Bruno Spindel afirmou que o primeiro alvo do Flamengo para substituir Jorge Jesus foi Unai Emery — informação que reacende a curiosidade da torcida sobre os bastidores da transição técnica em 2020. A revelação, feita por Spindel em entrevista, mostra a ambição do clube na busca por um treinador europeu de prestígio e traz ainda defesas públicas ao meio-campista Gerson.
Negociações em plena pandemia
Segundo Bruno Spindel, a diretoria buscava um nome de peso no mercado europeu e chegou a contatar Unai Emery quando ele estava sem clube. A tentativa, porém, encontrou um obstáculo inesperado: a pandemia de Covid-19, que mudou prioridades e restrições de deslocamento para técnicos e familiares.
“O primeiro que a gente tentou foi o Unai Emery. Ninguém sabe. Eu liguei para o Unai, ele estava sem clube. Depois, ele iria assinar com o Villarreal. A gente queria um treinador grande. A gente tinha uma área que olhava treinadores. Tinha um scouter lá dentro que olhava treinadores. A gente queria um treinador grande, vitorioso. Ele estava livre.”
O cenário sanitário e pessoal fez com que Emery preferisse permanecer na Europa — uma escolha compreensível diante do momento. Para a diretoria daquela época, trazer um técnico com currículo continental significaria manter o nível esportivo deixado por Jorge Jesus.
“Só que ele estava negociando já com o Villarreal e não queria sair da Europa de jeito nenhum por causa da pandemia. Pelo mesmo motivo que o Jorge estava longe da família dele. Tinha pandemia, ele não estava aguentando mais.”
Gerson: elogios e contexto das contratações
Além das revelações sobre possíveis treinadores, Bruno Spindel aproveitou para falar sobre Gerson e o empresário Marcão, relembrando as duas chegadas do meio-campista ao Flamengo e defendendo a conduta da dupla diante das críticas da torcida após a transferência para o exterior.
“Melhor relação possível. Sou fã do Gerson como pessoa, como jogador, como capitão. As duas vezes que eles vieram ao Flamengo, fizeram um esforço. O Marcão abriu mão da comissão da vinda, saindo da pandemia, e o Gerson veio ganhar a metade do que ganhava no Marselha (FRA). Se tornou jogador de seleção. O (dirigente da CBF) Rodrigo Caetano me ligou, eu falei que podia confiar. Ele é um jogador extremamente coletivo, às vezes, até demais.”
Spindel lembra que participou diretamente das contratações de 2019 e 2023 e destaca a versatilidade de Gerson, capaz de cumprir diferentes funções táticas e de entregar rendimento constante em sequência de jogos.
“Joga de primeiro volante, segundo, de meia, meia direita, meia esquerda, ponta esquerda, ponta direita. Ele vai fazer o que o treinador pedir para fazer e sem miar. Sempre teve disposição para jogar quarta e domingo. Não se lesiona, joga em alto nível, 6 mil minutos por ano. Só tenho a falar bem deles, sou muito grato pelo que fizeram ao Flamengo. Foram sempre muito corretos.”
O que as revelações dizem ao torcedor rubro-negro
Para o torcedor do Flamengo, os relatos de Spindel alimentam a imaginação sobre cenários alternativos: Unai Emery no comando técnico teria sido uma aposta de alto risco e igualmente de alto potencial. A lembrança também serve para reavaliar decisões da diretoria e os limites impostos por uma crise global.
Mais do que curiosidade histórica, as declarações reforçam a ideia de que o Flamengo buscou, à época, manter um padrão de ambição que colocasse o clube entre os protagonistas sul-americanos e com capacidade de atrair nomes europeus de destaque. E, no centro dessas memórias, permanecem figuras como Gerson — lembradas tanto pelas conquistas quanto pelos debates que ainda embalam a torcida.