Em meio aos elogios em tom de demérito: só Jorge Jesus tem um timaço?

Nesta quarta-feira (26), o ​Flamengo de Jorge Jesus bateu o Independiente del Valle por 3 a 0, no Maracanã, e conquistou a Recopa Sul-Americana. O título foi o quinto do português no comando do rubro-negro – o que o deixa com mais taças do que derrotas à frente do Mais Querido – e ainda assim os elogios direcionados ao treinador vêm com uma dose de “demérito”.

Em oito meses na Gávea, Jorge Jesus conquistou a Copa Libertadores, o Campeonato Brasileiro, a Supercopa do Brasil, Taça Guanabara e a Recopa Sul-Americana, obtendo 78.26% de aproveitamento, com 33 vitórias, 9 empates e apenas 4 derrotas, em 46 partidas. Os números são extremamente positivos, mas o futebol do time vai além do resultado e mostra brilhantismo, versatilidade, agressividade, variações e tudo mais que é apresentado por grandes equipes ao redor do planeta.

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E, ainda assim, parte dos fãs do esporte associa o excelente trabalho de Jorge Jesus quase que puramente ao grande elenco do Flamengo, com Gerson, De Arrascaeta, Everton Ribeiro, Bruno Henrique, Gabigol e tantos outros bons jogadores. A qualidade dos atletas influência (óbvio) e é determinante para o bom desempenho do time, porém, não se pode reduzir o papel do treinador de tal maneira.

A depreciação do trabalho dos técnicos, especialmente dos estrangeiros, no Brasil, faz mal e prejudica a evolução do futebol no país. A função de treinador ultrapassa a barreira do “escolhe quem joga” e/ou do “paizão” e o quanto antes se entender isto é melhor para o esporte. Vale destacar que a falta de credibilidade desses profissionais é, também, parte de um mecanismo de defesa da incompetência de muitos comandantes brasileiros.

Assim, em meio aos problemas da vida dos treinadores brasileiros, com licença sem permissão para atuar na Europa, estruturas ‘complicadas’, desmerecimento da profissão e tudo mais que rodei o cargo em terras tupiniquins, surge o seguinte questionamento: “Mas só Jorge Jesus tem/teve um timaço?”. A lista de campeões na última década, por exemplo, mostra que não.

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O time base do ​Santos multicampeão (2010/2012) tinha: Rafael; Danilo, Edu Dracena, Durval, Léo; Adriano, Arouca, Elano, Ganso; Neymar, Zé Eduardo. Em tempos diferentes, Dorival Júnior, Adílson Batista e Muricy Ramalho não tinham um baita time? O elenco não era tão repleto de opções, mas um grupo com o atual astro do PSG e com o lateral-direito da Juventus não pode ser considerado fraco.

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Em 2012, o ​Corinthians campeão da Libertadores e do Mundo tinha um elenco com: Cássio; Alessandro, Chicão, Paulo André, Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Jorge Henrique, Danilo, Emerson, Guerrero, além do atual treinador da Seleção Brasileira, Tite. À época, o Timão era referência no futebol brasileiro e seu técnico despontava no cenário nacional.

Em 2017, o ​Grêmio de Renato Portaluppi conquistou a América e era o time que mais encantava no futebol verde e amarelo. A base daquela equipe era: Marcelo Grohe; Edilson, Pedro Geromel, Bressan, Bruno Cortez; Jailson, Arthur, Ramiro, Luan, Fernandinho, Barrios. O Imortal fazia os adversários terem medo de entrar em campo.

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A lista é grande e se estende para além de três grandes agremiações (​Palmeiras, Cruzeiro, Atlético-MG e tantos outros também entram na lista), porém, o que vale destacar é que era pouco comum algum adepto do futebol falar que o comandante dessas equipes fazia um bom trabalho por ter bons jogadores. O talento dos atletas sempre vai contribuir, mas sem um profissional competente para organizar a parte tática, a organização, o estilo da equipe e todo o cotidiano de um clube, dificilmente esse time vai se sair bem.

Jorge Jesus deve se aplaudido pelo o que faz no Flamengo e os outros treinadores devem deixar de se incomodar e buscar melhorar os seus trabalhos. A realidade do Rubro-Negro favorece o desempenho e os resultados do português, no entanto, não adianta ignorar os erros e os equívocos de outros treinadores para diminuir o exercício do Mister.

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A verdade é que o futebol mudou e os fãs brasileiros devem se adaptar ao novo modo de “se fazer futebol”: Pep Guardiola não ganhou tudo com elencos ruins; Jürgen Klopp tem uma ‘seleção’ para fazer o Liverpool ser tão imponente; Zidane foi multicampeão com o poderoso Real Madrid de Cristiano Ronaldo. Os grandes e renomados treinadores ao redor do planeta têm verdadeiras seleções do mundo e “ninguém” questiona a qualidade e o potencial desses profissionais.

Fonte: https://www.90min.com/pt-BR/posts/6566000-em-meio-aos-elogios-em-tom-de-demerito-so-jorge-jesus-tem-um-timaco?utm_source=RSS

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