CAÇA ÀS BRUXAS

Nosso ano esportivo vai chegando ao fim e o sentimento que toma conta da maioria de nós, ao contrário da empolgação inicial, é o de apreensão. Absolutamente justificada, por sinal. No Brasileiro continuamos patinando. O G4 (faltando apenas 4 rodadas) parece inatingível. Até o G7 está cada vez mais ameaçado. Resta a possibilidade de Caneco na Sulamericana, é verdade, mas alguém aqui apostaria todas as suas fichas nessa conquista?

O que mais me entristece é que, em um momento TÃO MEDÍOCRE do futebol praticado aqui, onde quem prefere dar a bola para o adversário jogar consegue tirar vantagem disso, me ENCHIA os olhos ver aquele Flamengo jogando no campo adversário, na busca incessante pelas vitórias. Sofríamos com erros individuais (como acontece até hoje), mas nosso problema era basicamente o percentual de aproveitamento nas conclusões, algo que se corrige com tempo e treinamento (quando há tempo para se treinar).

Mas, como o Juan deixou bastante claro no programa Bem Amigos, a eliminação na Libertadores (precoce, injusta e azarada) abalou mortalmente a confiança da equipe e sua relação com a torcida. Um prato CHEIO para alguns integrantes da mídia alimentarem ainda mais a insatisfação dos nossos torcedores, classificando, MALDOSAMENTE, como “mais um vexame” nosso, na principal competição do continente.

Discordo totalmente do uso do rótulo “vexame” para o fato de sairmos de uma competição (depois de perder seu principal jogador) no último lance da última partida, jogando no “Grupo da Morte”, contra uma equipe argentina em sua casa e que só se materializou graças a um resultado pra lá de improvável no outro jogo da chave. Como também acho CRIMINOSAMENTE INJUSTO acrescentar nas costas do nosso elenco atual, a responsabilidade de eliminações passadas.

Era EVIDENTE que a eliminação na competição, sabido sonho de consumo de dez entre dez de nós, provocaria um abalo na equipe. Qualquer torcedor, com um mínimo de bom senso, deduziria que uma eliminação de Libertadores, da forma como aconteceu, abalaria a confiança do grupo e afetaria o rendimento da equipe durante algum tempo.

E, embora beirasse a ingenuidade imaginar que a torcida fosse encarar essa eliminação sem algum tipo de reação, não perceber a mal disfarçada satisfação da mídia diante da nossa decepção, e ainda amplificar o volume do terrorismo que veio a seguir, foi de uma PROFUNDA falta de inteligência. Me impressiona o fato de grande parte da nossa torcida AINDA entrar na pilha dessa gente, sem conseguir identificar a verdadeira intenção por trás do que vociferam diariamente em seus programas.

Na sua incessante busca por “Bruxas”, depois de já se sentirem livres do treinador e da titularidade dos jogadores indesejados; de escolherem o novo treinador; e, de não perceberem melhora alguma no rendimento, passaram a apontar a “Falta de Cobrança” dos Dirigentes (especialmente Bandeira e Rodrigo Caetano) e o “Corpo Mole” dos jogadores como responsáveis pelos maus resultados. Mais um erro GROSSEIRO de avaliação.

Cobrança EXISTE e ela começa pelos próprios jogadores do elenco. Jogador de futebol não aceita derrota nem em rachões. Como também NENHUMA instituição, gerida com o grau de profissionalismo que o Flamengo hoje em dia É, consegue se tornar referência em gestão, se a cobrança por resultados não estiver presente de forma diária.

Sempre apoiei o Bap, por considerar que a estratégia de salvação financeira do clube teve a participação destacada dele, pela sua personalidade inflamada ser mais identificada com o Flamengo e por classificar como “Pernada” a atitude que o EBM teve em relação a ele depois de se eleger.

Só que o Bandeira, pelo desenvolvimento do Flamengo a partir de sua administração, já pode ser considerado o Presidente mais importante da nossa história. Já o Bap, honestamente, suas últimas aparições na mídia sugerem mais OPORTUNISMO BARATO, do que tentativa de identificação, e solução, dos nossos problemas.

Quanto ao Rodrigo Caetano, o considero o melhor profissional do país na sua área. Para os discordantes, peço que me apresentem UM torcedor, APENAS UM, que não tenha comemorado efusivamente as contratações de Diego, Guerrero, Conca (Rodrigo não é médico), Rômulo, Diego Alves, Rodolfo ou Everton Ribeiro. Ou mesmo quem não aprovou a vinda do Geovânio, se lembrasse da bola que jogava no Santos. Fora isso TUDO, foi o responsável pela MAIOR transação da história do futebol brasileiro, na negociação da nossa promessa ainda com 16 anos.

Corpo mole??? Qual jogador desse elenco atual já sofreu acusação de corpo mole em sua carreira? Por que jogadores profissionais (e o profissionalismo é uma característica exigida para TODOS os jogadores que são escolhidos para fazer parte do nosso grupo), a quem são oferecidas as melhores condições de trabalho possíveis no país, e atuando na MAIOR vitrine das Américas, deixariam de dar seu melhor???

É evidente que precisaremos qualificar ainda mais nosso elenco e que, para isso, alguns jogadores deverão sair. Mas, sugerir uma “Barca”, considero um tanto exagerado. Imagino que pode haver, sim, uma “Canoa”, com reposições pontuais. Já ultrapassamos a fase da necessidade de mudanças radicais de elenco a cada virada de ano. Especialmente pelas consequências que isso pode ter, caso a gente consiga a classificação para a Pré-Libertadores, que começa já no final de janeiro.

Barca se justificaria se pudéssemos incluir nela uma quantidade considerável de torcedores (e até alguns coleguinhas colunistas), que mais atrapalham do que ajudam. Com o desenvolvimento das Redes Sociais a voz dos torcedores foi elevada a níveis nunca antes vistos.

A parte lamentável é que nem todos mereçam ser ouvidos e acabem trabalhando para agravar ainda mais um momento ruim. EXIGIRAM o Rueda, imaginando que, com ele, teríamos um 2018 melhor. Só que se esqueceram que 2018 começava em 2017. Vão fazer o que agora? Invadir a caixa de mensagem do Tite?

O problema principal da nossa equipe, neste momento, é a falta de entrosamento (cada hora tem uma escalação diferente) e de CONFIANÇA. E Confiança se recupera com a torcida dando o apoio que dela se espera (NÃO cancelando PST, invadindo a privacidade dos nossos profissionais ou promovendo atos de violência). É LOTANDO a Ilha (que anda com público de Volta Redonda) e EMPURRANDO no Gogó, como SEMPRE fizemos e é o verdadeiro papel do torcedor. Só dessa maneira estaremos realmente contribuindo para salvar o que ainda dá pra ser salvo este ano.

Se alguém não concorda com essa interpretação, me perdoe, mas isso não vai tirar meu sono. Não escrevo para agradar ninguém, conseguir “clicks” em minhas publicações ou para atrair seguidores (NÃO TENHO Twitter, nem Instagram, além de raramente aparecer no Face). Minha preocupação é apenas com a minha consciência e com as pessoas que costumam acompanhar o que escrevo aqui neste espaço.

CLARO que também estou decepcionado, ferido, incomodado, com os resultados. Mas continuo absolutamente confiante da qualidade, seriedade, dedicação e profissionalismo do trabalho que vem sendo feito no Flamengo e apostando no sucesso do nosso futuro. E se esse futuro está mais distante do que imaginava, a convicção de que ele continua muito próximo me dará a paciência necessária para continuar esperando por ele.

PRA CIMA DELES, MENGÃO !!!

Fonte: null

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