Análise: Flamengo de Jorge Jesus encurta campo, abusa da emoção, mas passa em teste na …

Melhores momentos de Athletico-PR 1 x 1 Flamengo pelas quartas de final da Copa do Brasil

Linhas bem definidas, próximas e avançadas. Jogadores de ataque com maiores obrigações defensivas. Troca de passes vertical e rápida.

O Flamengo de Jorge Jesus, sem dúvidas, é um time diferente. Mas ficou evidente no empate por 1 a 1 com o Athletico-PR, na Arena da Baixada, na noite de quarta-feira, pelas quartas de final da Copa do Brasil, que carece (bastante) de ajuste fino para que seja mais equilibrado sob o comando do português.

Jorge Jesus participou muito do jogo para corrigir o posicionamento do Flamengo — Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Os erros de posicionamento e a dificuldade para aproximação com a bola nos pés chamaram a atenção, principalmente no primeiro tempo. E o VAR fez valer a estratégia de um novo sistema defensivo que joga no limite do erro. Não à toa, o Furacão teve três gols bem anulados por impedimento.

No fim das contas, o saldo foi positivo para uma equipe que em 20 dias mudou consideravelmente a forma de jogar. Ainda mais se levado em conta que a era Jorge Jesus teve início contra um adversário que habitualmente machuca o Flamengo no acelerado gramado sintético da Arena da Baixada.

A mudança que mais salta aos olhos está no posicionamento defensivo. E pelo que foi visto em Curitiba é bem significativa. O Flamengo de Jesus jogou com duas linhas muito bem definidas, a mais recuada variando até para cinco jogadores, e avançadas, quase no meio de campo quando o Athlético saía com a bola.

Léo Duarte, Cuéllar e Rodrigo Caio cercam Nikão em duelo no Paraná — Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Rodrigo Caio era quem ditava a altura da última linha e desde o início ficou claro que Vitinho e De Arrascaeta teriam que se esforçar mais do que o costume na marcação. Com o auxílio de Renê, o uruguaio teve mais sucesso na missão. Do outro lado, o camisa 11 sofreu para cobrir os avanços de Márcio Azevedo no primeiro tempo.

Quem naturalmente também terá maior participação é Diego Alves. Não foram poucas as vezes em que o goleiro teve que sair da área para jogar com os pés em bolas esticadas nas costas da linha adiantada. Em uma delas, chegou a defender com as mãos fora da área em lance polêmico.

Cirino pressiona Diego Alves, na entrada da área, o goleiro pega com a mão no limite da grande área, aos 10′ do 1º tempo

E esse foi o ritmo do primeiro tempo: um Flamengo que tentava manter o equilíbrio no avanço das linhas defensivas contra um Athlético que tentava usar o espaço a partir da intermediária ofensiva com inteligência. Equação que ajuda a explicar os dois gols anulados por impedimento do Furacão.

No ataque, o Flamengo era quase nulo. A compactação defensiva não refletia em aproximação com a bola nos pés. Arrasca e Vitinho seguiam explorando os corredores, deixando um latifúndio que Cuellar e Arão tinham dificuldades em ocupar por dentro.

Na beira do campo, um inquieto Jorge Jesus não escondia o descontentamento, principalmente com o posicionamento da equipe. E o Flamengo voltou mais ajustado para o segundo tempo.

Em rara aparição pelo meio, Arrascaeta viu Gabriel desperdiçar chance na frente de Santos após belo passe. Os lançamentos longos do Furacão já não encontravam tantos buracos nas costas da defesa, e o gol de Léo Pereira saiu em escanteio que fez JJ dar o recado em coletiva:

– Foi um gol em bola parada, onde geralmente minhas equipes se comportam bem.

O Flamengo, por sua vez, se mostrava capaz de trocar mais passes para sair da pressão do Athlético. Se Bruno Henrique estava mal, Gabigol encontrou o tempo da linha de defesa adversária e levava perigo. Tanto que, após lateral cobrado por Renê, empatou com toque por cima na saída de Santos.

O empate naturalmente levou o Furacão ao ataque, mas, muito mais bem ajustado, o Flamengo conseguia diminuir o campo e evitar as espetadas. Já com Diego e Éverton Ribeiro nos lugares de Cuéllar e Vitinho, ganhou também troca de passes e era mais perigoso nos contra-ataques.

Arrascaeta dá bolão e deixa Gabigol na cara do gol, que chuta em cima de Santos, aos 02′ do 2º tempo

O ajuste tornou o time da casa menos incisivo e evitou uma pressão nos minutos finais. Mesmo nas laterais, o Athlético não conseguia ser agudo e o Flamengo administrou o resultado.

– Temos uma ideia de jogo defensivo onde as linhas jogam muito próximas. Mas querer é uma coisa, fazer é outra. Já passamos a ideia, trabalhamos em cima disso. E esteve mais ou menos. Não esteve perfeita. A segunda linha não trabalhou muito bem. Mas se vocês perceberem o motivo dos três gols do Athlético serem invalidados, foi exatamente por esse posicionamento da última linha.

Definiu Jorge Jesus ao avaliar a mudança mais perceptível de um time que precisará de tempo para mostrar se é pior ou melhor. O que não há dúvidas é de que é diferente.

Fonte: https://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/analise-flamengo-de-jorge-jesus-encurta-campo-abusa-da-emocao-mas-passa-em-teste-na-baixada.ghtml

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