Um time que toma gol aos cinco minutos de jogo não pode colocar o cansaço
pela sequência de jogos como justificativa número 1 para o fracasso. O
calendário é cruel, é verdade, e cobrou seu preço pela ausência de Lucas Paquetá
e Cuéllar, ambos servindo a seleção (a Série A não para na data Fifa). Mas os
pecados do Flamengo diante do Internacional foram maiores que isso. Na derrota
por 2 a 1 no Beira-Rio, um time desatento na defesa tomou decisões equivocadas
no ataque e ainda exibiu um nítido desentrosamento no meio.
Com Réver e Diego aumentando a lista de desfalques, as alternativas buscadas pelo técnico Mauricio Barbieri não funcionaram. O
tempo para treinar é escasso, de fato, mas passou da hora de ligar o alerta.
Afinal, o mesmo rubro-negro que há não muito tempo desfrutava da liderança do
Brasileirão agora despencou para o quarto lugar.
No jogo que deixou o Flamengo com 42% de aproveitamento nas rodadas da Série
A após a Copa do Mundo (quatro vitórias, cinco derrotas e dois empates), a
aposta diante da lista de desfalques foi um novo desenho tático. Um esboço de
4-4-2 foi a campo. Esboço porque ele não funcionou de fato. Além disso, era como
se Barbieri tivesse em mãos uma borracha e toda hora tentasse redesenhar a
disposição do time em campo.
Mas fica difícil esperar estabilidade tática no ataque em um time que já
entra desordenado na zaga. Dois escanteios cedidos gratuitamente foram sintomas
de que não estava tudo bem. A constatação foi o gol do Internacional, logo aos
cinco minutos, após Léo Duarte não cortar o cruzamento para Willian Pottker, que
abriu o placar.
No meio-campo, o Flamengo viu o Inter trocar muitos passes, dominar as ações,
sem conseguir encaixar contra-ataques. As oportunidades que teve, principalmente
no primeiro tempo, escancararam a dificuldade de entendimento entre Marlos
Moreno, Vitinho e Everton Ribeiro. Lincoln, opção surpresa para a função de
centroavante, não conseguiu uma oportunidade clara de finalizar. Marlos, de
cabeça, teve as duas melhores chances rubro-negras no primeiro tempo.
O Flamengo deu uma respirada no segundo tempo, quando Willian Arão substituiu
Piris da Motta. O ímpeto ofensivo trazido pelo camisa 5 deu resultado, porque
foi ele quem iniciou a jogada que culminou com o belo gol de Vitinho. Sim, o
reforço de 10 milhões de euros desencantou no 11º jogo pelo clube. E até
desistiu da promessa de não comemorar contra o ex-time.
Mas alegria de rubro-negro dura pouco. No ataque seguinte, a marcação falhou
de forma clamorosa e Rodrigo Dourado recolocou o Inter à frente. Depois dessa, o
Fla não conseguiu se recuperar no jogo. A pressão nos minutos finais foi
ineficaz.
Em mais um jogo fundamental para as pretensões do Flamengo no Brasileiro,
mais uma derrota diante de um adversário direto. Um time que, mesmo com a
ressalva dos desfalques, parece longe de se encontrar.