O Ministério Público apresentou recurso contra a absolvição dos réus envolvidos no incêndio do Ninho do Urubu, que em 2019 matou dez jovens. Protocolado na segunda-feira (10/11/2025) e assinado por quatro promotores, o documento pede a responsabilização criminal e civil, incluindo a do ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello, e aponta falhas que teriam transformado o centro de treinamento do Flamengo em um local de risco.
Pedidos do Ministério Público
No recurso, o MP lista negligências estruturais e administrativas e solicita a reversão das absolvições de sete réus: Márcio Garotti, Marcelo Maia de Sá, Danilo Duarte, Fábio Hilário da Silva, Weslley Gimenes, Cláudia Pereira Rodrigues e Edson Colman. Entre os pontos citados estão:
– Uso de contêineres com material inflamável;
– Falta de certificação do Corpo de Bombeiros;
– Instalação em área interditada pela Prefeitura;
– Ausência de sistema de combate a incêndio;
– Janelas com grades e apenas uma rota de fuga;
– Ausência de brigadistas;
– Fiação obsoleta e ar-condicionado sem disjuntor;
– Sinais prévios ignorados (cheiro de queimado e curtos), que, segundo o MP, tornavam o desastre previsível e evitável.
O recurso descreve o local como um “ambiente de morte” e argumenta que as combinações dessas falhas evidenciam culpa e omissão das pessoas responsáveis pela gestão e manutenção da instalação.
Impacto civil e próximos passos
Na esfera civil, o MP solicita indenizações elevadas para as famílias das dez vítimas e para os três feridos, calculadas conforme a gravidade do dano e a capacidade econômica dos réus e do clube. O recurso também sustenta que a responsabilidade penal deve ser reconhecida em relação a Eduardo Bandeira de Mello, inclusive em hipóteses de punibilidade já extinta, com o objetivo de assegurar a verdade e a preservação da memória das vítimas.
Ainda não há data para o julgamento do recurso. Após a juntada do documento, os réus terão prazo para apresentar suas respostas aos argumentos do Ministério Público.