Dois caminhos se apresentam ao Flamengo após o jogo com o Cruzeiro, nesta noite no Mineirão. Em um aspecto, eliminação e vaga nas quartas-de-final da Libertadores coincidem: apresentam ao clube o desafio da maturidade.
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A classificação, embora menos provável diante do cenário que se apresenta, prolongará por mais algumas semanas uma maratona que já ameaça esgotar o elenco. Numa situação extrema, ou seja, a chegada às instâncias finais tanto da Copa do Brasil quanto do torneio sul-americano, seriam mais 27 partidas entre o próximo domingo, quando o Flamengo enfrenta o Ceará, e o dia 2 de dezembro, quando encerra sua participação no Campeonato Brasileiro. Ou seja, a equipe entraria em campo 27 vezes em 91 dias, média de 3,3 dias entre cada jogo.
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Maurício Barbieri remou contra a corrente do futebol nacional e optou por pequenas alterações a cada jogo, jamais promovendo mais de três ou quatro alterações. A cada etapa que se avança num torneio, poupar um time inteiro parece deixar de ser opção disponível.O apelo dos jogos cresce e, para piorar, na louca lógica do calendário brasileiro, o Flamengo ainda está entre os líderes do Campeonato Brasileiro. Por aqui, estar bem na competição nacional parece armadilha: cria um compromisso de comparecer com seus titulares em todas as rodadas.
Com um modelo de jogo que exige intensidade, marcação desde o campo ofensivo, mobilidade, o Flamengo tem sofrido oscilações em seu desempenho físico, o que ajuda a explicar as oscilações técnicas e táticas de um time que já rendeu melhor. Administrar as pernas do elenco, as rotações em cada jogo, a atenção a cada jogo decisivo, passa a ser uma tarefa árdua. E, talvez, chegue o momento de economizar fôlego em algum campeonato, antes que a maratona se transforme em suicídio. Um teste de maturidade, de fato.
Por outro lado, vitórias são um combustível sem igual no futebol. Ainda mais uma classificação tão improvável quanto derrotar o forte Cruzeiro por dois gols de vantagem no Mineirão. E aí se apresentaria outro desafio: após vitórias assim, voltar o foco para um campeonato de tiro mais longo como o Brasileiro se torna desafiador.
Mas se a eliminação se confirmar, o Flamengo viverá um desafio que lhe costuma cobrar preços altos: não criar um clima de terra arrasada que comprometa as demais disputas. Dono de exemplar recuperação financeira e de gestão nos últimos anos, o rubro-negro não é exatamente um paraíso de estabilidade. Mas precisará dela a qualquer custo.
É lógico que o nível de investimento torna uma queda ainda nas oitavas de final da Libertadores um desempenho abaixo do desejável. Num confronto com o Cruzeiro, a única certeza era de que um gigante cairia, mas o pecado foi não ter liderado o grupo na primeira fase.
A opção por um técnico menos experiente envolve expor o comandante a situações inéditas na carreira. O que pode acarretar erros, e talvez seja justo dizer que um deles aconteceu no jogo de ida, no Maracanã, quando o time se abriu demais para um confronto que ainda reservava uma partida de volta. Mas a avaliação pós eliminação deve envolver o diagnóstico de que houve acertos, construção de um modelo de jogo e evolução do time, que chegou a ter um nível de atuações alto, mesmo com menos de cinco meses de trabalho. Tite, em sua última passagem pelo Corinthians, quando fez o time campeão brasileiro jogar um futebol de altíssimo nível, perdeu a semifinal do Paulista para o Palmeiras e caiu nas oitavas da Libertadores para o Guarani, do Paraguai, justamente no quinto mês de trabalho. Guardadas, obviamente, as devidas proporções. Afinal, são duas carreiras com tempo, lastro, títulos e experiências muito distintas.
Se sair da Libertadores, somente o equilíbrio permitirá ao Flamengo continuar candidato aos títulos da Copa Brasil e do Brasileiro, algo que conseguiu com o trabalho da atual comissão técnica. Conviver com uma queda será outro teste de maturidade.