Até onde sonhar com Zé?

Fala, galera. Pedro Caruso na área. Não tem jeito. Falou de Flamengo nos últimos quinze dias, falou de Zé Ricardo. O elenco mais caro do clube desde que me entendo por gente não funciona há algum tempo. E a responsabilidade é dele.

A última atuação condizente com a qualidade desse elenco foi, com muita boa vontade, na peleja diante do San Lorenzo. Um 4 x 0 convincente, que lavou a alma e deu esperança. Mas, hoje, fica só como um ponto fora da curva.

Esse texto não se trata de um massacre em praça pública. Longe disso. Esse que vos fala foi, talvez, o maior defensor da efetivação do jovem treinador ano passado. A disputa pelo título brasileiro até os últimos jogos do campeonato ano passado deve-se, sobretudo, à ele.

Mas o passar do tempo e a qualificação do time não representou o que deveria. O Flamengo hoje joga um futebol mais precário. Previsível. Taticamente, parou no tempo. Insiste num esquema falido, e em peças absolutamente questionáveis.

Não pode um time, de qualidade sobretudo criativa, ser escravo do 4-3-3, que obriga a escalação de atletas que não estão patamar do restante do time. Ilustrando: com a punição de Berrío, ponta, na cabeça de Zé, o substituto será o outro ponta Gabriel, o que naturalmente prejudica o aspecto técnico. Na verdade o substituto de Berrío deveria ser alguém que estivesse em mesmo patamar técnico de Berrío, e não que jogue na mesma posição. Mesmo que isso obrigue a escalação de outro meia, por exemplo, e provoque a alteração de esquema.

Acontece que Zé está aficcionado no 4-3-3 e não parece disposto a novas experiências. O que fecha o leque de alternativas e não permite a exploração devida da qualidade do elenco.

E o questionamento ao seu trabalho não para por aí.

A insistência em Vaz, tendo Donatti e Juan no banco.

A covardia com Cuéllar, que só tem oportunidade contra Resendes, Madureiras e Bangus, sempre inserido num contexto desfavorável de reservas. O colombiano jamais foi testado no time que se considera titular e num jogo que de fato o exigisse. Como se pode avaliar assim?

E Ronaldo ser preterido por Márcio Araújo? Há justificativa?

Zé deve, pode e vai ficar conosco por muito tempo. É jovem. Ainda vai errar muito. Precisa errar. A gente só cresce no erro.

Acredito que seremos heptacampeões brasileiros em 2017. É um torneio que dá oportunidade de evolução ao longo de sua realização e contempla bons trabalhos de longo prazo. Dá a possibilidade de correção de falhas, já que essas, aqui, não tem o mesmo peso que na Libertadores, por exemplo, que enxergo como um sonho mais distante para o ano corrente. Às vezes a escalação de um zagueiro mal preparado custa a eliminação da competição sul-americana. No Brasileiro, apenas a perda de um jogo em trinta e oito possíveis. O peso é infinitamente menor e é aí que vejo o título brasileiro como mais palpável, já que Zé, por ser novo, ainda errará muito. A Libertadores engloba fatores extra campo, pede algo a mais, que só vamos adquirir disputando-a.

Não perdi a confiança. Mas questiono. Era pra ter evoluído. Era pra ter desapegado de ideias que deram errado. De jogadores que vão afunda-lo. Mas ainda confio. E acredito que Zé tenha capacidade pra ser um dos principais treinadores do país em alguns anos. Hoje ainda é uma boa promessa. Que além de tudo é rubro-negra e conhece a casa como poucos. Não há melhor opção que ele para o cargo. Mas precisa se mexer. Não dá pra ficar parado no tempo e refém de um esquema.

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Fonte: http://colunadoflamengo.com/2017/04/ate-onde-sonhar-com-ze/

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