Saúl, Jorginho e o AeroFla que embalou o Flamengo rumo à final da Libertadores em Lima

A final da Libertadores do Flamengo reuniu nos dias que antecederam a decisão em Lima relatos pessoais, declarações de apoio e uma festa que tomou conta do embarque: o AeroFla. Entre as figuras que viraram símbolos da reta final estão Saúl Ñíguez, Jorginho e até um apoio internacional inesperado — que reforçam a confiança da delegação rumo ao jogo decisivo contra o Palmeiras no sábado (29).

Saúl Ñíguez: adaptação rápida e chance de escrever história

Contratado em julho, Saúl Ñíguez conquistou espaço no grupo rubro-negro e soma presença constante nas transmissões e vídeos que acompanharam o AeroFla. Em 21 jogos pelo Flamengo, o meia já contribuiu com assistências e ganhou a confiança da torcida — que o recebeu com entusiasmo desde os primeiros dias.

A possibilidade de erguer a Libertadores com o Manto Sagrado coloca Saúl em posição de protagonismo: uma eventual vitória faria dele apenas o segundo espanhol a conquistar o torneio sul-americano. A família do jogador, que acompanhou de perto toda a transição para o Brasil, destacou orgulho e esperança para a decisão em Lima.

“Acredito que Saúl é um privilegiado por poder colocar este troféu em sua galeria. Há muita vontade, e ele está muito feliz com essa possibilidade. Creio que vão fazer uma boa final e tomara que termine da melhor maneira. Para ele seria muito bonito para sua carreira. Estou seguro que vai conseguir”

O irmão Jony Ñíguez ressaltou ainda a rapidez com que Saúl se adaptou ao clube e aos companheiros, lembrando que, em poucos meses, o meia já disputa a maior final continental do futebol sul-americano — e projetando o sonho de um doblete: Brasileirão e Libertadores.

“Estamos muito orgulhosos, porque nos primeiros meses ele já pode jogar uma final de Libertadores, há um trabalho da comissão técnica e de todo o clube muito bom e agora tem a possibilidade de ganhar a Libertadores. Creio que meu irmão se adaptou muito rápido ao Flamengo, aos companheiros e a todas as pessoas do clube. Tomara que consigam o doblete da Libertadores e do Brasileirão”

Jorginho: a formação familiar que alimenta a entrega em campo

No meio-campo, Jorginho chega à final com uma história de inspiração doméstica que dialoga com a Nação. O volante falou sobre a influência da mãe, Maria Tereza Freitas, que jogava futebol e deu ao filho referências que o acompanharam desde a infância.

“Minha mãe sempre jogou futebol. Inclusive, a apelido dela pelo meu avô era Zico. Meu avô falava pra ela: ‘onde você vai jogar hoje, Zico?’ Então, ela sempre jogou e ela é apaixonada por futebol. Depois que eu nasci, comecei a crescer, comecei a acompanhar ela em todos os jogos que ela ia, de fim de semana, sempre do lado dela, com a minha bolinha debaixo do braço. Às vezes o ônibus estava cheio e ela fala: ‘pô, o ônibus está cheio’. Eu falo: ‘não, vou em pé aqui do teu lado’. Aí ela ia sentada e eu ia em pezinho ali do lado dela, no colo dela”

Jorginho credita à convivência com a mãe parte importante de sua formação técnica e emocional. A presença de alguém que viveu o jogo de perto serviu como base para a disciplina e o comportamento em campo, elementos fundamentais para uma final de alta tensão.

“Eu sempre segui muitos passos dela, a vi jogar muito e aprendi muito com ela só de ver ela jogar mesmo, como ela se comportava em campo e ela também tinha essa característica de comunicação, de falar muito. Então, acredito que isso que eu tenho venha muito do que eu aprendi com ela também. Lógico que tem a parte técnica, a gente ia para praia, ela ficava jogando a bola para mim para eu dominar e aprendi muito. Para mim, ela sempre foi uma grande inspiração”

Apesar do carinho, Jorginho contou que também recebe cobranças — as famosas “cornetadas” — que o ajudam a evoluir. Essa mistura de afeto e exigência, diz ele, fez parte da construção que hoje é levada para dentro do vestiário do Flamengo.

“Ela era 10, cara. Era 10 mesmo, batia falta e fazia bastante gol. Então, obviamente que… Uma dimensão muito menor (que Zico), mas meu avô acabou apelidando ela assim e depois se perdeu com o tempo, obviamente, mas ela me contou isso um tempo atrás. Teve um jogo que ela veio assistir aqui, agora não vou lembrar qual foi o jogo. E aí a gente ganhou bem, eu fiz um bom jogo e tal. Aí eu saio do jogo, encontro ela, a gente vai conversar e eu falei: ‘pô, o jogo foi bom, né'”

Apoio internacional: Camavinga e a influência de Vini Jr

Fora das fronteiras, o Flamengo também ganhou atenção. Eduardo Camavinga, do Real Madrid, admitiu que vai torcer pelo rubro-negro na final, uma declaração que escancara o alcance global do clube e o prestígio que ex-formados como Vinícius Júnior ainda exercem sobre colegas e amigos.

“Eu sou cria. Muito cria. Se tem que ir com Vini, eu vou. Claro (que vou ser Flamengo). É rubro-negro”

A declaração de Camavinga tem caráter simbólico, mas reforça a imagem do Flamengo como um clube de dimensão internacional — um ativo que, em um jogo como a final da Libertadores, contribui para o prestígio e a narrativa em torno do elenco.

AeroFla: festa, emoção e cobranças antes da viagem a Lima

O AeroFla transformou o embarque em momento de festa: a torcida acompanhou o ônibus da delegação, houve muita euforia e cenas que viralizaram nas redes. O presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, participou do evento e destacou a importância do apoio para a reta final.

“Obrigado por tudo que vocês fazem para abraçar o time. É emocionante esse AeroFla. Quando a gente vê a materialização, é diferente. Obrigado pelo apoio, será o combustível fundamental para buscar o tetra”

Bap classificou o momento como privilegiado e reafirmou seriedade na preparação do time. A lembrança do título conquistado em Lima em 2019 aparece, mas o discurso do presidente foi de olhar à frente, com ambição e foco nos detalhes da preparação.

“Chegamos nessa situação privilegiada. É uma honra disputar mais uma final. Esse momento é lindo demais para mim e cada um de vocês. Muito otimismo”

Mesmo com a festa, houve episódios que exigiram atenção da organização: a proximidade dos torcedores ao ônibus e imagens de invasão ao transporte viralizaram. A delegação manteve a rotina de concentração e seguiu para Lima com foco total na decisão.

“A gente volta para Lima com a faca nos dentes pensando no tetra. A Lima de 2019 está muito bem guardada, mas essa Lima é diferente e estamos encarando com seriedade”

Rumo a Lima: o que esperar da final

Flamengo e Palmeiras se enfrentam no sábado (29), no Estádio Monumental U, em Lima. A decisão coloca em jogo não só o título continental, mas o desfecho de uma temporada marcada por investimento, adaptação de reforços e a busca por ídolos que tragam resultados.

No elenco do Flamengo, a mistura entre experiência e novas peças gera igualmente confiança e incerteza tática: cabe ao técnico Filipe Luís ajustar a melhor combinação para neutralizar as virtudes do adversário e explorar os pontos fortes dos rubro-negros.

Nas próximas horas a concentração será total. A Nação segue mobilizada — do AeroFla às redes sociais — transformando apoio em pressão a favor do time. Independente do resultado, a final já deixou registros afetivos, relatos e memórias que fazem parte da história do Flamengo.