A linha tênue entre o bom e o fora de série!

Salve, Salve, Nação Mais Linda do Mundo!

Mais uma rodada do desprestigiado, sorumbático, combalido, inflado e desacreditado Carioquinha 2017. Entramos no segundo trimestre do ano. Mais uma partida sonolenta! Ontem assistimos a um jogo onde observamos um Flamengo completamente perdido em campo, descompactado, com as linhas dispersas e com falhas individuais bizarras (algumas das quais acontecendo reiteradamente ao longo das partidas). Gostaria de saber até quando utilizar-se-ão subterfúgios e estratégias de transferência de responsabilidades por fatos e escolhas que sabemos, desde sempre, de quem são de direito!? Até quando assistiremos às coletivas com o discurso pronto de sempre?! Hipocrisia tem limites!

Não adianta o EBM comparecer aos programas da Tv e reclamar da escalação dos juízes (péssimos, diga-se de passagem) os quais sabemos que conduzirão as partidas esdruxulamente, do jeito de sempre. Como fugir das garras nefastas dos árbitros mal preparados por uma federação que visa única e exclusivamente o lucro e finge dar a importância devida aos juízes federados? Aonde não se tem treinamento (digno) de arbitragem, onde a reciclagem se dá apenas por afastamento (a famosa geladeira), sem qualquer orientação para a mudança efetiva de posturas equivocadas? Eu lhes respondo: “Matando o jogo!” Que nosso time faça 3, 4, 5, 6 gols logo e acabe com a partida. Isso não acontecerá sempre, mas amenizará o problema. Deixem os juízes errarem contra e a favor o Mengão e darem 3 pênaltis por jogo ou expulsarem um atleta por partida. Não adiantará nada! Pela diferença de score, esses erros passarão batidos. Eles sempre ocorrerão! A não ser que haja mudança radical em toda a FERJ. Alguém acredita nisso?

É dessa postura do elenco que eu estou falando! Seriedade e compromisso com o bom futebol. Sempre! Em qualquer circunstância e contra qualquer adversário! Com isso, não estou dizendo que os atletas, a comissão técnica e o departamento de futebol não trabalham com seriedade e abnegação. Sei que o trabalho é pautado no profissionalismo de excelência. Não é a isso que estou me referindo. É ao compromisso de todos por apresentar um bom futebol, jogado com o mínimo de coerência, congruência e concatenação entre ataque e defesa, primando pela qualidade tática, pois a técnica de nossos jogadores não é matéria para contestação. Deveríamos estar goleando em todos os jogos contra os pequenos, não importando o time que é escalado. A diferença de investimento e da qualidade dos elencos é abissal, gigantesca, monstruosa! Não estou falando dos clássicos, pois mesmo com os outros cariocas sem um elenco à altura do nosso, a possibilidade de um jogo parelho é perfeitamente aceitável e factível.

Mas está na hora de cobrarmos. Aliás, é hora sempre! Se a cobrança vem com responsabilidade, sem paixão, de forma serena, pontuada e pautada em observações técnicas e táticas pertinentes, tenho a certeza de que ela é extremamente salutar ao desenvolvimento do time. É hora de cobrarmos um mínimo de entrosamento na equipe que entra em campo. Mas aí virão os paladinos da justiça e bradarão: “o time foi todo mudado, eles não jogam juntos, devemos ter paciência”. Claro, devemos ter paciência. Mas até ela tem limites. Peguemos, por exemplo, o jogo de ontem (e poderia ter sido qualquer outro dos últimos quatro). O time jogou totalmente disperso, não havia um mínimo de organização tática, além de algumas individualidades mostrarem-se absurdamente mal tecnicamente. Aí, após o jogo, nosso treinador, em entrevista coletiva, diz que tudo foi treinado previamente, e justifica as mudanças feitas no decorrer da partida pontuando que isso e aquilo foi treinado à exaustão e que os atletas se comportaram bem durante as atividades no CT. Ok, discurso Nutella, politicamente correto. Zé Ricardo não vai querer perder o grupo numa simples coletiva pós-jogo.

Mas a pergunta que eu faço é a seguinte: se tudo o que fazemos em campo é treinado previamente e dá resultados positivos (para que seja aplicado no jogo), porque não conseguimos que o time renda o que se espera, principalmente, na parte tática? O rodízio faz-se necessário, mas as peças de reposição devem entrar e manter a engrenagem em perfeito funcionamento (lembrem-se que tudo foi treinado antes – dito pelo próprio treinador). A postura tática da equipe deve ser a mesma e a responsabilidade dos atletas em manterem essa disciplina deve ser cobrada à exaustão. Iniciamos o ano de 2017 de maneira muito positiva, com o time compactado, jogando em 40 metros de campo, onde todos marcavam desde a saída de bola do adversário. O time nos empolgava e dava a entender que só cresceria a partir dali! Onde está aquele time? Cadê o espírito de luta e o brio daquele Flamengo que nos brindou com atuações dignas, honestas e pautadas pela excelência técnica e tática? Volta pra cá, meu filho!

Infelizmente não temos visto isso ultimamente. Voltando aos paladinos, eles diriam: “Ah, os jogadores não têm motivação para jogar o carioca, campeonato sem apelo, etc e tal…” ok! Argumentação interessante. Mas ela cai por terra a partir do momento em que, lembrando o discurso de Leandro Damião quando foi entrevistado por uma repórter na saída de campo sobre essa tal motivação, ele, categoricamente, respondeu: “Não preciso de motivação! Minha motivação é apenas vestir essa camisa, esse manto sagrado! Isso basta para que eu dê sempre 100% em campo.” E realmente sempre vemos isso no atleta, mesmo que ele me desagrade tecnicamente, não posso negar que este espírito guerreiro e essa entrega em campo (não é apenas discurso pronto) cativa a todos nós, rubro-negros. E acho que isso está faltando em alguns atletas (Adryan, por exemplo). Que o psicólogo do clube abra o olho e trabalhe forte neste quesito junto aos atletas.

Quanto ao nosso técnico, estou começando a ter dúvidas de que ele seja realmente preparado para gerir um grupo tão distinto quanto o do Flamengo. Além da sua qualificação de ordem técnica (cuja qual me parece ser muito adequada) e tática (a qual também me agrada bastante), ainda devemos pensar na gestão de pessoas (esse é o ponto!). E é aí que nosso técnico, na minha ótica, se perde um pouco. Sua meritocracia está sendo colocada em cheque, pois desde o ano passado, quando um atleta entrava bem em algumas partidas, esse mesmo jogador era relegado ao esquecimento por nosso treinador que alegava, à época, que não poderia mudar o esquema pois havia assumido o time há pouco. Tudo bem, é um argumento válido. Mas e agora? O que acontece? Porque os jogadores que estão deixando a desejar técnica e taticamente continuam aproveitando a titularidade e os outros atletas da posição (alguns, inclusive, pedindo passagem) não são testados? Isso faz com que um treinador vá perdendo o grupo aos poucos, pois as escolhas deixam de ser meritórias e passam a ser pessoais.

Aliás, existem algumas escolhas de ordem pessoal com as quais eu não compactuo há tempos, vide Cirino, Gabriel e Márcio Araújo. Ainda não entendo porque o Cirino continua sendo opção para a lateral do ataque. São escolhas baseadas em que méritos? O mérito de perder as bolas que recebe e matar toda e qualquer jogada pelo lado de campo em que atua? Ou há mais caroço nesse angu do que parece? E nosso zagueiro Vaz? Porque o Donatti ainda não teve uma chance para ser titular? O Zé vai esperar nosso zagueiro entregar a paçoca na Libertadores? Aí será tarde demais. E o que o Márcio Araújo ainda faz no time titular do Flamengo? Onde está o Ronaldo? Porque não tem uma chance efetiva? Lançá-lo contra Resendes da vida não servirá de parâmetro para que ele demonstre seu futebol e para que tenhamos segurança de que ele possa ganhar a posição na dupla de volantes. E vejam que o menino é um baita volante, e está pedindo passagem. Mas nosso técnico continua deixando de enxergar essas nuances, deixando transparecer uma certa dose de inconsistência meritocrática.

Bom, é isso pessoal. Não fiquem com a impressão de que eu acho que está tudo errado. Longe disso! Mas estamos demorando demais para que o time apresente um futebol mais efetivo e convincente. Podemos fazer um parâmetro com a Fórmula 1 onde são necessários alguns ajustes no carro que não são mostrados pela telemetria. Isso compete ao feeling do piloto, é a linha tênue que separa os excelentes dos fora-de-série. E se o piloto, mesmo sendo o mais qualificado possível, não consegue ter essa percepção, esse timing, ele não conseguirá fazer daquele um bólido campeão. Chegará sempre entre os primeiros colocados pela qualidade do carro e pela organização e estrutura da equipe, mas para ganhar, para conquistar troféus, precisa de mais. Precisa ser diferenciado, ousar dentro da pista e sentir qual o momento ideal para a tomada de certas decisões cruciais.

Com o futebol é a mesma coisa. Leitura de jogo, feeling com os atletas, timing para realizar as substituições que surtirão efeito e mudarão a partida em andamento. Será que o Flamengo tem as peças diferenciadas das quais precisa dispor para que seu futebol se apresente de forma mais eficaz e comecemos a conquistar os títulos dos campeonatos que disputamos? Essa certeza, em mim, já foi muito mais forte do que atualmente. Estou vendo um Flamengo cada vez menos competitivo. Espero que essa minha sensação, esse meu feeling seja apenas uma impressão equivocada…

O Flamengo simplesmente é!
Saudações Rubro-Negras a todos!!!

Fabio Monken

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Fonte: http://colunadoflamengo.com/2017/04/linha-tenue-entre-o-bom-e-o-fora-de-serie/

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