O Flamengo colocou em prática um sistema de treinamento em home office para seus jogadores durante a paralisação do futebol, em meio à pandemia do novo coronavírus. Sem saber quando a bola vai voltar a rolar, o clube adotou um programa de manutenção da forma física dos atletas em casa, e deixou outro plano de treinos arquitetado para ser implementado quando houver uma data de retorno no horizonte.

Embora haja particularidades entre clubes da Série A, o modelo adotado pela equipe carioca é interessante para exemplificar as soluções encontradas para que jogadores não fiquem parados durante a quarentena. Os profissionais do Centro de Excelência em Performance se reuniram através de teleconferência para elaborar planilhas de treino que foram inseridas em um aplicativo para uso dos atletas. Para o esquema funcionar, e preciso que haja engajamento do elenco.

O Flamengo ganhou grande atenção na crise sanitária depois que o vice-presidente Maurício Gomes de Mattos foi testado positivo para a doença, e ainda mais quando o técnico Jorge Jesus precisou de duas contraprovas para descartá-la. O Grêmio e o Internacional, por sua vez, tiveram seus presidentes contaminados, Romildo Bolzan e Marcelo , respectivamente, e adotaram medidas semelhantes.

O home office dos jogadores rubro-negros foi um pedido deles mesmos. Liberados das atividades por uma semana inicialmente, alguns começaram a requisitar trabalhos complementares. Foi aí que o Flamengo mapeou o que cada atleta tinha em sua casa à disposição, e decidiu desmontar a academia de seu Centro de Treiinamento e distribuir equipamentos para os lares dos jogadores. Sobretudo com a iminência de férias coletivas.

O primeiro passo foi entender quem ficaria no Rio e quem viajaria para cidade natal com a família. Arrascaeta, por exemplo, seguiu para o Uruguai. Quem tinha boa estrutura de academia em casa ou na cidade para onde ia, não precisou de material, casos de Filipe Luis, Gabigol, Diego Ribas e Diego Alves.

Quem chegou a pouco tempo no Rio ou não tinha tanta estrutura entrou na lista e passou a receber o necessário para trabalhos de musculação, como Bruno Henrique, Willian Arão e Léo Pereira. Para os que ficaram na cidade, o Flamengo manteve de plantão um time de preparadores, fisiologistas e fisioterapeutas. Mas os jogadores não estão impedidos de acionarem profissionais particulares.

Eles foram apenas orientados a executar os programas de treinos do clube e preencher os dados referentes às atividaes em um aplicativo administrado pelo chefe da preparação física, Marcio Sampaio, da comissão técnica de Jorge Jesus. Os preparadores Mario Monteiro e Roberto Oliveira ficam à disposição para auxiliar remotamente. Não há obrigatoriedade em realizar as tarefas todos os dias durante a paralisação. A troca de ideias e feedback com os profissionais ocorre de forma tranquila, supervisionada pelo medico Márcio Tannure.

– Passamos muitos exercícios funcionais. A gente criou mini kits com exercícios parecidos com os que eles já fazem no Ninho do Urubu – explicou Tannure.

Mas já há relatos de jogadores mais ociosos pegando pesado nos treinos. Um deles é Gerson, que foi dos primeiros a solicitar equipamentos para sua casa no Rio. O Flamengo também os enviou para Pedro Rocha, Pedro, Thiago Maia e os goleiros Cesar, Gabriel Baptista e Hugo Souza. O zagueiro Gustavo Henrique foi para Santos e também não recebeu nada do clube por enquanto, já que também tem estrutura.

À extrensa lista de material enviada ainda se soma um programa de treino aeróbico, que prevê corrida em esteira e o chaado treino de “core”, funcional. A comissão técnica averiguou com os jogadores que quadras e campos de condomínios possuem restrição de utilização e por isso havera certa perda. No entanto, além dos treinos de musculaçao há também programas de mobilidade, elasticidade, de tudo um pouco do que é feito no Ninho do Urubu com mais detalhes.

O Centro de Treinamento, aliás, é parte de um clube que não pode ficar sem manutenção nenhuma. No caso do Flamengo, gramado, hidráulica, elétrica, segurança, entre outros serviços essenciais seguem funcionam com quadro reduzido. Com a aprovação das ferias coletivas, os funcionários do Flamengo também vão ser dispensados e haverá revezamento para tomar conta de alguns processos. Nas demais áreas do Flamengo, como marketing, finanças e jurídico, o funcionamento se dá por home office através de reuniões por aplicativos e contatos por telefone.

Inter e Grêmio adotam restrições

Além do Flamengo, o modelo home office foi adotado pelo Internacional de forma sistêmica. A ára de segurança é exceção. Nesta, porém, há cuidados higiene para evitar a contaminação e disseminação do COVID-19. Os colaboradores precisam obrigatoriamente usar luvas, máscaras, evitar aproximação de menos de dois metros, além de higienizar o local de trabalho, roupas e calçados com álcool em spray ao chegar e sair. Além disso, todos os atendimentos ao público foram suspensos por tempo indeterminado. Ouvidoria e Central de Atendimento ao Sócio atendem por meios digitais.

O marketing e a mídia do Internacional estão trabalhando com o departamento de futebol conteúdos especiais para os torcedores neste período sem jogos. O clube tem procurado levar atividades ao torcedor que ajudem a enfrentar este momento de isolamento social, como pinturas de caricaturas de jogadores, quiz, lista de jogos históricos, etc. Parceiros e patrocinadores ganharam espaço especial nas redes sociais do clube com informações sobre momento atual.

No futebol, o Inter também determinou a suspensão das atividades por tempo indeterminado. Atletas, comissão técnica e demais integrantes do departamento receberam cartilha com orientações para se precaver do Covid-19. Os profissionais da área da preparação física e saúde seguem em contato permanente com os atletas para orientação e supervisão.

O clube acompanha atletas em treinos em suas casas. Os mesmos jogadores também estão participando do processo de conscientização da população sobre os cuidados necessários com o coronavírus. Os profissionais do departamento médico monitoram atletas e seus familiares à distância e ficam disponíveis para atendimentos no clube, em hospitais ou em consultórios em caso de algum caso suspeito. Todos profissionais estão orientados a notificarem o departamento médico se apresentarem algum sintoma.

No Grêmio, há orientação do preparador físico Márcio Meira para os atletas realizeram atividades físicas em casa, tais como trabalho funcional, alongamentos, abdominais, musculação e exercícios sem grandes esforços. No clube, além do presidente, o clube teve mais três casos de contaminação entre dirigentes.