E se…

O ano de 2017 parece ser, para o torcedor rubro-negro, um salão misterioso cuja porta foi aberta por 2016. A temporada passada tinha tudo para ser premiada com um título: técnico da casa, craque vindo da Europa, heróis improváveis. Era a cara do triunfo rubro-negro. Desde que me entendo por flamenguista, sempre foi assim, tudo veio pela alma, não me lembro de grandes triunfos advindos do frio e racional planejamento. Lembro-me da improvável vitória sobre o ótimo time do Palmeiras na Mercosul de 1999. Lembro-me da fantástica arrancada no Brasileirão de 2009, com Adriano, Pet e Andrade, todos sob suspeita. Lembro-me também do choro do Elias na milagrosa vitória sobre o Cruzeiro que deu ao Flamengo a confiança necessária na busca pelo título da Copa do Brasil de 2013. Portanto, caro leitor, não tenho nem ideia de como segurar a ansiedade para acompanhar uma temporada regada à planejamento e estudo.

Por tudo o que foi dito, não consigo deixar de me perguntar: e se o ano do urubu for representado pela imagem vazia, pouco chamativa, desta coluna? Não sei. O que posso dizer é que, caso não levantemos nenhum troféu este ano, sei que o clube ganhou uma nova filosofia, mais experiência e mais sapiência em relação a como lidar com as competições futebolísticas mais importantes que sempre iremos disputar, e isso não é pouco. Acredito que o torcedor rubro-negro, em geral, não aguenta mais começar do zero cada temporada, com uma esperança de que, em algum momento, o espírito rubro-negro irá superar todo o tipo de obstáculo para que ganhemos mais uma estrela no manto.

Lanço, então, outra pergunta: temos a maturidade necessária para aplaudir o vazio e racionalizar nosso futebol? Eu não tenho. Sei que, se o ano terminar sem títulos, vaiarei Zé Ricardo, Berrío, Diego, Guerrero, Conca, Deus, o Diabo, e quem mais aparecer. Só espero ter a sensibilidade necessária para, depois das vaias, sentar no meu sofá e esperar para que, no ano seguinte, eu possa apoiar estes mesmos nomes, ao invés de implorar por uma mudança revolucionária. A continuidade é a chave para a vitória, assim acredito.

João Ricardo.

Fonte: http://colunadoflamengo.com/2017/04/e-se/

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