Falta casca – Por Marcus Souza

Falta casca
Por Marcus Souza

 

O time de Rogério Ceni está longe de ser um dos mais mal treinados, prova disso é o volume de jogo que os atletas apresentam durante o primeiro tempo de todas as partidas. Há o que salvar de seu trabalho, mas a cada jogo que passa fica mais evidente que falta algo.

Em outra oportunidade tivemos Maurício Barbiere, um treinador promissor que revelou bons atletas nas divisões de base do clube. Na época, Barbiere se destacava entre alguns treinadores de nosso futebol, mas aos poucos, foi se tornando previsível e fraco para estar a frente do Flamengo. Faltava casca.

Hoje, Barbiere treina o líder do campeonato, invicto e com seis vitórias em nove rodadas, prova que seu bom momento no início de carreira não foi um lampejo, ele tinha para onde evoluir, e evoluiu. Com isso não quero dizer que ele seja o nome para assumir o Flamengo.

 

Mas quero mostrar que vejo uma semelhança com Rogério Ceni, os primeiros tempos são a prova de que ele entende o mínimo para ser um ótimo treinador um dia, mas a sua casca ainda não veio. Com um trabalho ruim no São Paulo, um razoável no Fortaleza e um péssimo no Cruzeiro, Rogério trilhou seu caminho até chamar a atenção do Mais Querido. Nunca se tratou do nome ideal para o Flamengo, mas sim da tentativa mais promissora diante do fracasso com o treinador anterior.

 

Ceni vive no Flamengo seu melhor momento na carreira. Em menos de um ano, conquistou quatro taças, levou o time às oitavas da Copa do Brasil e da Libertadores, se candidata a favorito em todas as competições que disputa. Então o que falta?
Sabe a casca que eu mencionei no início?

Um treinador mais experiente sabe se comunicar com os jogadores, trás eles para o seu lado, une a equipe. Mas a cada substituição feita, vemos o contrário. É um Gabigol que chuta o copo, um Pedro que atira caneleiras no banco, um Vitinho que ignora o substituto na saída de campo. Quando vemos essas coisas acontecerem e, na sequência, o treinador dizer aos repórteres que se trata de infantilidade, percebemos que ele não tem o time na mão e nem jogo de cintura para contornar as situações.

 

Imagine você ou um colega de trabalho insatisfeito com o próprio desempenho, por consequência a perda de sua função para outro, logo depois, seu chefe faz uma reunião tratando seu mal momento e insatisfação como infantilidade, desnecessária (por mais que esteja correta a análise), como você se sentiria? Disposto a seguir os conselhos de seu chefe para evoluir ou ainda mais insatisfeito pela exposição?

E se o seu substituto for ainda menos qualificado para função que você, mas seu chefe realizou a troca ainda assim, agora melhorou?

 

Os atletas não estão bem, talvez fisicamente ou psicologicamente e independente do elenco não poder contar com seus maiores astros, cabe ao treinador recuperar aqueles que estão à sua disposição e não desempenham um bom papel. Pedro e Bruno Henrique não esqueceram como se joga, mas jogaram mal.

 

Os apagões no segundo tempo já nos custaram seis pontos e simplesmente não parecemos ter uma luz no fim do túnel que não volte a apagar. Rogério não é o nome para o momento do Flamengo, precisa amadurecer como treinador, mas a realidade é que o nome ideal não existe. Qualquer troca seria uma aposta no escuro.

Para nossa sorte, essa é a realidade de praticamente todos nossos adversários. Para o nosso azar, a única solução que nós temos, ainda não é uma realidade, mas certamente esse gélido Brasileirão pegaria fogo com a inflamada Nação carregando o apático Flamengo dos segundos tempos ao Tri.

Nos resta esperar, por uma evolução, uma organização para pegarmos todos, e pela vacina, para que nossas vidas se normalizem e voltemos a ser felizes nos aglomerando e cantando nosso amor em plenos pulmões por onde quer que o Flamengo jogue.

 

Se cuidem, se vacinem. Saudações Rubro Negras.

Fonte: https://colunadofla.com/2021/07/falta-casca-por-marcus-souza/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=falta-casca-por-marcus-souza