Flamengo para na retranca do Corinthians no Maracanã

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Futebol não é War, aquele jogo de tabuleiro em que vence quem tiver mais território. Não adianta mover as “tropas” de um lado para o outro, sem conseguir exterminar as chances de vitória do adversário. É por isso que o Flamengo tem muito a lamentar no confronto com o Corinthians, pelo jogo de ida das semifinais da Copa do Brasil, que terminou 0 a 0, nesta quarta-feira, no Maracanã.

Diante de um adversário indisposto a jogar, o rubro-negro não conseguiu abrir vantagem no confronto e vai precisar balançar as redes fora de casa, no dia 26, se quiser avançar à final da competição pelo segundo ano seguido.

A mesma postura incisiva que o Fla teve fora de campo para contestar a CBF, com razão, pelos absurdos do calendário nacional e insistência em não liberar Lucas Paquetá da seleção não foi vista em campo. O roteiro é conhecido. O torcedor não se surpreende, mas cai na tentação de acreditar em uma mudança de postura que, para irritação da arquibancada, nunca vem.

Esse Flamengo exerce uma falsa pressão no adversário. Aquela que o goleiro do outro lado trabalha muito pouco e os zagueiros se consagram de tanto rebaterem cruzamentos. Cássio, há de se dizer, viveu dois bons momentos no primeiro tempo, com defesas difíceis. Mas elas folham agulhas em um palheiro.

O Corinthians foi um deserto de ideias ofensivas. Uma covardia que chega a assustar, mesmo com o time tendo perdido nomes importantes ao longo do ano. Só em duas ocasiões, ainda no primeiro tempo, o time paulista conseguiu levar perigo. Ambas graças a erros técnicos do Flamengo. Em tempos de campanha política, dá para dizer que o Corinthians renunciou ao primeiro turno da “eleição”. Mas, neste caso, o segundo turno é obrigatório.

Um dos equívocos no primeiro tempo foi um passe para trás de Lucas Paquetá. Ele e Cuéllar fizeram o esforço de entrarem em campo mesmo tendo defendidos as seleções de Brasil e Colômbia na terça-feira. Mas, apesar da correria para mobilizar jatinho e tratamento, Paquetá não esteve à altura e foi substituído aos 27 minutos da etapa final.

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O Flamengo tem em Paquetá e Diego os meias responsáveis pela articulação. No entanto, o trabalho deles ficou complicado por causa das linhas montadas pelo Corinthians. O rubro-negro não conseguiu trabalhar entre elas por mais que os jogadores alternassem o posicionamento. Se ao meno alguém chegasse mais perto do centroavante para trabalhar a bola, talvez o time paulista tivesse mais desconforto no jogo.

No segundo tempo, Barbieri inverteu o lado dos pontas. Everton Ribeiro circulou mais pela esquerda, por exemplo, mas o problema ofensivo do Flamengo persistiu. Como é mais fácil destruir do que construir, o time de Jair Ventura teve sucesso da estratégia, por mais tacanha que possa ser.

Não foi um ponto fora da curva ver um Fla sem repertório ofensivo. E isso é o que preocupa. No jogo de volta, resta contar com uma postura mais corajosa do Corinthians para que os espaços aconteçam. Do contrário, mais uma competição pode ter desfecho indesejado.

Fonte: https://oglobo.globo.com/esportes/flamengo-para-na-retranca-do-corinthians-no-maracana-23064117