Demorou décadas. Mas o sonho que começou em 1917 virou realidade em 2018. Prestes a completar 101 anos de história, o Mageense iniciou a sua caminhada na Quarta Divisão do Campeonato Carioca, a sua primeira competição como equipe profissional.
E, à frente do clube, há um velho e folclórico personagem do futebol carioca: o ex-lateral-direito Maurinho, tricampeão carioca pelo Flamengo, onde atuou por 209 partidas entre 1997 e 2002. O ex-jogador de 43 anos vive, aliás, a sua primeira experiência como treinador.
– Está sendo maravilhoso para mim. Um grupo forte, uma convivência excepcional. Todo mundo envolvido. É um clube centenário que nunca esteve em uma competição profissional e que tenta o primeiro acesso. É um prazer enorme estar aqui – conta Maurinho.
Apesar dos títulos pelo Flamengo, incluindo a Mercosul de 1999, Maurinho também é conhecido por ter sido alvo de um coro da torcida rubro-negra no dia 1° de abril de 2000: "Ão, ão, ão, Maurinho é Seleção. II, il, il, primeiro de abril".
Aposentado desde 2010, quando defendeu o Duque de Caxias, ele vinha trabalhando como auxiliar de Athirson e Petkovic nos últimos anos, mas aceitou o desafio do modesto clube carioca.
– Era minha meta ser treinador. Eu estava trabalhando como auxiliar. Mas apareceu essa oportunidade, e eu aceitei o desafio. Todos os meus trabalhos como auxiliar eram na Série B, na Série A. Aqui é começar do zero, com dificuldades. Mas tudo isso eu já sabia. Não posso reclamar de nada profissionalmente. Estão fazendo de tudo para dar certo. É um desafio muito grande. Meu último clube foi o Vitória e hoje estou numa quarta divisão do Carioca. Só que está sendo prazeroso – relata Maurinho.
O Mageense
O Mageense foi fundado em setembro de 1917. De lá para cá, disputou inúmeras competições, mas nunca profissionalmente. Colecionou, inclusive, títulos ao longo dos anos – foi bicampeão estadual de futebol amador entre 1990 e 1991, por exemplo.
Segundo o presidente Cinho Mageense, a ideia de disputar a Série C do Campeonato Carioca, que corresponde a Quarta Divisão, ganhou força após uma parceria com a prefeitura do município.
– Isso é um sonho da cidade. Magé nunca teve um time profissional. O Mageense representa a cidade. Estamos focados nesse projeto para conseguir o acesso e, quem sabe, chegar numa Série A – disse o dirigente.
O Mageense fez a sua primeira partida como profissional no dia 30 de julho, mas não saiu de um empate sem gols com o EC Resende. Depois, acabou derrotado pelo Independiente por 1 a 0, na segunda rodada da Quarta Divisão. A primeira vitória ocorreu somente neste domingo, sobre o Tomazinho, por 2 a 0.
Enquanto não pode atuar em casa, no Estádio César Painho, que ainda não foi liberado pela Ferj, o Mageense tem mandado seus jogos no Alzirão, em Itaboraí.
Sonho Júnior César
Para a disputa da Série C do Rio, o Mageense chegou a negociar a contratação de um outro velho conhecido do futebol carioca: o lateral-esquerdo Júnior César, ex-Flamengo, Fluminense, Botafogo e que venceu a Libertadores de 2013 pelo Atlético-MG.
Isso porque o veterano jogador é natural do município de Magé, na Região Metropolitana, e deu os primeiros passos na carreira justamente na base do Mageense, segundo a direção do clube.
A negociação, no entanto, acabou esfriando assim que o Mageense conseguiu a liberação para disputar o estadual.
– A gente estava negociando com o Júnior César desde o ano passado. Existe esse sonho. As conversas estavam bem adiantadas, mas acabamos perdendo um pouco de contato com ele. O jogador foi criado no Mageense e era um sonho ter ele aqui, porque tem muita qualidade, já foi campeão da Libertadores. Mas quem sabe mais para frente – disse o presidente Cinho.
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