Fabio Monken: “Eles não sabem nada de futebol!”

Salve, Salve, Nação Mais Linda do Mundo!

Foi com a frase que intitula essa coluna que Vanderlei Luxemburgo, o “profexô”, referiu-se à diretoria do Flamengo na ocasião de seu desligamento, no dia 25 de maio de 2015, após 10 meses de trabalho. E o “Luxa” foi além, alegou ainda que essa mesma diretoria queria um comandante 100% alinhado à linha de pensamento da gestão do clube e que apenas “dissesse amém” sobre as decisões desse grupo.

Se os leitores puderem perceber, após 3 anos e meio dessa declaração a coisa continua igual. Infelizmente o Vanderlei, à época, já falava com propriedade. Como diria o velho ditado: “o tempo é o senhor da razão”, e começamos a notar que as críticas eram fundamentadas quando pudemos notar a total ignorância do departamento a partir das escolhas de perfil dos treinadores que o sucederam. Nunca houve um norte.

Continuando minha explanação, afirmo que qualquer um critica. Isso é fácil. Mas criticar e apontar o caminho que julgamos ser o correto a seguir nos dá a lisura necessária para nos opormos à forma com que o clube é conduzido. Isso é o que eu e meus colegas confrades tentamos fazer no colunadoflamengo.com.

É extremamente válido apontarmos os erros para verificarmos aonde devemos mudar e, mais ainda, realizar a crítica construtiva e de forma didática dando nossa versão do que entendemos ser o caminho correto a trilhar. Isso se chama responsabilidade. E essa contraposição nos garante a salvaguarda ética necessária para que emitamos nossas opiniões.

Deixei para escrever essa coluna hoje pela manhã para não fazê-lo com os nervos à flor da pele e tentar não ser precipitado em minhas análises e meus julgamentos. Desde já peço um pouco de paciência com o tamanho do texto, pois preciso da compreensão de vocês, leitores, pois esse tema é bastante complicado e não nos permite dissertarmos de maneira mais sucinta. O embasamento das proposições demanda linha filosófica um pouco mais extensa.

Dito isso, vamos aos fatos. Vou continuar repetindo as mesmas coisas que já venho postando há algum tempo por aqui, através de minhas colunas, neste espaço que é o mais democrático em se tratando do Clube de Regatas do Flamengo. A inoperância e o total despreparo dessa diretoria em relação ao futebol salta aos olhos, e está ficando escancarada à medida em que o tempo avança e os fracassos esportivos se acumulam.

O planejamento correto inexiste. As contratações são pautadas por decisões que fogem da esfera esportiva, sendo baseadas, pontualmente, no quesito financeiro. Isso é inadmissível! A coisa não é por aí, afinal de contas somos um banco ou um clube de futebol?

Eu não me canso de repetir que planejar corretamente é uma questão deveras intrincada, podemos afirmar, categoricamente, que ela é intrínseca à forma de existir do clube. As contratações, por exemplo, são apenas a ponta do imensurável iceberg, o fim, que se baseia a filosofia a ser implantada em uma agremiação esportiva ou empresa, seja qual for sua área de atuação.

A definição sobre a forma da equipe atuar é a pedra fundamental para embasarmos todo o planejamento e, se bem realizada, tornar-se-á o legado que a nova diretoria deixará como herança na linha sucessória. Temo que essa seja a dificuldade primordial da gestão atual pois sinto que eles simplesmente não entendem dos mecanismos básicos necessários para lograrmos êxito nas competições que disputamos, quiçá na montagem correta de um elenco realmente forte, moderno, versátil e equilibrado.

Essa definição filosófica demanda tempo, esforço conjunto e uma força-tarefa multidisciplinar para que possa ser bem concatenada, realizada e, fundamentalmente, posta em prática. A definição da missão, visão e valores do clube deve ser pensada levando-se em conta toda a história do Flamengo, mas sobretudo carece de visão vanguardista para tentarmos nos antecipar a futuros contratempos ou quaisquer mudanças na estrutura ou na legislação do futebol, por exemplo.

Para que possamos finalmente mudar nosso patamar esportivo e conseguirmos protagonizar de uma vez por todas no cenário do futebol nacional, sul-americano e mundial, temos que acertar a filosofia do Clube de Regatas do Flamengo.

Isso passa pela definição da forma como a equipe atuará de maneira constante, desde a base até os profissionais. Os técnicos a serem contratados, em todas as categorias, devem ter os perfis alinhados ao estilo de jogo que almejamos praticar. A escolha dos treinadores mais adequados à função é primordial para a futura montagem do elenco, pois ele deve ter a palavra final nesse ínterim, pois é quem deve ser cobrado caso o jogador não renda de acordo com o investimento.

O elenco também deve ser montado a partir dessa filosofia. Isso não tem discussão, é compulsório, não se permite barganha. Os jogadores devem ter os perfis analisados após mapeamento prévio e decisão da comissão técnica e diretoria de futebol para encaixarem-se perfeitamente ao esquema de jogo que já foi definido previamente.

O que tentamos deixar claro é que essa forma de atuação da equipe não pode ser mudada, deve ter força de cláusula pétrea no estatuto do Flamengo. Isso fará com que, num breve futuro, qualquer treinador que venha a treinar o elenco já saiba previamente a filosofia adotada pelo clube em relação ao modo de atuação da equipe.

Tenho a noção exata de que isso não será fácil de ser implantado e que os esforços deverão ser hercúleos para que essa definição seja adotada o quanto antes. Mas, acima de tudo, ressalto categoricamente que nada disso será suficiente se as pessoas designadas à gestão da pasta mais importante do Mengão não entenderem do assunto.

Valendo-me de analogia “rodrigo-bigodiana” posso afirmar que seria como colocar um moleque que mal sabe fazer um miojo para ser o “chef” executivo de um renomado restaurante, ou ainda colocar um contumaz e pródigo perdulário na gerência da previdência privada de uma família inteira. Isso não faria o menor sentido.

O fato é que já passou da hora de termos essa filosofia definida. O tempo urge e joga no sentido contrário. Como venho apregoando por aqui há muito tempo, 2018 já acabou. Mas temos totais condições de começarmos a planejar o futuro do Flamengo para já iniciarmos a pré-temporada com a filosofia definida, fazendo com que seja colocada em prática a partir de 1º de janeiro de 2019.

Só assim para que realmente possamos começar a sonhar em ganhar algum título mais relevante, conseguirmos protagonizar nos certames e nos alavancarmos ao patamar de onde nunca deveríamos ter saído que é o topo da cadeia alimentar do futebol. A hora é agora! Que Zico nos abençoe a todos. Vai pra cima deles Mengo!!!

O Flamengo simplesmente é!

Saudações rubro-negras a todos!

Fabio Monken

Twitter: @fabio_monken

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Fonte: https://colunadoflamengo.com/2018/11/fabio-monken-eles-nao-sabem-nada-de-futebol/

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