Em uma competição que tradicionalmente premia a regularidade, na ausência de quem convença de verdade na parte de cima da tabela, é natural que as últimas rodadas ganhem ares de um campeonato à parte, com jeito de mata-mata. São Paulo, Internacional, Atlético-MG, Flamengo, Palmeiras e Grêmio chegam à reta final do Campeonato Brasileiro em busca de um título que deverá ficar com quem for melhor nos dez confrontos diretos que restam entre eles.

O alvo de todos é o São Paulo, líder em declínio e que terá a maior quantidade de confrontos diretos entre as seis equipes que ainda brigam pelo título: quatro de oito partidas restantes. Isso é ruim. O melhor para o tricolor seria se manter distante dos adversários e deixá-los na dependência de terceiros. O risco de o time paulista perder o título que chegou a parecer próximo é palpável a cada rodada.

— O confronto direto é uma tremenda oportunidade para o time que precisa subir na tabela — afirmou o matemático Tristão Garcia: — Veja o Internacional, mesmo jogando fora de casa, passa a depender apenas dele. Há tantos anos calculando chances e riscos, conversando com treinadores, sei que eles não acreditam em chance na última rodada dependendo do outro. E isso procede. Geralmente o resultado não acontece.

Brasileirão Foto: Arte

O que torna o cenário ainda mais indefinido é o fato de Atlético-MG, Flamengo, Palmeiras e Grêmio terem um jogo a menos que São Paulo e Internacional, primeiro e segundo colocado, respectivamente. A equipe mineira é a que poderá se beneficiar menos dos duelos diretos: tem apenas dois e contra adversários que estão abaixo na tabela — Palmeiras e Grêmio.

Dono da melhor campanha como mandante, o Galo tem quatro dos nove jogos que faltam no Mineirão, o que também não é o ideal. Para completar, seu aproveitamento contra os mesmos adversários, no turno foi baixo: apenas 40,7%. Se não melhorar, não chegará à liderança e ainda poderá ser ultrapassado por quem está abaixo na tabela.

sonho rubro-negro

Um deles é o Flamengo, que ainda enfrentará Internacional e São Paulo — os paulistas, na última rodada, o que torna o jogo uma possível decisão. O rubro-negro é o melhor visitante entre os seis na briga e fará cinco dos nove jogos que restam longe do Maracanã. É um bom sinal? Não necessariamente.

— Um time que vence mais fora do que dentro de casa não é confiável. O Flamengo precisa melhorar urgentemente em casa se quiser ser campeão. É totalmente contra a lógica um time que é melhor como visitante vencer o campeonato — afirmou Tristão Garcia.

Quem deve rapidamente se confirmar ou ser excluído desse grupo que briga pelo título brasileiro é o Grêmio. Na sexta colocação, não tem tempo a perder e terá, nas próximas três rodadas, três confrontos diretos, contra Atlético-MG, Internacional e Flamengo. Os gaúchos contam como principal força a segurança defensiva — é quem levou menos gols na competição até aqui (24). Por outro lado, seu ataque não é muito efetivo (38), o que explica o fato de ser quem mais empatou no Brasileiro (14 vezes).

O Palmeiras, por sua vez, tem três confrontos diretos, bem distribuídos, contra Flamengo, quinta-feira, São Paulo e Atlético-MG. O desafio será o desgaste causado pela disputa de três decisões simultâneas: o time ainda está na final da Copa do Brasil e da Libertadores.