Engana-se quem pensa que o rebaixamento de Vasco e Botafogo não terá influência na vida de Flamengo e Fluminense no Brasileirão 2021. A ausência da dupla traz um efeito logístico que — somado à combinação entre os que subiram e desceram de divisão — resultará em cerca de 5 mil quilômetros a mais em deslocamentos durante a Série A.

Sem Botafogo e Vasco na elite, são duas viagens a mais para fora do Rio. Ao todo, Flamengo e Fluminense percorrerão 35 mil quilômetros ao longo do campeonato.

A soma é feita a partir das distâncias aéreas entre o Rio e as cidades de cada participante da Série A. Para Bragança Paulista e Santos, ainda há complemento por terra.

Os clubes conseguem atalhos quando emendam algum traslado fora de casa. Neste ano, a readequação da tabela do Flamengo propiciou, em sequência, um jogo em Curitiba, contra o Athletico, e outro contra o Grêmio, em Porto Alegre. Ou seja, não foi necessário voltar ao solo carioca.

Ao mesmo tempo, pelo adiamento da partida contra os gremistas, o Fla engatou cinco jogos no Rio, diante de Atlético-GO, Coritiba, Botafogo, Santos e Bahia. Contra o alvinegro, na condição de visitante.

Em geral, os jogos contra rivais da mesma cidade são um respiro na rotina casa/fora. A delegação não só pode manter horários dos treinos como evita despesas com hotel, passagens e alimentação fora.

No aspecto esportivo, enfrentar rivais do mesmo estado significa, em tese, jogos mais equilibrados, em ambientes familiares — como o Nilton Santos.

O rebaixamento de Vasco e Botafogo acarretou na permanência do Fortaleza (a capital cearense é o destino mais distante em relação ao Rio). Ao mesmo tempo, houve o acesso de Cuiabá, Juventude, América-MG e Chapecoense. A viagem ao Mato Grosso para enfrentar um time local será inédita no Brasileirão de pontos corridos — em 2015, Vasco e Flamengo disputaram um clássico na Arena Pantanal.

Economizar o desgaste nas viagens é relevante para uma temporada na qual os jogadores não terão muito tempo para descanso. O Brasileirão terminou na quinta-feira e não há férias. Cada clube vai remanejar folgas do elenco da maneira que for possível.

Mais custos

Tanto Flamengo quanto Fluminense usarão os passaportes neste ano para jogos da Libertadores. O protocolo de operações demanda cuidados com a pandemia. Por ora, não há preocupação da organização de times sendo barrados no desembarque. Sobre os custos com logística, é demanda da Conmebol que cada clube frete seu voo.

— Existe no regulamento que a gente é obrigado a fretar os voos. Nosso custo para disputar a competição vai ser altíssimo, muito mais alto do que seria uma Libertadores “normal” (sem pandemia). Não podemos voar em voo comercial — explicou o presidente tricolor, Mário Bittencourt.

O tricolor aguarda a definição da final da Copa do Brasil para saber se o time principal precisará começar com tudo na pré-Libertadores ou conseguirá um refresco, caso vá para a fase de grupos. De qualquer forma, não será possível conceder, de cara, os dez dias de folga acertados quando o Flu negociou com os atletas a redução salarial em decorrência da pandemia.