As medalhas conquistadas por Rebeca Andrade em Tóquio já inspiram as pequenas atletas do Flamengo, que treinam no mesmo ginásio da campeã olímpica. As promessas da ginástica já sonham com suas próprios pódios e se esforçam para tonar isto realidade. Segundo a treinadora Daniela Antunes, que comanda as equipes mirins de 7 e 8 anos, o impacto do desempenho da brasileira no Japão já é sentido na Gávea. Rebeca é a primeira medalhista olímpica de ouro do clube carioca.

— As meninas estão radiantes com os resultados em Tóquio e melhoraram muito no treino. Querem ser iguais à Rebeca e receberem medalhas também. E aqui, mesmo pequenas, elas já recebem treinamento para serem atletas de alto rendimento — conta a técnica.

Pequenas ginastas treinam no mesmo ginásio que Rebeca Andrade e Flávia Saraiva. Foto: Ana Branco / Agência O Globo

São mais de três horas diárias de treino, de segunda a sexta — as mais velhas treinam também no sábado. Descanso mesmo só no recesso de duas semanas no fim do ano. Todo este empenho é visando desenvolver novas ginastas medalhistas olímpicas. Após o aquecimento no solo, as pequenas ginastas são divididas por aparelhos. E usam os mesmos equipamentos que Rebeca e Flávia Saraiva — que disputa nesta terça-feira a final da trave de equilíbrio.

Moradora de São João de Meriti, a pequena Ana Luísa Sales, de 8 anos, pega dois ônibus e metrô para treinar. Mas a distância não diminui o encantamento dela pelo esporte, principalmente após a conquista de Rebeca.

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Ana Luisa Sales, de 8 anos, na sua série da trave de equilíbrio. Foto: Ana Branco / Agência O Globo

— Eu fiquei muito impressionada com a vitória dela no salto. A conquista dela me deixou ainda mais animada em querer fazer ginástica todos os dias. Ela é uma menina negra e eu também sou, isso me mostrou que eu posso fazer o que eu quiser — diz Ana Luísa.

Giovana Paim, de 7 anos, que já tirou foto com a ginasta Jade Barbosa, está ansiosa para encontrar com Rebeca no ginásio do Flamengo.

— A vitória dela me incentivou a treinar mais para ser uma medalhista também. O meu equipamento preferido são as barras assimétricas. Mas já recebi elogios na trave, fico muito feliz — conta Giovana.

x94535716_ESP-EXCLUSIVO-Rio-de-Janeiro-RJ-02-08-2021-Ginastica-artistica-no-Clube-do-FlamengoMenin.jpg.pagespeed.ic.Fqupurcn0n 'Elas melhoraram muito no treino, querem ser iguais à Rebeca', diz técnica de equipe mirim de ginástica do Flamengo
Giovana Paim, de 7 anos, treina sua série na trave de equilíbrio. Foto: Ana Branco / Agência O Globo

E a conquista olímpica também enche as mães das futuras ginastas de esperança. A expectativa delas é que após Rebeca, a ginástica receba mais incentivo para além do dado pelo Flamengo — que oferece treinamento e uniforme gratuitos e custeia viagens para competições. Os demais custos, como o deslocamento para o treino, a alimentação e todo o acompanhamento médico e nutricional individual é custeado pelas famílias. Segundo elas, muitas crianças talentosas deixaram de treinar porque as famílias não conseguiram bancar financeiramente a rotina de um atleta.