O Flamengo enfrentou uma crise na última semana, mas parece ter encontrado o caminho para solucioná-la. Já o Racing nem tanto. Se a situação do Rubro-Negro era crítica, a do adversário desta terça-feira, pelas oitavas de final da Libertadores, parece estar pior. Isso envolve até renuncia de um ídolo do clube que estava na diretoria, um treinador que está com risco de demissão e série de derrotas seguidas.

A bomba estourou no último domingo após o ex-atacante e ídolo do clube, Diego Milito, renunciar ao cargo de secretário geral de futebol — ele deixará a pasta a partir da próxima temporada. A saída é importante pelo contexto: o argentino é um dos maiores ídolos da história da equipe de Avellaneda e visto como o principal nome da reestruturação esportiva do clube.

O principal motivo para a saída de Milito tem a ver com o conflito interno com o presidente Víctor Blanco e sentir que estava sem respaldo. Em vídeo, afirmou que “não compartilha do modelo de gestão e das ideias do presidente”. Neste ponto, outro pilar da crise entra em cena: o técnico Sebástian Beccacece e Adrián Fernandez, membro do conselho de administração e muito próximo de Blanco.

Gustavo Bou comemora um dos três gols que marcou na goleada do Racing com Diego Milito e Marcos Acuna Foto: Carlos Eduardo Ramirez / REUTERS

— Me envolvi há três anos para tentar mostrar um caminho diferente: o da profissionalização de uma área fundamental como o esporte. Acho que foi um sucesso. Com erros e virtudes, os resultados estão à vista. Mas obviamente não tenho conseguido convencer [os dirigentes], sinto que não fui ouvido e por isso deixo o espaço para vocês continuarem com suas ideias — declarou Milito.

Após nova derrota do Racing no Campeonato Argentino, a quarta consecutiva, Blanco conversou com Sebastián Beccacece ao lado de Fernández, o que aumentou o desconforto de Milito com o presidente. Além disso, o ex-atacante ficou irritado pela diretoria decidir não contratar Jorge Rodríguez, do Banfield, para cobrir algumas das lacunas deixadas pelas lesões de Marcelo Díaz e Mauricio Martínez.

Beccacece não conta com o apoio de Blanco e de Fernandez, mas segue no clube muito por causa de Diego Milito. Contratado junto ao Independiente, em 2020, ele subiu Eduardo Coudet, que estava no Internacional e agora defende o Celta de Vigo. Conhecido pelo estilo de posse de bola e ofensivo, Beccacece não conseguiu implementar as suas ideias e coleciona derrotas no Racing.

Na atual temporada, o clube argentino tem quatro derrotas em quatro jogos: 4 a 1 para o Atlético Tucumán, 2 a 0 para o Unión, 2 a 0 para o Arsenal de Sarandí, 2 a 0 novamente para o Atlético Tucumán.

Em um momento de crise no futebol e na preparação para o importante duelo da Copa Libertadores contra o Flamengo, a saída de Milito é um novo golpe para o Racing. E pode causar mais problemas: Blanco poderia analisar não concorrer nas eleições para presidente em dezembro.

Série de desfalques

Além de todos esses problemas, o Racing tem uma série de desfalques dentro de campo por lesões ou por testes positivos de Covid-19. O atacante Cristaldo, ex-Palmeiras, é um dos que está com o vírus. Ele foi submetido à prova pelo protocolo da Libertadores. Todos os testes de PCR foram negativos, exceto o dele.

Já o também atacante Darío Cvitanich sentiu dores musculares após a partida contra o Atlético Tucumán e também é duvida para o duelo contra o Flamengo.

Além disso, Mauricio Martínez foi operado do menisco do joelho direito e Marcelo Díaz terá que passar pela mesma operação.

Nery Domínguez (lesão na perna esquerda), Reniero (pubalgia) e Soto (ruptura no quadríceps esquerdo), Lorenzo (ruptura do bíceps femoral na perna esquerda) e Augusto Sol (lesão na perna direita) completam a lista.