“Atirar pedras é fácil, o difícil é ser vidraça”. O provérbio chinês mostra a facilidade e a leveza, por vezes irresponsável, de ser oposição. No intento de seduzir a todos pelo discurso, a chegada ao poder cobra seu preço. Quase sempre, os juros dessa transação são a coerência entre o discurso de quem batia sem dó quando observando de fora, e a prática de quem agora apanha com justiça.
Trocando em miúdos: comportar-se como tigrão é fácil, difícil é chegar ao poder e não se fazer de tchutchuca. As promessas de novos tempos, de mudança de mindset, de resgate de DNA e tantas outras pobrezas tão eleitoreiras quanto baratas, geram expectativa e cobrança. Quem prometeu o mundo e recebeu quase tudo em ordem fica sem álibi para se fazer de inocente. Ao menos nos últimos 4 anos, os homens fortes de nossa diretoria atual puderam observar todos os movimentos, certos e errados, de seus antecessores. Se fica claro que o aprendizado não aconteceu em outras pastas, que caminharam para trás, existia o alento da salvação no plano do futebol, capaz de redimir qualquer falha.
Durante os últimos anos, o Flamengo cresceu fora das quatro linhas. Sofreu por ingenuidade, incompetência, azar ou teimosia em seu futebol, é bem verdade. E enquanto isso acontecia, as redes sociais se tornavam um prato cheio para que alguns trouxessem a promessa da glória no futebol com uma tranquilidade tão irresponsável quanto assustadora.
A conta vem chegando. Erros repetidos por aqueles que se diziam entendedores do futebol se empilham. Da montagem do elenco à escolha – desde o início mais do que questionável – de Abel para o comando. Da baderna no Departamento de Futebol ao silêncio ensurdecedor da diretoria em momentos importantes. Enquanto o rugido se emudece, vemos um museu de novos erros tão conhecidos.
De diferente? Só vejo algumas contas do Twitter mais silenciosas que o normal. O gelo no sangue vai aguando sem que ninguém se manifeste publicamente. Nada como um dia após o outro. Nada mais claro que a memória seletiva e a voracidade irresponsável do tigrão da oposição.
Prometendo rugir no futebol e no Clube, trazendo títulos e perseguindo supostos privilégios. Diferente da promessa, a prática tem fala fina, mimada e manhosa, bem Tchutchuca, com muito silêncio e falas constrangedoras através de notas oficiais.
Fonte: https://colunadoflamengo.com/2019/05/thigu-soares-na-oposicao-tigrao-no-poder-tchutchuca/