leila Pereira, presidente do Palmeiras, o comentarista afirmou que, se as posições fossem invertidas, ela provavelmente atuaria de forma semelhante.
“Então é injusto. Por mais que digam: ‘Vai ser melhor’. Tem razão. Nesse contexto de que vai favorecer o futebol brasileiro, o produto futebol. Porém, todo dirigente aqui no Brasil, vamos para de hipocrisia, eles falam a respeito do próprio clube, ninguém tá preocupado com coletivo, tá todo mundo preocupado com o próprio rabo”
Ao criticar o discurso de humildade de rivais, Mano mandou um recado direto a Leila e reforçou seu apoio ao presidente do Flamengo.
“Então, é a Leila defendendo o Palmeiras, e se ela tivesse na condição do Flamengo, eu duvido que ela pensaria o que tá propondo hoje”
“Dona Leila, você falar de humildade? Você criticar dirigente do Flamengo pela arrogância? Você tá de brincadeira. Os dois são arrogantes, tanto o Bap quanto a Leila. Mas nesse caso, eu acho que o Bap tem razão”
O nó jurídico: Anexo I e os 30% relativos à audiência
No centro do litígio entre Flamengo e Libra está a interpretação do que teria sido efetivamente aprovado em assembleia. A Libra sustenta que, na AGE de 7/2/2025, o Flamengo ratificou o Estatuto Social com o Anexo I inalterado — anexo que, segundo o bloco, detalharia como os 30% relativos à audiência seriam distribuídos entre TV aberta, TV paga e streaming.
“Em AGE realizada em 7/2/2025, além da consolidação do Estatuto Social da LIBRA, que contou com a ratificação do Flamengo, já sob a nova gestão, houve a deliberação pela ratificação da contratação da Matos Projects, mantendo-se inalterado o Anexo I”
O Flamengo, porém, garante que apenas houve concordância com a contratação da consultoria Matos Projects — aprovada na gestão anterior por Rodolfo Landim — e que não houve anuência formal sobre os critérios que determinariam o rateio da fatia de audiência prevista no modelo 40/30/30.
Sem definição técnica e pública de como a audiência será mensurada, permanece a dúvida sobre transparência e equilíbrio na distribuição de receitas. A disputa jurídica promete ser longa e pode influenciar acordos futuros entre clubes e a própria dinâmica das negociações de direitos de transmissão no país.
Enquanto a batalha legal se desenrola, a posição pública de aliados e críticos continua a moldar a percepção da torcida e do mercado. Para o Flamengo, a defesa de Bap em espaços inesperados — como a de Mano — reforça a narrativa de que o clube busca transparência e defesa de seus interesses diante de propostas que considera imprecisas ou lesivas.