A postura do Palmeiras na primeira apresentação de seu time titular em 2021 traz uma boa e uma má notícia para o Flamengo e sua torcida antes do primeiro grande clássico nacional da temporada.

A boa é que, diante do Defensa y Justicia, no jogo de ida da final da Recopa Sul-Americana, a equipe paulista não esboçou qualquer sinal de que vai disputar o protagonismo e o controle do jogo no outro duelo decisivo da semana, domingo, diante do rubro-negro carioca, pela Supercopa.

O time de Abel Ferreira demonstrou na Argentina uma das receitas que o levaram a faturar os principais títulos de 2020. Organização defensiva, com agilidade e objetividade para atacar. Nada de brilho e encantamento. Por outro lado, foi facilmente envolvido. E ganhou por pouco.

O placar de 2 a 1 será decidido em Brasília, na próxima semana, com vantagem do empate para o Palmeiras, que teve o gol de empate anulado no fim, em impedimento controverso.

Antes, também na capital federal, o clube paulista enfrenta o Flamengo e tem tudo para adotar uma postura semelhante. E aí vem a má notícia. O Palmeiras soube suportar por um bom tempo a pressão de um time que o envolveu por noventa minutos. E deixou claro que tem frieza para ser cirúrgico nas oportunidades que aparecem.

O primeiro gol palmeirense, aos 16 minutos, saiu por erro de passe do Defensa. Após interceptação, a bola longa foi direto da zaga para Willian, que verticalizou novamente e deu para Rony ganhar na corrida e tocar na saída do goleiro.

Felipe Melo é ponto fraco

Mas há problemas a serem explorados. A atuação contra o Defensa y Justicia mostrou lacunas na estratégia do Palmeiras. A aparente solidez na defesa não escondeu as dificuldades em achar a troca de passes do adversário. Por diversas vezes, o time argentino entrou na área palmeirense tocando a bola, com muitos passes de primeira, que deixaram principalmente Felipe Melo desnorteado. Aliás, o veterano é notadamente um dos caminhos no campo. Como no gol de Braian Ramires no segundo tempo.

Ao caírem em suas costas, meias e volantes conseguiram construir as jogadas, especialmente pelo lado direito da defesa. O lateral Marcos Rocha sofreu para fazer a marcação e acabou inibido em suas subidas ao ataque. De volta após recesso duas semanas depois do Flamengo, o time titular do Palmeiras também deu sinais claros de desgaste físico. O que se tornará uma nova vantagem para os cariocas.

Ainda houve desfalques por lesão e por Covid, caso de Luiz Adriano. O meia Patrick de Paula, talento da base, começou no banco, e Zé Rafael não entrou bem. Quando o jovem deu o ar da graça, o empate já havia ocorrido. Por sorte, na entrada de Gustavo Scarpa, veio a virada. O meia fez a diferença na bola parada.

De qualquer forma, o jogo mostrou caminhos. Um dos desafios do Flamengo será atacar mais pelo lado esquerdo em bloco, como fez o Defensa y Justicia. A construção de jogada dos argentinos, aliás, lembra a forma do Flamengo de criar desde a sua defesa. Talvez tenha faltado mais talento, o que facilitou a vida do Palmeiras, que esteve na defensiva sempre que foi à frente no marcador.

Só fica mais um alerta. O atacante Rony, autor do gol do Palmeiras, caiu bem pelo lado direito do ataque, onde o Flamengo tem Filipe Luis, e pode alternar de lado para aproveitar as subidas de Isla. Mas sua velocidade e a de Willian, diante da linha alta defensiva que Rogério Ceni tem mantido quase intacta com Rodrigo Caio e Arão, será prova muito mais complicada do que os adversários do Estadual proporcionaram até agora. Portanto, o time precisa manter o pé na fôrma e converter as oportunidades criadas, coisa que o Defensa y Justicia não fez.