O Flamengo entra em uma semana decisiva: além da preparação intensa para o Flamengo x Palmeiras, o clube está no centro de um atrito judicial que resultou numa liminar sobre R$77 milhões destinados ao bloco Libra — tema que vem esquentando os bastidores do futebol brasileiro.
Bastidores e acusações de Alberto Guerra
A liminar que suspendeu a distribuição de R$77 milhões — montante que seria repassado pela TV ao bloco Libra — foi obtida após pedido do Flamengo, em razão da falta de consenso sobre o rateio dos 30% de audiência do contrato de transmissão. A medida ganhou contornos políticos e gerou críticas públicas de dirigentes de outros clubes.
Alberto Guerra, presidente do Grêmio, não poupou o Rubro‑Negro nas declarações e acusou o Flamengo de praticar uma ação que poderia “asfixiar” financeiramente agremiações menores. O dirigente gaúcho também avaliou que o atual presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, estaria usando a questão como resposta a discursos de campanha.
“Acho que sim [é egoísta]. Para alguns clubes, a receita do Brasileirão representa 50% da receita anual. No caso do Grêmio, chega perto dos 30%. Para alguns clubes, é asfixia. Temos clubes menores que dependem muito dessa receita. Então, por isso também, que essa é uma medida, sim, egoísta”
“Mas eu também acho que ele [Bap] está dando uma resposta para seus eleitores, porque durante toda a campanha ele disse que era um contrato mal negociado. Talvez esteja dando uma satisfação para o seu eleitorado. Mas, para isso, [está] fazendo com o dinheiro de todos nós, né? Estamos pagando essa conta também”
Enquanto a Libra afirma que Rodolfo Landim, ex‑presidente do Flamengo, teria concordado com um acordo, não foi apresentado até o momento um documento assinado que comprove essa versão. Assim, a disputa jurídica permanece aberta e o Flamengo segue no centro do debate sobre governança e receitas do futebol.
Treinos no Ninho do Urubu e foco total no clássico
No aspecto esportivo, o Flamengo já iniciou a preparação para o clássico com o Palmeiras, agendado para domingo (19), às 16h, no Maracanã. Após a vitória por 3 a 0 sobre o Botafogo na quarta-feira (15), o elenco não teve folga e seguiu a rotina de três treinos para ajustar o time que entrará em campo.
As atividades no CT Ninho do Urubu foram programadas nos dias que antecedem a partida: quinta‑feira (16/10/2025) com ênfase em recuperação física e ajustes táticos; sexta‑feira (17) pela manhã com trabalho técnico; e sábado (18) em sessão matinal final, quando Filipe Luís deve comandar a última atividade e encaminhar a escalação titular.
A comissão técnica tem priorizado a recuperação dos atletas e a montagem de um esquema competitivo para o chamado jogo de seis pontos. Na tabela do Brasileirão, o Flamengo ocupa a segunda posição, com 58 pontos, três a menos que o líder Palmeiras, que tem 61.
Impactos esportivos e financeiros
O cenário combina pressão esportiva com desgaste institucional. Dentro de campo, o desafio é reduzir a diferença para o líder; fora dele, a diretoria precisa gerir as implicações financeiras da disputa com a Libra, que podem repercutir nas receitas do clube e nas negociações futuras.
Para o torcedor rubro‑negro, a expectativa é ver o time focado no Maracanã e blindado de turbulências externas. A diretoria e a comissão técnica procuram manter o vestiário protegido para que o foco permaneça nas decisões do gramado, mesmo com as atenções voltadas ao imbróglio jurídico sobre direitos de TV.
Em suma, o Flamengo entra na reta final do Brasileirão com dois fronts abertos: um dentro de campo, pela busca do título; e outro fora, pela resolução de um conflito que envolve receita, governança e o futuro do modelo de transmissão no futebol nacional.