O Botafogo está à procura de um novo treinador. Na última sexta-feira (12), o técnico Zé Ricardo foi demitido do clube e se juntou a André Jardine na lista de treinadores dispensados em 2019. A decisão da diretoria do Glorioso foi tomada após a eliminação da equipe da Copa do Brasil, diante do Juventude. Após empatar o jogo de ida por 1 a 1 no Engenhão, o Fogão foi batido por 2 a 1 de virada, no Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul. A demissão quebrou um tabu de 27 anos no futebol carioca.
Um levantamento do jornal O Globo aponta que, desde 1992, os times cariocas não conseguiam todos juntos manter seus treinadores pelo menos até o centésimo dia do ano. Após aquela temporada, pelo menos um time do Rio de Janeiro demitiu seu comandante até o dia de número 100 do calendário anual. A demissão de Zé Ricardo derrubou essa marca, pois foi realizada no centésimo primeiro dia desta temporada.
A marca pode parecer inexpressiva, mas pode mostrar muito a respeito do trabalho dos treinadores no Rio de Janeiro. Nos últimos 27 anos, demissões nos três primeiros meses do ano têm sido comuns. Nesse período, em várias vezes, três ou até mesmo todos os clubes grandes do estado trocaram de treinador até o centésimo dia do ano. Em mais da metade das temporadas levadas em conta no levantamento, um treinador perdeu o cargo no Rio de Janeiro até o mês de fevereiro, ou seja, com apenas dois meses de trabalho no ano.
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Os dados mostram uma curiosidade. Os primeiros três meses do ano, que é o período levado em conta no levantamento, são aqueles em que é disputado o Campeonato Carioca, torneio visto como de pouca relevância em comparação com outros (Libertadores, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro). Apesar disso, os resultados e o desempenho obtidos no estadual podem ter feito a diferença para a queda de um treinador nesses anos.
No caso de Zé Ricardo, a gota d’água para a demissão foi a queda na Copa do Brasil, para o Juventude. Porém, o treinador já estava na berlinda há mais tempo. O desempenho do time dentro de campo não agradava à diretoria botafoguense. Além disso, a equipe não se saiu nada bem no Campeonato Carioca, sendo eliminada ainda nas primeiras fases das Taças Guanabara e Rio, sem nem chegar às semifinais dos torneios.
O recorde de demissão mais rápida no futebol carioca desde 1992 é do técnico Estevam Soares. Após uma sonora goleada por 6 a 0 sofrida pelo Vasco, o treinador acabou demitido do Botafogo no vigésimo quinto dia de 2010, ou seja, ainda no mês de janeiro. Até Abel Braga, Alberto Valentim, Fernando Diniz e Zé Ricardo resistirem às demissões precoces em 2019, os técnicos mais longevos no futebol carioca foram Valdir Espinosa (Fluminense), Zagallo (Flamengo), Joel Santana (Vasco) e Lazaroni (Botafogo), em 2001. Naquele ano, o técnico botafoguense foi demitido no centésimo dia, em 11 de abril.