Arthur Muhlenberg: “O Flamengo não aprende”

O Flamengo ganhou mais um Fla-Flu. Êêêê! Ganhar Fla-Flu é legal, por mais vagabundo que esteja o coirmão esquisitão de Laranjeiras, é sempre um clássico. Ganhar clássico, até os que não valem nada em campeonatos que valem menos ainda, faz bem pra moral do time e da torcida. Mas ter ganhado o Fla-Flu #421 do jeito que o Flamengo ganhou não deu pra empolgar, não. Alô, alô, comunidade, nesse post a corneta vai roncar.

Se o jogo tivesse acabado aos 12 minutos do 2º tempo, quando Gabigol marcou seu 6º gol no campeonato, girando o placar para 3 x 0, o torcedor rubro-negro já estaria oficialmente autorizado a reclamar do desempenho do time. Porque o Flor reserva, com Ganso e tudo, se mostrava até aquele momento inofensivo e minúsculo. Diego Alves estava com o uniforme imaculado porque os caras simplesmente não chutaram nenhuma bola na direção do nosso gol. Ora, se o Flamengo bilionário com todos os queridinhos do treinador que estavam disponíveis em campo e atacantes que custam tanto quanto um jatinho particular não metem 5, 6 ou 7 gols num adversário que se comportava como um grupo de cones já temos motivo pra reclamar. Foi realmente uma pena que o jogo não tivesse acabado aos 12’.

Mas o jogo continuou, confirmando velhos medos e trazendo novas incertezas. Ainda que sempre tenhamos a consciência da inquebrantável capacidade do Flamengo em flamengar, enquanto comemorávamos o gol do Gabriel não dava pra desconfiar que a situação ia se deteriorar tão rapidamente. O velho problema comportamental se manifestou outra vez. De uma hora pra outra o Flamengo se desligou do jogo, perdeu o foco, resolveu deixar a bola com os tricolores e ficar só olhando. De boca aberta, assistindo ao Fluminense jogar, levamos logo dois gols no quengo. E levar o terceiro do mini-flu não foi uma possibilidade remota.

Por que o Flamengo não segura a marimba? Por que encontra tanta dificuldade para definir seus jogos, porque fica dando mole no final dos jogos? São essas perguntas que ninguém faz pro Abel na hora em que ele dá coletiva divulgando os benefícios da groselha e trocando o nome do Flamengo. E também se alguém fizesse duvido muito que ele as pudesse responder. Porque muito provavelmente ele também não sabe o que está acontecendo. Mas é evidente que alguma coisa está muito errada na preparação física ou mental da equipe. Não é normal que o mesmo erro de postura se repita tantas vezes.

A vitória no clássico não pode servir pra encobrir as falhas, Abel precisa rever o que está fazendo antes que seja tarde demais e o Flamengo acabe eliminado de alguma competição importante por causa de bobeirol no final dos jogos. Pouca coisa pode efetivamente ser consertada nos dois treinos que o time vai fazer até o Fla-Flu de quarta-feira. Um Fla-Flu que vai ser exatamente o contrário do Fla-Flu de domingo. O favoritismo do Florminense, jogando por um empate, e anabolizado moralmente pela necessidade de vencer a Taça Rio para continuar vivo no Carioca, é indiscutível. Pelo jeito essa problemática terá que ser quebrada na ideia. Numa conversa sincera entre jogadores e Comissão Técnica. Sim, é justamente aí é que mora o perigo. Mas sem conversar é que não vai rolar mesmo.

Não creio que o time titular do Fluminense seja uma preocupação só por serem titulares. Sabemos que a diferença pros reservas é pouca. Os adversários mais terríveis que o Flamengo vai enfrentar na semifinal são a sua classificação já garantida pras semifinais do Carioca e o Fluminensinho pequenininho fechadinho na sua defesa, jogando como timinho. A previsível e tradicional retranquinha safada tricolor preocupa muito, porque a história mostra que o Fluminense quanto menor, mais perigoso. Sei não, melhor não se empolgar muito com esse jogo de quarta.

Flamengo venceu, ok, mas não tem ninguém de parabéns. Pra merecer parabéns eles tem que ganhar alguma coisa antes.

Reprodução: República Paz & Amor

Fonte: https://colunadoflamengo.com/2019/03/arthur-muhlenberg-o-flamengo-nao-aprende/

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