O Flamengo embarcou nesta quinta-feira para Brasília para a primeira de uma série de quatro finais em 10 dias. Antes de enfrentar o Athletico-PR, no domingo, pela Supercopa do Brasil, foram menos de três semanas de preparação com o time principal, com três jogos usados como treinamentos. A preocupação de Jorge Jesus tem sido apenas dar ritmo aos seus comandados.

A estratégia de rechaçar um rodízio do elenco, tal qual ocorreu no segundo semestre de 2019, se coloca como desafio diante de um novo ano que se inicia já com títulos importantes em disputa. Fora a Supercopa, o Flamengo decide a Taça Guanabara e terá as duas partidas da Recopa Sul-Americana, contra o Independente Del Valle.

A nova realidade poderia impor um cuidado maior por se tratar de início de temporada. Mas Jorge Jesus já avisou que a volta da rotina de viagens não será uma desculpa para poupar jogadores. Após o sucesso em 2019, com títulos sem revezamento de equipes, o português retomou os trabalhos e optou por dar volume de carga aos atletas nas partidas do Estadual tão logo a reapresentação ocorreu, no dia 27 de janeiro.

— Ano passado demonstrei que é tudo treta. Sabendo fazer as coisas, isso não é o problema, basta ter organização. Muitas equipes já copiaram o que o Flamengo faz. Isso se levantou aqui no Brasil, mas é tudo conversa — disse, em referência ao rodízio e às viagens.

Nas vitórias sobre Resende, Madureira e Fluminense, o time demonstrou intensidade, mas no clássico aparentou cansaço após abrir 3 a 0 no placar. Jesus confirmou que o objetivo da partida era justamente gerar essa adaptação. Ao longo dos três jogos, fez algumas trocas no ataque em função do resultado, e deu descanso apenas para Filipe Luis na segunda partida. A única baixa por lesão até agora é Léo Pereira, com estiramento na coxa esquerda. Rodrigo Caio volta ao time domingo como titular.

— Jogo a jogo a equipes estará mais pronta, no dia 16 vai estar melhor, para isso que trabalhamos. O princípio é ganhar e melhorar nossa qualidade de jogo em relação ao anterior — disse, sentenciando:

— Ainda não temos pilha para noventa minutos — reconheceu.

Jogo é treino

Jesus trabalha com sua própria comissão técnica, que adapta os treinamentos físicos à rotina de preparação em campo. O famoso “jogo é treino”. A filosofia é defendia por Ronaldo Torres, preparador físico que passou por Flamengo, Fluminense e outros grandes clubes. Segundo o profissional, começar o ano com os atletas principais em campo em sequência não é problema.

— O condicionamento físico é adquirido nos jogos. É o pico de atividade, onde se chega ao extremo. Com isso ele precisa segurar nos treinamentos — explica o preparador, exemplificando o que pode ser feito depois dos jogos para não haver desgaste.

— Nos treinos depois dos jogos, ele pode preparar a base muscular em academia, fazer trabalhos curtos em campo, e o volume deixa para os jogos. É certíssimo. Em algum momento vai desgastar um atleta, e pode segurar. Mas na pré-temporada ele precisa de volume — defende.

Para Jesus, o desempenho do Flamengo mesmo que não durante 90 minutos indica que o caminho está certo. O técnico tem feito treinamentos em dias de jogos, mas bem menos exigentes em termos físicos. De todo modo, hoje o elenco mais rico em opções deixa o português mais confortável para esticar a corda em sua filosofia e aplicar o que fez em seis meses ao longo do ano todo.

— Você vê alguma equipe no Brasil jogar como o Flamengo jogou nos primeiros 60 minutos? Nenhuma. Nenhuma! — exclamou, após vitória sobre o Fluminense. Não há quem duvide.