Difícil não perceber a evolução do Flamengo desde a chegada de Dorival Júnior ao clube. O time está mais objetivo e menos “arame liso”. Só que o oponente deste sábado (27) entrou em campo com o contexto da partida todo a seu favor. Primeiro pela situação na tabela do Campeonato Brasileiro. E depois pela maneira como o time de Luiz Felipe Scolari se comporta e se organiza quando a bola rola. O empate no Maracanã manteve o Palmeiras com quatro pontos de vantagem na liderança e deixa o Flamengo com uma missão quase impossível de ser cumprida nessas últimas sete rodadas da competição. É verdade que muita coisa ainda pode acontecer e que uma virada não é impossível, mas a tendência é que o título do Brasileirão 2018 acabe mesmo indo para o clube do Parque Antártica pela décima vez.
É preciso dizer que o cenário estava todo favorável ao Palmeiras. O time de Felipão entrou em campo no usual 4-2-3-1 se fechando em duas linhas de quatro quando o Flamengo tinha a bola e com o zagueiro Luan improvisado na lateral-direita. E era justamente por ali que Vitinho (o melhor jogador do Fla no primeiro tempo) encontrava espaço para criar as principais jogadas de ataque do time da casa. Como no lance em que o camisa 14 passou como quis pela defesa adversária e forçou o cruzamento para Uribe quando Willian Arão aparecia livre de frente para Weverton. O Flamengo mostrava um bom volume de jogo e até criava boas chances, mas esbarrava nas já conhecidas limitações de um elenco mal montado e planejado diante de um Palmeiras que negava espaços e tentava encaixar um contra-ataque para chegar ao gol de César.

O Palmeiras abriu o placar na bola longa de Thiago Santos para Dudu. O camisa 7 levou vantagem sobre um Pará mal posicionado e hesitante na marcação e chutou no canto esquerdo de César. Diante desse cenário, Dorival Júnior sacou Willian Arão e mandou Diego para o jogo retornando ao 4-1-4-1 dos tempos de Maurício Barbieri. Só que a entrada de Gustavo Gómez no lugar de Luan (completamente exausto) permitiu que o colombiano Marlos Moreno (substituto de Vitinho) levasse ampla vantagem sobre a defesa alviverde na base da velocidade. Tanto que o gol de empate do Flamengo saiu com o camisa 17 recebendo às costas do zagueiro paraguaio e passando por Antônio Carlos antes de chutar no canto direito de Weverton. Já Lucas Paquetá perderia a chance da virada ao receber passe de Marlos antes de Felipão corrigir a marcação na direita.

A impressão que fica é que o Flamengo parece ter acordado tarde demais. O time ganhou mais volume de jogo e mais objetividade com Dorival Júnior, que encontrou no 4-2-3-1 (com a variação para um 4-3-2-1 conforme a movimentação de Lucas Paquetá no meio-campo) a formação perfeita para adaptar um elenco repleto de bons jogadores, mas que ainda necessitam de mais conjunto. O problema é que as limitações deste mesmo elenco acabam sendo escancaradas quando o Fla enfrenta um time organizado e que nega espaços como o Palmeiras. Com a partida de ontem toda à feição do adversário, os comandados de Dorival Júnior sofreram para chegar ao gol de Weverton. Ao mesmo tempo, o time do Flamengo também seguiu abusando das bolas levantadas para a área. E justamente quando jogava sem uma referência no ataque. Complicado.
A tendência é que o título do Brasileirão 2018 acabe mesmo ficando com o Palmeiras que só precisa administrar a vantagem para ser campeão. Já o Flamengo terá mais uma oportunidade de aprender com os erros cometidos ao longo dos últimos anos para finalmente retornar ao caminho dos títulos e fazer valer todo o investimento feito pela diretoria rubro-negra.
Flamengo x Palmeiras: assista aos melhores momentos da partida
Imprensa analisa empate do Flamengo com o Palmeiras: “praticamente deu adeus ao título”