Empatados no topo da tabela, com 34 pontos, Flamengo e Internacional decidem neste domingo, a partir das 18h15, no Beira-Rio, quem ocupará a liderança isolada do Brasileiro a uma rodada do fim do primeiro turno. Os dois clubes foram os que conseguiram lidar melhor com as dificuldades impostas pela pandemia. E colhem os frutos em campo, mesmo sem o apoio de suas apaixonadas torcidas nos estádios e as receitas esperadas para 2020.

As campanhas até aqui são idênticas — 10 vitórias, quatro empates e três derrotas de cada lado. A diferença é que o Flamengo tem um ataque mais poderoso que o do Inter, com 30 gols contra 28. Enquanto os gaúchos possuem uma defesa mais sólida, com 13 gols sofridos, seis a menos que o Rubro-negro, que não vence em Porto Alegre desde 2015. Em 2020, o Flamengo tem os números de melhor visitante, com 19 pontos ganhos em nove partidas (70%). Do outro lado, o Inter prevalece como segundo melhor mandante, com 20 pontos em oito jogos (83%).

Fora de campo, o projeto de futebol de Flamengo e Inter tem respaldo de suas diretorias. Ambas apostaram em treinadores estrangeiros desde o começo da temporada, e deram tempo ao trabalho do espanhol Domènec Torrent e do argentino Eduardo Coudet, respectivamente. Apesar da paciência, há grande diferença na capacidade de investimento.

Soccer Football – Brasileiro Championship – Internacional v Vasco da Gama – Beira Rio Stadium, Porto Alegre, Brazil – October 18, 2020 Internacional coach Eduardo Coudet during the match REUTERS/Diego Vara Foto: DIEGO VARA / REUTERS

Pé no freio nas contratações

Os dois clubes frearam os gastos e o ritmo de utilização de jogadores diante de um novo calendário após a paralisação. A realidade de 2019, em que Flamengo e Inter ocuparam a primeira e a terceira posição em valor de receita, passou. Os cariocas alcançaram R$ 950 milhões, com R$ 337 milhões em venda de atletas, destaque para de Reinier ao Real Madrid por R$ 135 milhões. Enquanto os gaúchos passaram de R$ 440 milhões, com R$ 140 milhões no total em vendas como as de Nico Lopez ao Tigres-MEX.

Em 2020, a expectativa dos dois lados é por um décifit de R$ 100 milhões, no mínimo, por conta da pandemia. O que deixa o Inter em situação delicada mesmo após negociar Bruno Fuchs por R$ 60 milhões ao CSKA-RUS, em agosto. Contratado até o fim de 2021, Coudet precisou se adaptar à nova realidade. E Dome não foi diferente. Embora o Flamengo já tivesse o time montado.

Além da compra de Gabigol, Léo Pereira e Michael em janeiro, o clube trouxe por empréstimo Pedro, Thiago Maia e Pedro Rocha. Depois do surto de Covid-19, ainda surgiram jóias da base, como o goleiro Hugo Souza e o zagueiro Natan. No segundo semestre, só o chileno Isla chegou, sem custos, para repor a saída de Rafinha. Mas o Flamengo não investiu nem perto dos R$ 209 milhões de 2019. Foram “apenas” R$ 62,1 milhões.

Por sua vez, o Inter gastou cerca de R$ 15 milhões para se reforçar, e tem folha salarial de R$ 7,5 milhões, menos de um terço da do Flamengo, que passa de R$ 20 milhões. Sem poder antecipar receitas em ano eleitoral, o Inter teme atrasos salariais. Por isso, formou uma equipe baseada em jovens e atletas vindo por empréstimo.

Antes de trazer o uruguaio Abel Hernandez e Yuri Alberto, jovem ex-Santos, para reposição de Guerrero, que passou por cirurgia no joelho e retorna em 2021, o Colorado contratou Thiago Galhardo e Gabriel Boschillia, este com lesão muscular. Vieram ainda Moisés, Saravia, Musto e Gustagol, atacante também negociado.

Rodízio e logística evitam mais lesões

Para o jogo deste domingo, Coudet terá que recorrer à base, com a entrada de Heitor na lateral direita, uma vez que Rodinei foi emprestado pelo Flamengo. Zé Gabriel, outro jovem, substituirá Cuesta, suspenso.

No Flamengo, Dome não terá Bruno Henrique, também suspenso, e Rodrigo Caio, Diego e Arrascaeta, lesionados. O time vive uma maré de tranquilidade com o técnico, que conseguiu implementar suas ideias e utilizar não só todo o elenco, como recuperar atletas e dar chance para a base no rodízio.

Aliado à melhora de rendimento dos jogadores está o trabalho de controle de carga feito pelos profissionais do clube, no intuito de evitar lesões. Outro fator é a logística facilitada pelo uso de voos fretados fora do Rio. O Internacional adota a mesma estratégia, apesar das limitações .