O Flamengo solicitou adiamento do jogo contra o Palmeiras pelo Brasileirão, só que o pedido não deve ser atendido, como indicou o secretário-geral da CBF, Walter Feldman.

A concessão para o rubro-negro faria a CBF abrir mão da própria política em relação a casos de coronavírus. Palmeiras, mandante, já avisou que não quer mudança de data. Uma resposta oficial ainda está pendente.

O argumento do Flamengo é que o time está em desvantagem técnica por causa dos casos de Covid-19 confirmados no Equador, antes do jogo contra o Barcelona, pela Libertadores, e também no desembarque no Brasil. Desfalcado, o rubro-negro foi a campo nesta terça-feira e venceu por 2 a 1.

Até o momento, o único jogo adiado na Série A por causa do coronavírus foi o Goiás x São Paulo, ainda na primeira rodada. Na ocasião, o time goiano recebeu com atraso os resultados dos testes, que confirmaram nove casos de contaminação. O adiamento veio menos de dez minutos antes do horário marcado.

A partir de então, a CBF adotou o protocolo e a política de tratamento dos casos. A determinação é que todos os jogadores registrados pelos clubes no BID sejam testados antes das partidas. A medida é para reduzir o efeito do argumento de que não há jogadores suficientes para entrar em campo e, ao mesmo tempo, possibilitar que atletas que não estavam relacionados antes sejam inseridos no jogo.

A CBF não estipulou uma proporção exata de contágio para justificar adiamento. Quando modificou a tabela nas Séries B, C e D, foi porque a entidade considerou que os times não tinham condições de colocar equipes de forma significativa em campo. Ao todo, foram oito adiamentos.

Na primeira rodada da Série C, por exemplo, O Imperatriz-MA ficou sem 12 dos 19 inscritos para o jogo contra o Treze. Na Série B, outro exemplo foi o CSA x Cuiabá. O time alagoano teve 20 dos 31 inscritos contaminados com Covid-19.

O adiamento mais recente foi na Série D, no último fim de semana. O Guarany enfrentaria o Salgueiro, mas 12 dos 24 jogadores do time mandante inscritos na Série D foram diagnosticados com coronavírus. E mais: entre os outros 12 atletas, só nove teriam condições de jogo.

Em seu posicionamento, o Palmeiras justifica a contrariedade ao adiamento do jogo contra o Flamengo porque “o protocolo adotado para a competição contempla situações desse tipo”. Na visão do lado paulista, “não há, portanto, razão para que o jogo não aconteça”. O Flamengo ainda tenta uma reviravolta.

– Não surpreende o Palmeiras ser contra o adiamento. Quer levar vantagem, mesmo com risco pessoal. O que espero é que a CBF análise o tema de forma justa, pensando na saúde de todos e a situação excepcional que foi uma viagem de 8 dias com intensidade de contato entre os atletas – disse o vice-presidente geral do Fla, Rodrigo Dunshee de Abranches.

O cenário na Libertadores é mais radical do que o Brasileirão. A Conmebol não considera a possibilidade de adiar partidas. Se um time não aparecer com, no mínimo, sete jogadores, leva W.O. O mesmo acontece se o mandante tiver o estádio interditado, como quase ocorreu com o Barcelona, no Equador.