
Os ataques à imprensa e a jornalistas nas redes sociais, cada vez mais comuns nos dias de hoje, não são novidade no Brasil. Muito menos algo exclusivo da política – setor que tem dominado e inflamado as polêmicas nos últimos meses.
No mundo esportivo, e principalmente no futebol, a relação entre clubes/jogadores e jornalistas sempre foi uma gangorra de amor e ódio. Entre os torcedores, nem se fala.
Trabalhei alguns anos como jornalista esportiva. Nunca cobri um clube específico (Graças a Deus!), mas sempre me chocou a quantidade de xingamentos que colegas recebiam e ainda recebem nas redes. Uma notícia negativa sobre o clube X, e chovem acusações de que o jornalista torce para o rival e quer “jogar contra”.
Basta um novo setorista ser anunciado para um grupo de “torcedores” fazer uma varredura na vida do profissional. Escreveu algo que eles não gostaram? Fez uma crítica há anos sobre algo que eles discordam? Deu alguma pista de que torce para um time Y? Já era. A pessoa será execrada em praça pública. Imagina se for mulher, não vou nem entrar nesse mérito.

E aí entram duas questões igualmente preocupantes. A primeira é a humilhação pública, com xingamentos e ameaças inadmissíveis que muitas vezes saem das redes sociais e são replicadas em treinos e nos estádios. Esse comportamento não é aceitável e, por mais comum que seja, não pode ser normalizado. Discordar faz parte. Para casos mais graves, como mentiras ou difamações, sempre é possível entrar em contato com o veículo para pedir uma retratação e, em casos mais graves, procurar a Justiça.
O segundo ponto é um pouco mais complexo. Voltemos ao exemplo da política: enquanto nos Estados Unidos jornais são declaradamente democratas ou republicanos, no Brasil estabeleceu-se que, se um jornalista tem uma opinião pessoal sobre algo, ele não pode ser imparcial em seu trabalho.

Ora, quantos brasileiros vocês conhecem que não tem um time de coração? O que vocês acham que leva alguém a trabalhar com futebol?