O Flamengo venceu o Racing por 1 a 0 no Maracanã na partida de ida da semifinal da Copa Libertadores e retorna à preparação com vantagem curta, mas importante. A noite teve duelo físico, defesas fundamentais, preocupações médicas e falas que deixam claro: a decisão segue aberta e a viagem a Avellaneda promete ser dura.
Resumo do jogo e clima geral
O confronto foi marcado por intensidade, muita disputa pelo segundo lance e poucas oportunidades de gol. O Racing apostou em ligações diretas e transições rápidas para tentar encurtar o campo, enquanto o Flamengo buscou controlar a posse e criar espaços com movimentações pelos lados.
O equilíbrio tático e o caráter físico do duelo fizeram com que o resultado fosse definido apenas nos minutos finais, num lance de persistência rubro-negra. A torcida no Maracanã pressionou e viveu momentos de tensão até o apito final.
Danilo: postura defensiva e alerta para a volta
Com Léo Ortiz fora do time, Danilo começou como titular e esteve envolvido diretamente na contenção das jogadas de profundidade do Racing. Sua atuação foi elogiada internamente e ele destacou a necessidade de atenção constante durante toda a partida.
— É um jogo que você não pode facilitar um minuto. A gente tinha o controle do jogo a maioria das vezes, mas qualquer erro de passe, eles tentavam uma ligação direta. Então, a gente precisava estar sempre muito atento e vencer os duelos —, disse Danilo.
Além da leitura do jogo, Danilo deixou claro que a equipe sabe que a semifinal não está decidida e que a partida em Avellaneda será mais complicada.
— Copa Libertadores é isso, cada um vença os seus duelos. A gente está muito mais perto da vitória (fazendo isso). Mas como eu falei, sabendo que lá vai ser uma guerra. A gente fez o primeiro passo, era importante vencer hoje e agora recuperar forças —, acrescentou.
O lance que definiu: insistência, chance perdida e Carrascal
O gol do Flamengo saiu já nos minutos finais. A jogada tinha o componente da insistência ofensiva: Bruno Henrique recebeu em boa posição, mas desperdiçou a chance cara a cara com o goleiro adversário. No rebote, Jorge Carrascal apareceu e empurrou a bola para as redes, garantindo o triunfo.
Algumas coberturas também apontaram que a finalização contou com um desvio antes de entrar, mas o fato central é que a pressão rubro-negra foi recompensada no momento decisivo do jogo.
Rossi: defesa que manteve o zero e calma durante o jogo
Quando a bola realmente ameaçou as redes do Flamengo, Agustín Rossi apareceu. O goleiro fez uma intervenção importante no primeiro tempo, numa sequência de escanteio e bate-rebate em que mostrou reflexo e posicionamento.
— É parte do meu trabalho. Sempre se fala que o goleiro do Flamengo trabalha pouco, mas quando a bola chega, preciso responder. Consegui defender no primeiro tempo, acho que não teve nenhuma outra. Houve um bate-rebate ali na área, mas foi isso -, destacou Rossi à beira do gramado.
Rossi também ressaltou a importância de manter a concentração durante 90 minutos, diante de um Racing que explora bastante a segunda bola e a profundidade.
— É muito importante para mim manter a concentração o jogo todo, porque o Racing é um time que joga muito na segunda bola, bola na área, em profundidade. Se eu me desconcentrar, posso prejudicar todo mundo. Para mim, o mais importante hoje foi ter conseguido fazer aquela defesa no primeiro tempo -, destacou Rossi.
Filipe Luís avalia a vantagem: “simbólica”
Na coletiva após o jogo, Filipe Luís valorizou a vitória diante de um rival qualificado, mas tratou a vantagem em Avellaneda com cautela. Para o treinador, não se pode dar como certa a classificação apenas pelo placar da ida.
“A vantagem é simbólica. Ela existe, claro, mas é simbólica. Eu não conto com ela. Vamos da mesma forma, tenta vencer. Assim como foi contra o Internacional, contra o Estudiantes e agora será contra o Racing”
O técnico ressaltou que a postura para o jogo de volta será ofensiva na busca por um resultado que garanta a vaga, mas sem abrir mão da organização defensiva que foi determinante no Maracanã.
Arbitragem no Maracanã e recado para a volta
O árbitro Jesús Valenzuela anulou dois gols durante a partida — um para cada lado — e manteve um critério relativamente uniforme, sem grandes polêmicas que interferissem no desfecho. Ainda assim, a arbitragem em jogos decisivos é sempre tema sensível.
Filipe Luís comentou sobre a atuação do juiz e pediu que a partida de volta seja conduzida com serenidade, para que os jogadores continuem sendo os protagonistas.
— O jogo do Estudiantes (ARG), na volta, foi uma arbitragem muito boa. Hoje (quarta), também. O que eu sinto é que o árbitro entra com a pressão do jogo e não do ambiente externo. Isso faz com que ele apite de forma serena, mesmo sendo um jogo muito tenso —, disse Filipe Luís.
— (O juiz de hoje) tomou boas decisões. Realmente esperamos que o árbitro do próximo jogo esteja no mesmo nível de serenidade, que não seja protagonista. O futebol ganha, os jogadores são os protagonistas —, acrescentou o técnico do Flamengo.
Gustavo Costas: a resposta argentina e o discurso de confiança
Do lado do Racing, o técnico Gustavo Costas não se deixou abater pelo resultado no Maracanã. Em coletiva, o treinador manteve tom combativo e deixou claro que acredita na reviravolta em Avellaneda.
“Estamos mais vivos do que nunca, vamos a Lima”
Costas elogiou a qualidade do elenco do Flamengo e usou esse reconhecimento para valorizar o desempenho da sua equipe fora de casa, afirmando que a diferença financeira não diminuiu o orgulho pelo trabalho apresentado.
“Vamos enfrentar uma equipe que é uma seleção. É o melhor time da América do Sul, compete com os europeus. Sabemos que são mais do que nós [tecnicamente]”
“A torcida tem que estar orgulhosa deste plantel, porque viemos aqui e jogamos de igual para igual, mesmo eles tendo mais dinheiro e poder”
“Isto segue aberto. Temos que estar mais juntos do que nunca. Em casa, vamos jogar pelo nosso sonho. Faltam 90, 95 minutos. Vamos competir com o coração e a alma, e com toda a nossa gente. Como seja, temos que chegar a Lima”
Lesões, sustos e cuidados médicos
O jogo deixou algumas preocupações físicas. Pelo Flamengo, Pedro reclamou de dores na mão durante a partida e acabou sendo substituído; Filipe Luís confirmou que o atacante foi ao hospital para exames, o que aumenta a atenção da comissão técnica sobre a sua condição.
— O Pedro levou um chute no braço dele e agora que [ele] foi fazer exame no hospital, provavelmente [o que preocupa] é o alcance dessa lesão, de ser um jogador que usa muito o braço para se proteger. Ele estava muito incomodado com isso –
No lado do Racing, o capitão Sosa protagonizou uma cena forte ao final do jogo: após choque com um companheiro, saiu com o rosto bastante machucado, olho inchado e sinais de sangramento no nariz, mas permaneceu até o fim da partida depois de atendimento.
Bruno Henrique: posicionamento e pedido a Filipe Luís
Depois da partida, Bruno Henrique surpreendeu ao revelar que pediu ao treinador para não atuar mais como falso 9. O atacante reforçou que sua posição natural é outra e que está à disposição do grupo, mas que prefere jogar em função que lhe permita ser mais efetivo.
“Não é a minha posição, todo mundo sabe. Deixei claro para o Filipe que quero ajudar o grupo, mas em outra posição, que não seja a de camisa 9. Temos o melhor atacante do Brasil ali, atacante de Seleção Brasileira. O Pedro está super bem, é o momento do Pedro. Desde o primeiro dia em que o Filipe conversou comigo, falei que estava ali para ajudar. Se eu jogar ou não, entendo o que ele quer fazer”
A fala ajuda a explicar decisões de escalação recentes e a preferência por ter Pedro como referência no ataque, quando disponível e em boas condições físicas.
Como fica a série e os cenários para a volta
Com o 1 a 0 conquistado no Maracanã, o Flamengo tem a vantagem do empate em Avellaneda para garantir vaga na final. Um empate classifica diretamente o Rubro-Negro; uma derrota por um gol leva a decisão para os pênaltis.
Já uma derrota por dois ou mais gols eliminaria o Flamengo. Assim, a equipe precisa gerir o esforço físico e manter foco defensivo, sem perder a capacidade de criar oportunidades quando possível.
Leitura tática para o jogo de volta
Na Argentina, espera-se um jogo mais fechado e ainda mais físico, com o Racing pressionando pela virada e o Flamengo chamado a controlar os espaços e evitar as transições rápidas que costumam ser arma dos argentinos.
Manter a organização defensiva nas segundas bolas e explorar as costas da defesa adversária em saídas rápidas podem ser caminhos para o Flamengo segurar a vantagem sem se expor em demasia.
Gestão de elenco e o calendário apertado
Antes da viagem a Avellaneda, o Flamengo tem compromisso pelo Brasileirão, o que obriga a comissão técnica a um trabalho minucioso de rodízio e recuperação. Filipe Luís terá decisões importantes sobre quem levará para a Argentina e como trabalhar a parte física do grupo.
O foco agora é recuperar atletas com desgaste, avaliar o resultado dos exames de Pedro e ajustar detalhes táticos que podem fazer diferença num ambiente hostil como o El Cilindro.
Clima entre a torcida e expectativas
A vitória no Maracanã elevou o moral da Nação, mas também deixou claro que nada está decidido. A torcida espera que o elenco mantenha concentração e não se acomode com a vantagem simbólica.
Em Avellaneda, o ambiente será de máxima pressão e o Flamengo precisa preparar os jogadores para lidar com a intensidade do público e o estilo de jogo do adversário.
Conclusão: vantagem conquistada, batalha ainda por vir
O triunfo por 1 a 0 dá ao Flamengo um passo importante rumo à final, mas todos os sinais — dentro e fora de campo — apontam que a disputa segue em aberto. Há trabalho a fazer em termos de recuperação física, ajustes táticos e cuidado com lesões.
Na próxima semana a equipe terá o desafio de manter o equilíbrio entre competição nacional e continental, e provar que consegue lidar com pressão fora de casa para confirmar o favoritismo que o elenco e a torcida acreditam ter.