O Flamengo viveu uma noite de tensão, entrega e reação em Avellaneda: o empate por 0 a 0 contra o Racing carimbou a vaga na final da Libertadores e teve em Erick Pulgar a grande figura capaz de devolver solidez a um meio-campo que vinha sentindo ausências. A classificação reforça a ambição rubro-negra e acende o debate sobre recursos e escolhas para a decisão em Lima.
Pulgar: retorno no momento decisivo
Erick Pulgar voltou à titularidade e atuou como verdadeiro pilar do Flamengo em um clássico continental que exigia atenção absoluta. Recuperado de lesão sofrida no Mundial de Clubes contra o Bayern de Munique, o chileno mostrou leitura de jogo, força na contenção e segurança na saída de bola — características que faltaram em momentos anteriores à sua recuperação. Além da imposição física, Pulgar ofereceu cobertura aos laterais e liberdade para que a equipe mantivesse um bloco compacto diante da pressão argentina. Em uma partida com ambiente hostil no Estádio El Cilindro, sua experiência e posicionamento foram determinantes para que o Flamengo não fosse vazado.
No confronto de ida, no Maracanã, Pulgar também havia sido protagonista ao participar de transições ofensivas: foi dele um passe importante para Samuel Lino, anulado por centímetros, que já havia mostrado sua capacidade de influenciar em lances de criação além do rigor defensivo.
Estatísticas que comprovam a atuação
Os números da semifinal espelham a influência do camisa 5. Pulgar liderou estatísticas importantes do Flamengo na partida, mostrando consistência tanto no combate quanto na circulação de bola:
– 1º em duelos ganhos (7)
– 1º em eficácia de passes (89%)
– 1º em passes completados (29)
– 1º em dribles completados (2)
– 6 cortes defensivos
Esses índices reforçam que o retorno do chileno não foi apenas simbólico: tornou-se peça tática e emocional para o time na reta final da temporada.
Expulsão de Gonzalo Plata e possível recurso
O jogo teve capítulo polêmico quando Gonzalo Plata foi expulso aos 12 minutos do segundo tempo, por uma decisão que envolveu interpretação de conduta violenta em lance com Marcos Rojo. Segundo a súmula e relatos, o árbitro entendeu que houve um golpe deliberado quando a bola não estava em jogo; o VAR, porém, não exibiu imagem conclusiva que confirmasse a certeza do lance.
Com o cartão vermelho, Plata corre risco de ficar fora da final da Libertadores — marcada para 29 de novembro, em Lima — caso o gancho disciplinar seja mantido. Por isso, a possibilidade de pedido de anulação do cartão tem sido avaliada, com a apelação seguindo a linha de falta de provas claras nas imagens e de subjetividade na tomada de decisão do assistente que acabou validando a expulsão. O desfecho desse caso será determinante: além de perder um jogador de velocidade e apoio ao ataque, o Flamengo terá que decidir se entra com recurso formal para tentar preservar Plata para a decisão continental, ou se já planejará alternativas táticas caso a suspensão seja confirmada.
Domínio histórico sobre argentinos e o peso da semifinal
A classificação sobre o Racing também ampliou um retrospecto que vem sendo construído ao longo dos anos: o Flamengo se afirma como um rival duro contra clubes argentinos na história da Libertadores. No total de confrontos continentais, o Rubro-Negro soma números que pesam quando se fala em mata-matas e decisões. Além disso, com a eliminação do Racing, o clube igualou o Cruzeiro no número de eliminações de argentinos em mata-matas da Libertadores, um índice que reforça a mentalidade e a tradição de competitividade do Flamengo em jogos-chave do continente.
Provocações, gestos e reação do grupo
O ambiente foi de comemoração, mas também de resposta. Depois do apito final em Avellaneda, Arrascaeta, Nicolás De la Cruz e Alejandro Varela reproduziram um gesto provocativo direcionado ao lateral Martirena, ecoando rivalidades do futebol uruguaio entre Peñarol e Nacional e transformando a vitória em um momento de provocação controlada. No vestiário e nas redes, a cena foi celebrada pela torcida e recebeu repercussão imediata. A Nação também se voltou para a recuperação de Pulgar e para a postura coletiva que permitiu ao time resistir com um atleta a menos durante o segundo tempo.
Reações nas redes
“Pulgar ter voltado deu uma sobrevida nesse time absurda. O chileno veio de uma lesão, 3 meses sem jogar, voltou bem pra caralho, botou o Saul no banco e tomou conta desse meio campo. Pulgar é o maior reforço que nós temos nesse segundo semestre.” — André Ribeiro (@AndreRibeirro)
“O que Erick Pulgar fez na eliminatória contra o Racing entra para a história. Controlou quando precisou, destruiu e rebateu quando o Flamengo implorou por oxigênio. Postura exata que um meio-campista deve ter em cenários de pressão. Por essas e outras, é um dos intocáveis.” — Caio Alves (@CaioAlves)
“PRECISAMOS falar sobre Erick Pulgar, que jogador! O maior reforço do Flamengo pro final da temporada. Dois jogos ESPETACULARES na semifinal. A estabilidade e força que ele dá ao meio campo, ninguém faz igual. Palmas ao dm do Flamengo que recuperou esse craque antes do tempo ❤️🖤” — Raí terraFLAmista ᶜʳᶠ (@RaiFerreira01)
Agenda, preparação e prioridades até Lima
Com quase um mês até a final, a comissão técnica terá de equilibrar foco entre a decisão continental e a sequência do Campeonato Brasileiro. A gestão de minutos, o rodízio e a preservação física serão pontos centrais para manter o elenco competitivo e saudável até o jogo em Lima. No curto prazo, o elenco volta a se concentrar nas partidas do Brasileirão — uma disputa que ainda interessa ao clube e exige atenção para que a preparação rumo à final não implique déficit físico ou emocional. A janela de preparação é curta, e o departamento médico, o corpo técnico e a diretoria terão papel chave neste processo.
Conclusão: glória, alerta e expectativa
O empate em Avellaneda sintetiza bem o momento do Flamengo: capacidade de reação, decisões individuais que salvam a equipe e questões disciplinares que podem alterar planos para a final. Erick Pulgar surge como um nome simbólico dessa fase — retorno, impacto e liderança — enquanto Gonzalo Plata aguarda definição sobre a expulsão que pode afastá-lo do jogo decisivo. Agora, a Nação mira Lima com confiança, mas também na expectativa de como serão resolvidas as pendências disciplinares e de preparação. Até lá, o foco será manter o ritmo, preservar peças-chave e chegar à final com o elenco na melhor condição possível.