Quando o treinador Jorge Jesus deixou o Flamengo, certamente grande parte da torcida se entristeceu, como se ali houvesse um sentimento de orfandade. É como se um pai mudasse para longe do filho depois de viverem momentos de grandes alegrias juntos.
Mas o mundo do futebol não é como uma família comum e, por isso, é inevitável que o torcedor passe a nutrir admiração e encanto por um novo comandante; até porque o amor maior é pelo Flamengo. Ainda assim, as comparações com o antecessor são inevitáveis, independente dos resultados alcançados em campo. Se o novo técnico, por exemplo, não consegue o mesmo padrão de resultados, o saudosismo é inevitável.
Quando os resultados parecem ser tão bons quanto aqueles anteriores, o passado vai se tornando algo guardado nas boas lembranças, sem aquele mesmo desejo intenso de querer o antigo comandante da equipe de volta, como é inevitável na situação descrita acima.
Foi pensando nisso que decidi aplicar aqui uma das minhas pós-graduações, que é em neurolinguística, onde precisei me aprofundar neste conhecimento para interpretar gestos e a comunicação de acordo com a intenção da pessoa.
Toda vez que se fala do Flamengo para Jorge Jesus, é perceptível como o semblante do Mister muda. Foi também o momento de glória em sua carreira e não só isso, a inflamação da massa rubro-negra faz liberar neurotransmissores, que são os mensageiros químicos do cérebro em alta intensidade, de uma maneira em que fica fixado na memória com marcas de engramas bem mais bem definidas.
O que quero dizer com isso? É que quanto maior a emoção, mais fixada a memória e como consequência, mais inesquecível serão aqueles momentos.
Isso serve também para nós torcedores, que jamais esqueceremos o ano de 2019. Mas como somos exigentes demais, ficou um gostinho amargo da derrota para o Liverpool, ainda mais por sabermos que poderíamos ganhar.
É este sabor amargo que pode se transformar em um saboroso gosto da vitória caso Renato Gaúcho, assim como Moisés, em Êxodo, provar do doce que transbordará para toda a nação rubro negra poder comemorar, com a mesma intensidade como contra o River Plate na Libertadores e, quem sabe enfrentar um Messi ou Cristiano Ronaldo numa final de Mundial.
Jorge Jesus está em nossa mente, instalado, mas cabe ao Renato Gaúcho, velho conhecido da torcida rubro-negra, também pelo gol de barriga, conseguir o nosso perdão mediante a títulos que ficaram pendentes e que enfim poderão ser conquistados agora.
SOBRE O AUTOR
Fabiano de Abreu Rodrigues é PhD, neurocientista, historiador, antropólogo, biólogo, com formações em neuropsicologia, psicanálise, inteligência artificial, programação em Python, apaixonado por futebol e flamenguista doente. Amigo de dirigentes e empresários do futebol, também é neurocientista de marketing e assessor do gringo Dejan Petkovic.
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