Que Paolo Guerrero não é um centroavante dos mais íntimos das redes todo mundo já sabe. E, de certa forma, no Flamengo, isso foi perdoado pela convicção de que seu papel ia muito além de marcar gols. Nos momentos de sufoco, era possível apegar-se à raça, ao domínio preciso, ao jogo de corpo e, aqui e ali, a uma finalização com categoria. Mas a versão pós-Copa do atacante peruano é uma caricatura pálida de tudo o que ele um dia ofereceu ao rubro-negro.
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Suas atuações mais recentes — e principalmente na quarta-feira, no empate com o Santos — provam que as incertezas sobre o futuro já o afetam. Parece claro que seus dias no Flamengo estão contados: com contrato para terminar em agosto, não há avanço nas conversas pela renovação. Mais do que isso, Guerrero não sabe sequer até quando poderá entrar em campo. Basta uma virada nos tribunais suíços derrubar a liminar de que desfruta e, assim, obrigá-lo a cumprir os oito meses que restam da pena por doping.
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Se antes não havia alternativa ao peruano, agora o Flamengo tem uma trinca delas. Recém-chegado, Uribe já demonstrou que tem qualidade técnica para assumir o comando do ataque. Henrique Dourado, se não é um primor nos fundamentos básicos, tampouco parece um reserva desprezível. E o menino Lincoln, embora verde, precisa e merece espaço para crescer. Faz sentido, então, manter em campo um camisa 9 que, de um ano para cá, participou de 19 jogos e marcou apenas três gols?
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Como a lógica responderia “não”, talvez o apego ao nome explique sua titularidade neste melancólico fim de ciclo. Mas é incoerente às pretensões de um clube candidato ao título alçar sentimentalismos ao primeiro plano. Se o Flamengo dispensará mesmo Guerrero no próximo mês, está na hora de tratá-lo como o apêndice que se tornou. E de preparar seu substituto para uma maratona que inclui Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores — e não será vencida por outro caminho senão o da eficiência.