Aos 24 anos, Gabriel Barbosa segue fazendo história em sua segunda temporada pelo Flamengo. Tudo bem que, sem torcedor nos estádios, fez falta o onipresente cartaz com a profecia: “Hoje tem gol do Gabigol”. Tampouco ele conseguiu a façanha de repetir a temporada mágica de 2019, quando decidiu a Libertadores em três minutos.

Entretanto, o título do Brasileiro consolidou a força do atacante como ídolo e maior representante da torcida em campo. A conquista marcou a redenção para um ano de superação tanto para a equipe como para o camisa nove.

Sua participação decisiva na campanha expôs as virtudes de um atacante mais talhado à liderança, amadurecido e jogando mais para o grupo, que capitaneou a arrancada rubro-negra quando foi necessário.

Gabigol marcou 14 vezes em 24 jogos na competição, sendo seis gols nas últimas sete partidas. No total, foram 27 gols em 43 jogos ao longo da temporada, a segunda melhor da carreira. Deu ainda 12 assistências, mesmo número de 2019, quando fez 43 gols em 59 partidas.

Se não foi o goleador maior do Brasileiro como na última edição, quando balançou a rede 25 vezes, tornando-se o maior artilheiro do Flamengo em uma única edição do torneio, Gabi, que em 2021 tirou o sufixo “gol” do nome, foi o melhor em um ano de provação de todos no Flamengo. O artilheiro oscilou, mas reagiu na hora certa. E trouxe o time com ele.

Reclamou quando foi substituído e ameaçado de amargar a reserva para Pedro, que fez 12 gols e foi sua sombra constante. Chorou quando ficou parado por mais de 40 dias em função de uma torção no tornozelo causada pelo gramado irregular do Maracanã. Fora das partidas decisivas, lamentou por não ter ajudado a evitar as eliminações na Copa do Brasil e Libertadores.

Na posição de líder, falou mais no vestiário, pediu para que todos botassem o coração em campo. Ao contrário da relação com o treinador Domènec Torrent, antecessor de Rogério Ceni, Gabigol se soltou mais após a chegada do atual treinador Queixou-se mais e também buscou jogar mais para o time

Para o bem do coletivo, Gabriel se conscientizou que precisava modificar traços de sua personalidade. Pendurado com dois cartões amarelos até a última rodada, além do vermelho contra o Bahia, ele se mostrou mais disciplinado. Na temporada passada, foram nove amarelos e dois vermelhos.

A cena em que o camisa nove discute com o meia Gerson contra o Internacional, depois de não receber um passe, é um bom resumo da temporada de Gabigol. Aguerrido, mas controlado e inteligente. Do jeito que o rubro-negro gosta.