Só Somos Campeões Com a Base! Só?

Volta e meia ouvimos/lemos por aí a algumas afirmativas (de torcedores e jornalistas midiáticos) sobre a utilização da base e sobre a continuidade do trabalho nas grandes conquistas do Flamengo. Ouço/leio, entendo, mas… Historicamente a coisa não é bem assim. Até aí nenhum problema, pois esse sentimento não interfere. O problema é questionar algumas atitudes do comando do futebol Rubro-Negro fazendo comparações injustas com glórias passadas. Aqui um adendo: NÃO ESTOU SATISFEITO COM OS RUMOS DO FUTEBOL DO NOSSO MENGÃO E MUITO MENOS COM OS RESULTADOS, mas a minha natureza me pede que haja justiça nessas comparações, daí o teor da coluna de hoje. Então vamos falar de História.

A FAF (Frente Ampla pelo Flamengo), grupo político criado com o intuito de revolucionar a administração do clube, surgiu em 76 e assumiu o comando em 77 através de Marcio Braga. Até aquele momento nosso time era considerado poderoso, dono de uma torcida gigante e temida pelos adversários por sua paixão e apoio irrestritos, mas de conquistas apensa regionais. Estávamos ainda atrás do Fluminense em Cariocas, nunca tínhamos conquistado um Nacional (cabe a observação que o Botafogo já tinha uma Taça Brasil/68, o Fluminense uma Taça de Prata/70 e o Vasco um Brasileiro/74) e nossa única conquista oficial além das fronteiras do estado era um RJ-SP em 1961.

Apenas como informação, é legal saber que da chegada ao clube (jan/77) até a conquista do Mundial (dez/81) se passaram 5 anos. Durante esse período seis treinadores estiveram no comando técnico: Cláudio Coutinho (com duas passagens), Jaime Valente, Joubert Meira, Modesto Bría, Dino Sani e Paulo César Carpegiani, sendo quatro entre 80 e 81 (incrivelmente o período mais vencedor do clube). Já com relação ao aproveitamento da base, uma característica pode nos dar uma visão bem interessante a esse respeito: os times base ano a ano.

Em 76, portanto antes da chegada da FAF ele era, Cantarele (base), Toninho, Rondinelli (base), Jaime (base) e Júnior (base); Merica e Tadeu; Paulinho, Luisinho, Zico (base) e Luís Paulo. No primeiro ano da FAF – 1977 – tivemos: Cantarele (base); Toninho, Rondinelli (base), Dequinha (base) e Júnior (base); Carpeggiani, Adílio (base) e Zico (base); Osni, Cláudio Adão, Luís Paulo.

1978 tem um significado especial nessa questão, pois depois de ir bem nas fases iniciais nos Brasileiros de 76 e 77, caindo nas fases finais, em 78 o time, mesmo se classificando, teve uma queda. Isso aliado ao fato de não ganhar o Carioca desde 74, fez a direção se mover e trazer um pacote de reforços no meio do ano para a disputa do Carioca. Então, vamos ver os times-base de um e de outro: Brasileiro – Cantarele (base), Ramírez, Rondinelli (base), Dequinha e Júnior (base); Merica, Carpeggiani e Adílio (base); Júnior Brasília, Radar e Tita (base). Carioca – Raul, Toninho, Rondinelli (base), Manguito e Júnior (base); Carpeggiani, Adílio (base) e Zico (base); Ely Carlos, Cláudio Adão e Tita (base).

Em 79 tivemos dois estaduais e o brasileiro, mas vou fazer aqui um mix dos três times pra não prolongar muito: Cantarele (base), Toninho, Rondinelli (base), Manguito e Júnior (base); Carpeggiani, Adílio (base) e Zico (base); Reinaldo (Tita – base), Luizinho das Arábias (Cláudio Adão) e Júlio César (base). Com título Carioca e a consequente diminuição da pressão o time começa gradativamente a ter mais jogadores da feitos em casa. Eles não aparecem no base por não serem titulares, mas Andrade e Leandro já começam a dar as caras. Esse ano também marca uma eliminação que se fosse nos dias atuais, ou não tivesse o Flamengo já conquistado os três Cariocas seguidos (com peso enorme, então) seria seguida de uma certa caça as bruxas e o nosso Mundial poderia ter virado fumaça: os 1X4 pro Palmeiras dentro do Maraca que nos tirou do Brasileiro.

Chega 1980 e com ele nosso primeiro brasileiro (que passa a ser disputado no primeiro semestre). O time do ano foi esse: Raul, Toninho (Carlos Alberto), Rondinelli (base), Marinho (Luís Pereira) e Júnior (base); Carpeggiani (Andrade – base) (Vítor – base), Adílio (base) e Zico (base); Tita (base), Nunes e Carlos Henrique (base) (Júlio César – base). Vejam que a base começa a aparecer mais no time titular, mas não vemos Leandro. Não lembro, nem encontrei informações de contusão, mas pode ser que ainda estivesse em maturação, pois foi contratado outro lateral-direito.

Em 81 – nosso ano dourado – jogamos assim no Brasileiro (que perdemos): Raul, Leandro (base), Luís Pereira, Marinho e Carlos Alberto (Júnior – base); Vítor (base), Andrade (base) (Carpeggiani) e Peu (Zico – base); Fumanchu (Tita – base), Nunes e Adílio (base) (Édson). Em tempo: esse time deve ser desconsiderado pois o treinador só fez merda. Entre elas inventar que o Adílio era ponta-esquerda, matou o futebol do cara por seis meses.

No final do ano foi assim que conquistamos o mundo: Raul, Leandro (base), Marinho (Figueiredo – base), Mozer (base) e Júnior (base); Andrade (base), Adílio (base) e Zico (base); Tita (base) (Chiquinho), Nunes e Lico.

Todo esse exercício de busca e exposição para mostrar que, embora a base seja sempre forte em presença e qualidade no Mengão, somente nos últimos meses próximos da conquista do Mundial que ela foi consolidada com maioria no time titular. Mas não se pode esquecer o caminho que levou o clube até lá, co uma mescla de outros jogadores formados em casa e contratações pontuais e necessárias. O que não nos livrou de derrotas absurdas (como a pro Serrano em 80) e eliminações que hoje seriam traumáticas. E isso com o grupo político mais vencedor da História do Flamengo. A grande diferença? Naquele tempo não existiam internet e redes sociais e os torcedores tinham um pouco mais de PACIÊNCIA.

Saudações Rubro-Negras!!!

(PS: postei e saí correndo… #PartiuMaraca FUI!!! Palpite? rsrs )

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