Fábio Monken: Pelo expurgo aos diletantes!

Salve, Salve, Nação Mais Linda do Mundo!

Antes de tudo peço-lhes muita paciência com esse que vos escreve. Este texto é um pouco mais longo e muito mais filosófico do que de costumeiramente o é. Vamos a ele, o famigerado texto, rsrs…

O título da coluna pode não ter sido muito claro à maioria que nos brindam com a leitura, mas o recado à diretoria é determinante e direto: simplesmente não há mais espaço para qualquer arremedo de amadorismo no Clube de Regatas do Flamengo. A era das invencionices, das oportunidades de mercado, do nepotismo e das vaidades pessoais deve ser banida, aliás já deveria ter acabado há tempos.

Recapitulando a história recente do Flamengo, mais precisamente no começo da era Blue, começamos a profissionalização, de fato, em todos os departamentos do clube. Nos idos de 2013 foi realizada uma abrangente reformulação na estrutura organizacional do Flamengo intrinsecamente como clube, onde instituiu-se a premissa de que menos é mais e instaurou-se uma dissecação absoluta dos meandros e recônditos negros encarnados. Achei essa escolha de rumos brilhante!

Todas as pastas e vice-presidências foram reorganizadas. A camaradagem e o nepotismo começaram a ser varridos, literalmente, dos recintos da Gávea. Não havia mais espaço para empregar pessoas simplesmente porque eram amigas do amigo de alguém. Isso começou a cessar quando a gestão contratou uma auditoria externa, onde foram analisados os números de todos os gêneros flamengos.

A excelência dessa auditagem foi preponderante para a recuperação da saúde financeira e, principalmente, organizacional do Mengão. O organograma foi revisto, houve um enxugamento das pastas a fim de sanear as diversas contas que iam aparecendo na medida em que se vasculhavam os porões da Gávea, onde literais buracos negros eram descobertos a cada chafurdada na lama negra e rubra.

Mas houve também um revés em relação à torcida pois iniciar-se-ia, ali, a era dos times medianos. Isso coincidiu com o exato momento em que os boletos começaram a ser pagos, numa relação de causa e efeito. Mesmo assim, a Magnética apoiou a iniciativa com paciência de Jó, afinal de contas teríamos nossa imagem de maus pagadores varrida da boca do arco-íris.

Caminhando nesse prisma, nossa saúde financeira começou a dar sinais de convalescença. Todas as vice-presidências passaram a ter executivos, remunerados e reconhecidamente competentes em suas respectivas áreas de atuação.

Os processos trabalhistas minguaram, as penhoras foram acabando, o Refis foi equacionado, as redes sociais explodiram, o programa de sócio torcedor foi estabelecido e consolidado, os patrocínios jorraram aos borbotões e o Mais Querido começou a despontar novamente como um gigante adormecido no cenário futebolístico nacional.

Tudo parecia perfeito, menos o futebol. A era Bandeira foi de excelência na parte administrativa, em contrapartida verificou-se o início da penosa era Banana dentro das quatro linhas. A independência existente no setor administrativo não foi percebida no departamento mais importante do clube, o trem pagador do Clube de Regatas do Flamengo, o futebol.

Na ocasião das denúncias na vida privada de Godinho e seu posterior afastamento compulsório, Bandeira de Melo abraçou o setor, inciando o pior momento do futebol do Mengão nos últimos seis anos, mesmo com jogadores cada vez mais qualificados.

Suas patacoadas e arroubos contra torcedores, os pseudoflamengusitas, seu paternalismo pródigo e contumaz escancarou-se e foi autopropalado aos quatro cantos sem qualquer pudor. Colocou debaixo de suas asas seus “preferidos” protegidos e blindou treinadores pouco capazes, escolhidos para servirem de meros primeiros-ministros, chancelando suas decisões hepáticas.

Aliás, na minha humilde opinião, nos seis anos de gestão Blue tivemos apenas um treinador na mais perfeita acepção da palavra: o mestre Rueda. O grande problema é que ele teve uma falha de caráter inescusável no episódio de seu desligamento, em plena pré-temporada, com consequente montagem de elenco. Acabaríamos perdendo tempo novamente.

Por essas e outras é que a turma se revoltou com a gestão Bandeira. Então, a maioria do eleitorado juntou forças e abraçou parte do grupo Azul original (ou quase) para retomar o poder e levar o Flamengo de volta aos trilhos no tocante ao futebol (pelo menos é o que eles bradavam).

Ledo engano, meus amigos leitores. O que estamos vendo, em apenas quatro meses da nova gestão, é uma bagunça generalizada. Destaco a cessão de cargos e ocupação de posições importantes a pessoas pouco qualificadas como um retrocesso sem precedentes. Esses cidadãos os ocupam apenas por serem parte integrante da panela. Isso é inadmissível e deveras vexatório.

Existem setores que foram literalmente implodidos, mesmo com o discurso proferido em campanha de não haveria mudança no que estava a contento e que apenas o futebol sofreria drásticas mudanças. Não foi o que aconteceu. Reparem! Não estou aqui fazendo campanha política, mesmo porque sou mero sócio torcedor, mas a sensação de meia-traição, pelo menos de minha parte, é enorme. Esse sentimento é também frustrante pelos nomes escolhidos para integrarem o departamento de futebol.

Quando pensávamos que fossemos ter, pela primeira vez, um técnico com “T” maiúsculo, os caras nos apresentam o Abel. Isso cai como um balde de água fria! O elenco vem sendo qualificado, pontualmente, e isso é excelente. Mas, invés de contratarmos um profissional de visão moderna, alinhado aos treinamentos e conceitos mais atuais do futebol mundial, fomos buscar inovação num dinossauro com convicções equivocadas e ideias retrógradas que não é sequer capaz de fazer o time render trinta por cento do que é capaz.

Digo isso de forma natural, plenamente ciente de minha afirmação. Tenho absoluta consciência de que a maneira do Flamengo jogar estava tão arraigada na equipe, com posse de bola, marcação alta e agressividade no ataque, que Abelão não conseguiu implantar a nova velha tática de time reativo que impera no futebol brasilis. Digo mais, a mínima arrumação tática da equipe deve-se, única e exclusivamente, à capacidade dos próprios jogadores ajustarem suas posições dentro de campo, conforme suas atuações se sucedem. Abel é um mero escalador de time.

Dito isso, acerca desses novos nomes especulados para integrarem o elenco, continuando com a competente qualificação pontual, considero esse como um ótimo acerto dessa diretoria. Se os jogadores mencionados vierem a ser contratados daremos um gigantesco salto de qualidade. Sabemos ainda da carência em algumas posições e esses nomes ventilados nos animam, fazendo com que sonhemos com dias cada vez melhores no futebol do Mengo.

O caminho é esse! Não há espaço para diletantes nessa jornada evolutiva. O foco é total. Como eu costumo mencionar em minhas colunas, o sarrafo subiu, e a cada subida desse sarrafo o espaço para erros fica exponencialmente menor. Vamos com tudo! Exaltemos efusivamente as conquistas, mas é preciso estarmos atentos ao dever de sempre apontarmos os erros indicando as soluções. Isso é querer o melhor pro Mengão! Isso é primar pelo profissionalismo! Mas ainda falta um técnico! Vou bradar até cansarem! Vai pra cima deles Mengo!!!

O Flamengo Simplesmente é!

Saudações Rubro Negras a todos!!!

Fabio Monken

Twitter: @fabio_monken

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Fonte: https://colunadoflamengo.com/2019/04/fabio-monken-pelo-expurgo-aos-diletantes/

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