Flamengo x Pyramids chega a Doha com um cenário misto: vendas de ingressos bem abaixo do esperado, a possibilidade do retorno de Pedro ao time e a confirmação de um feito histórico do clube no novo formato da Copa Intercontinental. A combinação de fatores fora e dentro de campo vira preocupação e motivação para a delegação rubro-negra.
Ingressos e presença da torcida em Doha
As bilheterias mostram números que preocupam: cerca de 11 mil ingressos foram vendidos antecipadamente para a semifinal entre Flamengo e Pyramids, no Estádio Ahmad Bin Ali, palco com capacidade para 45.032 torcedores. O volume de vendas segue um cenário discreto, semelhante ao observado nas quartas de final, quando o jogo contra o Cruz Azul levou apenas cerca de 7 mil pessoas ao estádio.
A tendência de arquibancadas menos ocupadas convive com a forte mobilização de torcedores do Pyramids. A proximidade geográfica entre Egito e Catar facilita a presença da torcida egípcia e, com a seleção do Egito disputando a Arab Cup em Doha, a visibilidade e circulação de torcedores locais nas ruas da cidade aumentou nos últimos dias.
O que a torcida rubro-negra pode fazer
Para a Nação, a melhor chance de ver grandes públicos em Doha passa obrigatoriamente pela classificação: se o Flamengo avançar, a final contra o PSG, prevista para quarta-feira (17), tende a atrair mais torcedores e gerar maior mobilização. A perspectiva de disputar o título intercontinental e buscar o bicampeonato pode ser o principal gatilho para aumentar a presença rubro-negra.
No entanto, logística e distância seguem como entraves: o deslocamento para o Catar, o curto intervalo entre partidas e o custo da viagem tornam a ida em massa um desafio para muitos torcedores. Resta ao Flamengo a missão de buscar o resultado dentro de campo para transformar a expectativa em mobilização efetiva nas horas seguintes.
Situação do elenco e a possível volta de Pedro
Pedro é a principal dúvida do ataque para o confronto. O atacante, que ficou quase dois meses fora por conta de uma fratura no antebraço seguida por uma lesão no reto femoral da coxa esquerda, aparece como opção para Filipe Luís, mas a confirmação de presença só virá após avaliação final da comissão técnica e do departamento médico.
Mesmo sem contar com Pedro por esse período, Filipe Luís manteve aproveitamento de 64% nas partidas disputadas, mostrando capacidade de adaptação do treinador e do elenco. Caso Pedro volte, o treinador ganha alternativas ofensivas que podem alterar o desenho tático, a gestão de minutos e a rotação com Bruno Henrique e outros atacantes do grupo.
Escalações prováveis e leitura tática
A projeção de escalação para o Flamengo indica Rossi; Varela, Danilo, Léo Pereira e Alex Sandro; Erick Pulgar, Jorginho e Arrascaeta; Carrascal, Everton Cebolinha e Plata. No Pyramids, a formação apontada tem Shenawy; Chibi, Gabr, Samy e Mohamed Hamdi; Lasheen, Touré, Zalaka, Atef e Hafez (Ewerton); Mayele.
Filipe Luís deve prezar pela solidez defensiva e pela intensidade no meio-campo, buscando transições rápidas com Arrascaeta e Carrascal para abastecer Everton Cebolinha e Plata pelas pontas. A capacidade de jogadores de decidir em ação individual e a gestão de marcação sobre os pontos fortes do adversário serão determinantes para o desfecho do jogo.
Feito histórico e implicações para o clube
Além das questões imediatas, o Flamengo entrou na história ao se tornar o primeiro clube sul-americano a avançar além da estreia no novo formato da Copa Intercontinental, implementado pela FIFA em 2023. O avanço comprova a competitividade do clube em competições internacionais sob a nova configuração do torneio.
Essa sequência não é apenas simbólica: o prolongamento da participação na competição traz repercussões esportivas, financeiras e de imagem. Mais jogos em palco internacional ampliam a exposição do elenco, fortalecem argumentos na gestão por investimentos futuros e trazem potencial de receita extra que pode ser relevante para as estratégias do clube.
O desafio imediato
Com público reduzido nas bilheterias e um adversário com torcida visível em Doha, o Flamengo tem diante de si um desafio direto dentro do gramado para conquistar a vaga na final. A resposta do time, a leitura tática do treinador e a condição física dos jogadores, especialmente de Pedro, serão determinantes para transformar a pressão externa em oportunidade esportiva.
Se superar o Pyramids, o clube rubro-negro não só avança na busca pelo bi intercontinental como também poderá contar com maior adesão da torcida para a final — cenário que, por ora, depende de uma boa atuação em campo e de resultados que alimentem a esperança da nação.