Fluminense atropela o Flamengo na Arena Pantanal pelo Carioca

Pode-se atribuir diversas dimensões a um clássico. Quando ele é válido pelo
Campeonato Estadual, a importância dada por cada clube parece estar atrelada ao
que se vive, na verdade, fora dele. Por isso, o Fluminense entrou em campo, na
Arena Pantanal, com força máxima. Já o Flamengo, de olho no confronto com o
River Plate, pela Libertadores, na quarta-feira, poupou seus titulares neste sábado.
Definir prioridades é do jogo, assumir as suas consequências também.
Desfigurado, o rubro-negro foi facilmente goleado pelo rival, que aplicou um 4 a
0 sem dificuldades.

Bastou pouco mais de um minuto para que o torcedor tivesse uma prévia do que
viria pela frente: a precisão do ataque tricolor em sobreposição ao caos do
sistema defensivo rubro-negro. Rômulo, principalmente, e Léo Duarte falharam em
cortar o lançamento de Sornoza, que encontrou Marcos Júnior livre para abrir o
placar. Aos 17, foi a vez de Pedro aproveitar a bola que pingava na área após
escanteio para ampliar. E, antes do intervalo, Diego Alves deu rebote para
Gilberto fazer o terceiro.

Não foi imediato, como raramente o é, mas o Fluminense começa a responder à
insistência do técnico Abel Braga em um modelo de jogo hoje pouco praticado no
futebol brasileiro, estruturado a partir de três zagueiros, com transições
rápidas.

O rubro-negro, por sua vez, parece ter se esquecido das ideias que Paulo
César Carpegiani tenta implementar. Se costuma mandar a campo uma linha de
quatro meias (Diego, Everton Ribeiro, Paquetá e Everton) com forte aproximação
da área, o técnico decidiu, neste sábado, estruturar o seu setor meio-campo com Rômulo
e Ronaldo à frente de Cuéllar. O que se viu foi assustadora lentidão e o
desespero para lançar bolas a fim de que Vinicius Junior tentasse encontrar
uma luz no fim do túnel.

Na saída para o intervalo, Leo Duarte cobrou maior comprometimento na
marcação e uma postura diferente na segunda etapa. E Carpegiani até tentou, sem
muita criatividade, injetar novo ânimo, com Jean Lucas na vaga de Rômulo e
Geuvânio no lugar de Marlos Moreno. Mas o panorama não mudou. Aos 10, Gilberto
cruzou para Marcos Junior finalizar de cabeça e não deixar dúvidas: era
goleada.

Foi louvável a postura do time tricolor, que não se satisfez com o placar
construído facilmente e aproveitou para atropelar um adversário de tantas
fragilidades — uma boa maneira de encerrar um jejum incômodo. Desde junho de
2016, o Fluminense não vencia o Flamengo. Nesse período, foram nove encontros,
oito apenas na temporada passada. Apesar de ter conquistado a Taça Guanabara
graças a um empate, o Tricolor estava engasgado com o revés na decisão do
Carioca e com a eliminação na Sul-Americana.

E o estrago poderia ter sido maior, não fossem as intervenções de Diego
Alves. É verdade que o goleiro demonstrou certa falta de ritmo. Mas cresceu ao
longo dos 90 minutos e, aos 31 da etapa final, fez duas grandes defesas para
segurar o 4 a 0.

Pouco deverá mudar do ponto de vista do rubro-negro, que terá outras caras
diante do River. Já para o Tricolor, vale o alento: há onde se apegar para
acreditar em um ano mais feliz.

Fonte: https://oglobo.globo.com/esportes/fluminense-atropela-flamengo-na-arena-pantanal-pelo-carioca-22430499

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