Por 15 dias, o Brasil esperou por um jogo à altura da partida tecnicamente ótima de Porto Alegre. O Maracanã viu um Flamengo x Grêmio muito bom, de fato. Só que, durante 60 minutos, foi um jogo com uma cara inesperada. Um período em que só um time fez o que está habituado: controlou e jogou melhor. Nesta parte do jogo, foi possível dizer que jogou o Grêmio, ganhou o Flamengo por 1 a 0.
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A partir daí, quando Maurício Barbieri e Renato Gaúcho passaram a interferir com suas mexidas, o Flamengo melhorou, controlou mais as ações, teve até a chance de ampliar. Ocorre que, até ali, era um tipo de jogo nada habitual ao Flamengo, que nunca pareceu à vontade. Não é simples mexer na identidade de um time. Costuma ter um preço alto. É possível que a questão física tenha conduzido a uma forma de jogar bem mais conservadora. Ao menos, o time chegou mais inteiro aos minutos finais, quando assegurou a vaga nas semifinais da Copa do Brasil, contra o Corinthians.
Tem coisas curiosas o futebol. Quem jogou à sua maneira no primeiro tempo foi o Grêmio. Quem controlou a bola e as ações foi o Grêmio. Quem respeitou a identidade de jogo que construiu em épocas recentes foi o Grêmio. E quem foi ao intervalo em vantagem foi o Flamengo.
Foi surpreendente ver o rubro-negro romper com a ideia que cultivou nos últimos meses e que o levaram a bons desempenhos, apesar de oscilações. Marcou atrás, tentou um jogo mais direto, inclusive com recurso às bolas longas. Sem tantos apoios surgindo na saída de bola, pareceu um time de peças distantes, em imensa dificuldade de sair de trás.
A questão não é promover juízo de valor, tratar como certa ou errada a opção entre ter iniciativa ou contragolpear, ter ou não ter posse de bola. O fato é que nem sempre foi possível sustentar que a estratégia escolhida pelo Flamengo foi bem executada. A bola rondou a área, Éverton perdeu gol com Diego Alves batido e o dono da casa, num Maracanã cheio, fez o inverso do que historicamente buscou em dias nobres no estádio. Não foi protagonista.
E na arquibancada… o show da Nação! #FLAxGRE pic.twitter.com/WGEsucTu9w
— Flamengo (@Flamengo) 16 de agosto de 2018
É verdade que o Flamengo precisava poupar pernas de um time desgastado. E, evidente, um gol faz muita diferença no andamento de partidas. O Flamengo já buscava este jogo rápido, vertical. E nos primeiros minutos empregou um ímpeto, uma intensidade imensa, difícil de sustentar. Foi recompensado com o gol de Éverton Ribeiro, logo aos quatro minutos. E só voltou a se colocar no campo ofensivo nos minutos finais do primeiro tempo.
Voltou do intervalo ainda acuado, viu um cruzamento de Léo Moura atravessar a pequena área. Por instantes, o Grêmio jogou como se estivesse em Porto Alegre. Teve ótimos momentos de futebol. Não aproveitou.
Quando Barbieri chamou Marlos Moreno, o jogo se transformou. Não só porque o colombiano entrou aceso, acertando jogadas. Mas por se posicionar junto a Henrique Dourado. Num 4-4-2, o Flamengo espaçou o Grêmio e achou linhas de passe, ficando mais com a bola. Virou um jogo de xadrez. Renato colocou Marinho na ponta e Barbieri passou Marlos para o lado do campo. Alinhou Paquetá com Cuéllar, depois com Arão, e melhorou a saída de bola. O Grêmio, que poupou mais titulares no Campeonato Brasileiro do que o Flamengo, foi quem pareceu cansar mais no fim. O Flamengo terminou com mais controle, mas o alívio só veio no apito final.
FLAMENGO 1 X 0 GRÊMIO
Estádio: Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Ricardo Marques Ribeiro (MG/FIFA)
Assistentes: Kleber Lucio Gil (SC/FIFA) e Danielo Ricardo Simon Manis (SP/FIFA)
Renda/Público: 55.461 presentes e R$ 2.467.530,00
Cartões amarelos: Diego Alves, Renê, Diego, Henrique Dourado; Maicon, Luan, Marinho, Douglas (do banco)
Gol: Éverton Ribeiro (1-0, 4’/1T)
FLAMENGO: Diego Alves; Rodinei, Léo Duarte, Réver, Renê; Cuéllar (Willian Arão 39’/2T); Éverton Ribeiro, Lucas Paquetá, Diego (Rômulo 43’/2T), Vitinho (Marlos 11’/2T); Henrique Dourado. Técnico: Maurício Barbieri
GRÊMIO: Marcelo Grohe; Léo Moura (Marinho 25’/2T), Pedro Geromel, Kannemann, Bruno Cortez; Jailson, Maicon (Alisson 37’/2T); Ramiro, Luan, Everton; André (Jael 19’/2T). Técnico: Renato Gaúcho
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